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Privilégios. Dos outros.

Eu acho uma crueldade esse marketing, que chamo de covarde, contra os servidores públicos do Judiciário, do Legislativo e do Executivo. Sejam eles federais, estaduais ou municipais.
De dois dias pra cá, intensificaram-se os ataques a quem ganha muito e/ou acima do salário de R$ 33,7 mil de ministros do Supremo Tribunal Federal, que é pra ser o teto.


Entre empregos duplos e vários benefícios, há, sim, escândalos e abusos, como auxílio moradia a quem não mora e outros tantos mais.
Claro que somos contra.
Mas, no ranking dos “privilégios” que mais afundam o déficit público, com certeza não são esses os mais custosos.
Os abusos mais caros, como tudo na vida, vêm de cima.
Da cúpula do Planalto, do Senado, da Câmara.
Não bastassem os planos de saúde eternos e suas aposentadorias milionárias idem, todos sabemos que é ali que começa o mais grave dos nossos muitos rombos fiscais: o do roubo aos cofres públicos.
A começar das campanhas eleitorais, via fundo partidário e, em 2018, também através do recém-criado fundo eleitoral.
Agora, em nome da não reforma da previdência, com votação agendada para fevereiro, apela-se para essa desavergonhada campanha contra os servidores.
Não são os servidores que roubam.
São os chefes deles.
Não me conformo com o eco que esse discurso encontra na grande mídia.
É um palavreado de fácil audiência, que comove e indigna o público.
Enquanto o ralo de fundo, aberto perenemente, e que também pode ser chamado de peneira, não é nem de longe combatido ou medianamente estreitado pelos governos.
A raiz do déficit tem outro nome.
Chama-se corrupção.
E tudo o que os caciques privilegiados fazem é orquestrar uma campanha contra quem vive de salário pago pelo poder público e se dedica a prender os ladrões do mesmo público.

Lillian Witte Fibe / VEJA

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