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Fórum Mundial da Água: 1 em cada 6 cidades do Brasil corre risco hídrico

 

 

seca 5 NO PIAUIPelo menos 917 municípios brasileiros apresentam algum risco relacionado à seca e à falta d’água. O número corresponde a 16% do total de cidades do país, ou uma a cada seis. O dado foi apresentado nesta terça-feira (20), pelo ministro da Integração Nacional Helder Barbalho, no segundo dia do Fórum Mundial da Água, em Brasília.

 

“A escassez e a insegurança hídrica não se reportam mais somente ao Nordeste. É fundamental que as intervenções passem para um nível federal, de maneira estruturante para todas as regiões do Brasil.”

O levantamento se refere aos municípios que tiveram situação de emergência reconhecida pelo governo federal nos últimos 180 dias, até esta terça (20). Isso significa que essas prefeituras pediram ajuda à União para lidar com a estiagem – e que o número real pode ser maior, já que nem todos os gestores locais tomam essa atitude.

O número foi citado no painel “Crise Hídrica no Brasil”, que mostrou a representantes de mais de 170 países, as soluções inovadores aplicadas pelos governos do Distrito Federal e São Paulo no enfrentamento à crise hídrica.

Boas práticas


Príncipe herdeiro do Japão, acompanhado do governador Rollemberg do DF e do presidente da Adasa, visita exposição durante 8º Fórum Mundial da Água   (Foto: Andre Borges/Agencia Brasilia)

Príncipe herdeiro do Japão, acompanhado do governador Rollemberg do DF e do presidente da Adasa, visita exposição durante 8º Fórum Mundial da Água (Foto: Andre Borges/Agencia Brasilia)

Como exemplo de boas práticas na superação da crise, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), citou o programa Produtor de Água – que concede incentivos financeiros a produtores rurais -, a revitalização de canais do DF que “têm ajudado a aumentar o volume de água da bacia do Descoberto”, além de investimentos em obras de drenagem e saneamento.

Na mesa assistida pelo príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, Rollemberg afirmou que, apesar da crise financeira enfrentada pelo GDF, “o governo conseguiu liberar financiamento de R$ 20 milhões destinados ao saneamento, obras de tratamento de agua e infraestrutura urbana de drenagem pluvial”.

“Estamos numa situação muito melhor do que estávamos no mesmo período do ano passado. O volume do Descoberto é bastante superior à média histórica.”

A fala do governador se refere à crise hídrica enfrentada há pouco mais de um ano pelo Distrito Federal, considerada uma das piores da história desde a criação de Brasília, em 1960. Os moradores da capital enfrentam rodízio de água desde janeiro de 2017.


Gráfico que compara chuva, entrada de água no Descoberto e volume do reservatório (Foto: Reprodução)

Gráfico que compara chuva, entrada de água no Descoberto e volume do reservatório (Foto: Reprodução)

Na última medição, na segunda-feira (9), o reservatório do Descoberto atingiu 67,8% da capacidade; o de Santa Maria alcançou 46,5%. No pior momento, eles atingiram volume de 5,3% e 21,8%, respectivamente.

Ainda sobre à escassez de água, o representante do Buriti voltou a afirmar que o racionamento no DF pode chegar ao fim ainda neste ano. A previsão, segundo ele, poderá ser precisada a partir de “meados de maio”, quando chega ao fim o período de chuvas na região.

“Vai depender da estabilização das barragens do Descoberto e de Santa Maria. Tendo uma previsão mais próxima, poderemos vislumbrar, com segurança, uma data para saída do racionamento.”

Esta é, pelo menos, a terceira vez que o governador Rollemberg faz previsões sobre o fim do rodízio de água na capital do país.

Crise hídrica em São Paulo


Governador Geraldo Alckmin falou durante debate sobre crise hídrica, no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (Foto: Marília Marques/G1)

Governador Geraldo Alckmin falou durante debate sobre crise hídrica, no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (Foto: Marília Marques/G1)

No mesmo painel, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), falou como o estado superou a escassez de água em 2014. Há quatro anos, choveu na região metade do volume de chuvas que foi registrado em 1953. Até então, o ano era considerado o de maior seca do último século.

Na época, a Sabesp, companhia paulista de abastecimento, passou a puxar a água que ficava abaixo dos canos de captação, no chamado "volume morto", e reduziu a pressão nas bombas - o que fez com que partes da cidade ficassem desabastecidas. Também houve campanhas para a redução do consumo.

Em dezembro de 2015, com a volta das chuvas, o Cantareira saiu finalmente do "volume morto". O governo paulista atribuiu a crise à forte seca que atingiu a região, mas uma missão da ONU criticou as autoridades estaduais por "falta de investimentos e planejamento adequados".

Nos últimos anos, a situação das represas melhorou, mas especialistas afirmam que a possibilidade de uma nova crise segue presente.

Como medidas inovadoras para superação das dificuldades, Alckmin citou a redução da perda física de água, conseguida a partir de um financiamento ofertado pelo governo japonês. O valor foi aplicado na substituição da tubulação das cidades. “Com a mudança, SP está chegando ao nível europeu de perda d’água”, pontuou.

“É um grande desafio, e custa dinheiro. Nós ainda precisamos de financiamento e recurso para investir em saneamento básico: água tratada, esgotamento e coleta.”

Crise hídrica do estado de São Paulo em 2013 interrompeu o abastecimento de água  (Foto: EPTV/Reprodução)

Crise hídrica do estado de São Paulo em 2013 interrompeu o abastecimento de água (Foto: EPTV/Reprodução)

Fim da tributação

Sobre saneamento, Alckmin propôs o fim da tributação sobre a água e esgotamento sanitário. “Não tem sentido, governar é escolher”.

“A minha proposta é que não haja tributação sobre saneamento básico, para que esses recursos ajudassem no investimento de garantia da segurança hídrica e saneamento.”

Na segunda (19), primeiro dia do Fórum Mundial da Água, o presidente Michel Temer afirmou que o governo federal trabalha em um projeto de lei cujo objetivo é "modernizar" o marco regulatório do saneamento básico. O presidente não detalhou a proposta nem informou quando pretende enviá-la ao Congresso Nacional.

"Nossa atenção volta-se com muita naturalidade para o saneamento, em que tanto ainda resta por fazer. Nós estamos ultimando projeto de lei com vistas a modernizar nosso marco regulatório de saneamento e incentivar novos investimentos, o que nos move naturalmente a busca da universalização desse serviço básico", disse Temer.


O presidente Michel Temer durante abertura do 8º Fórum Mundial da Água (Foto: Beto Barata/ Presidência da República)

O presidente Michel Temer durante abertura do 8º Fórum Mundial da Água (Foto: Beto Barata/ Presidência da República)

Fórum Mundial da Água

Esta é a oitava edição do Fórum Mundial da Água, realizado a cada três anos em um país diferente. A primeira edição ocorreu em 1997, em Marrakesh, no Marrocos, e a última em 2015, em Daegu, na Coreia do Sul.

O encontro deste ano traz o tema "Compartilhando Água". O objetivo, segundo os organizadores, é estabelecer compromissos políticos e incentivar o uso racional, a conservação, a proteção, o planejamento e a gestão da água em todos os setores da sociedade.

Em Brasília, o 8ª Fórum Mundial da Água reúne representantes de 175 países, entre cientistas, governantes, parlamentares, juízes, pesquisadores e demais cidadãos. A programação segue até sexta-feira (23).

Veja mais notícias sobre a região no G1 DF.

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