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Lindbergh renega a democracia, prega desobediência e chama juízes de corja

Sob o impacto de uma sentença judicial que deixou Lula mais próximo da cadeia do que das urnas, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, eletrificou sua retórica. Ao discursar para militantes e simpatizantes do petismo num ato de solidariedade a Lula, o senador renegou a democracia, incitou o “enfrentamento social”, pregou a “desobediência civil” e insultou os desembargadores que condenaram o presidenciável petista a 12 anos e um mês de reclusão: “Eu mando aqui um recado pra eles, pra essa corja: se acham que vão prender o Lula… Pra prender o Lula tem que prender nós todos aqui, que estamos neste ato.”

As bravatas de de Lindbergh soaram num comício realizado na Praça da República, em São Paulo. Deu-se na noite de quarta-feira, horas depois da sessão em que o TRF-4 confirmou a condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá. O próprio Lula compareceu ao ato. Nele, Lindbergh insinuou que o petismo pode reagir à ruína do seu principal líder à margem das instituições. “Será que alguém acha que é pelo caminho institucional que a gente vai derrotar o golpe?”, indagou o senador. “Será que alguém ainda tem a ilusão de que vamos derrotar o golpe, garantir a candidatura do Lula, ganhando uma liminar no Supremo, no STJ? Chega, pessoal!”

O palavreado tóxico de Lindbergh borrifa gasolina numa fogueira que a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, acendera na semana passada. O orador recordou: “Muita gente discordou da fala dura da senadora Gleisi, da minha fala, porque tinha a ilusão de que a gente fosse ganhar no TRF-4. Eles não entenderam que esse sistema judicial faz parte do golpe, conspira pelas elites, contra o povo trabalhador.”

Na “fala” evocada pelo líder do PT, Gleisi dissera ao site Poder360: “Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter de matar gente.” O próprio Lindbergh engrossara o timbre: “A gente tem de ter uma outra esquerda, mais preparada para o enfrentamento, para as lutas de rua. Chega! Não é hora de uma esquerda frouxa, burocratizada, acomodada.”

Para Lindbergh, a ruína ética faz bem ao PT e ao que ele chama de “esquerda”. Ignorando a precariedade judicial da candidatura presidencial de Lula, o líder petista informou o que seu partido faria se o pseudo-candidato retornasse ao Planalto: “A gente está renascendo para fazer tudo o que o Lula fez, mas dessa vez a gente vai fazer mais. A gente vai acabar com o monopólio da Globo, vai democratizar os meios de comunicação. A gente vai tributar as grandes fortunas, chamar uma constituinte. E fazer uma reforma desse Judiciário, que só decide a favor das elites.”

Lindbergh se absteve de explicar como o PT reunirá forças para decretar intervenção na maior emissora de TV do país, censurar toda a imprensa, avançar sobre o patrimônio dos ricos e convocar uma Constituinte para domesticar o Poder Judiciário. De duas, uma: ou o PT planeja em segredo uma revolução armada ou o líder do partido no Senado desconectou-se da realidade.

– Atualização feita às 22h11 desta quinta-feira (25): em telefonema ao blog, o senador Lindbergh Farias disse que não se dirigia aos juízes que condenaram Lula no TRF-4 quando chamou de “corja” os que querem “prender o Lula”. O líder do PT declarou: “A corja a que me refiro é a Rede Globo, é a elite do país. A corja é essa turma que está dando o golpe.” JOSIAS DE SOUZA

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