Thiago Vivas e Thadeu Vivas | Marcos Ramos

Thiago e Thadeu Vivas produzem um documentário sobre o pai, Jerry Adriani, morto em abril, vítima de um câncer. “Ele foi embora muito rápido, nos pegou de surpresa”, diz Thadeu. “Cantei ‘Gita’ baixinho para ele quando estava fraquinho, já quase morrendo”. A canção de Raul Seixas é emblemática em se tratando de Jerry Adriani, responsável pela vinda de Raulzito e Os Panteras da Bahia para o Rio.

Tanto que Jerry cantando “Você ainda pode sonhar”com a banda do baiano, no Baú do Raul, na Fundição, é um dos momentos marcantes de “Jerry Adriani — O trem da vida”, coprodução da Calabouço Filmes, Publytape e Canal Brasil. Os bastidores do último disco e DVD “Outro Jerry Adriani”, em que o cantor finalmente se dobra e canta “Medo da chuva”, é outro. “Raul o convidou para gravá-la nos anos 1970, mas papai, religioso, não topou porque a música diz: ‘das mentiras que o padre falou”.

As filmagens começaram há seis anos, quando Jerry fez um show no Rival com músicas dele, de Raul e de Elvis Presley, “a ligação inicial dele com o Raul”, conta Thadeu, que tem Bernardo Mendonça como parceiro na direção, e o irmão, Thiago, na direção musical. “Estamos fazendo um trabalho de pesquisa e iconografia que vai servir para a MPB”, afirma Thadeu, citando material da passeata contra a guitarra elétrica, em1967, e dos tempos em que a Jovem Guarda e a Bossa Nova se estranhavam. “Papai furava essa barreira, ele era muito amigo da Nara Leão”.

“Falamos de momentos estratégicos da vida dele e também da história da música brasileira nos últimos 53 anos”, continua. O último show de Jerry, em março deste ano, no Teatro Net Rio também está registrado. “Filmei a última vez em que ele entrou em cena e cantou “Doce, doce amor’. É muito forte”. O GLOBO