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Onde puder haver desvio vai haver

Érico Firmo           O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.         

Reportagem que foi manchete do O POVO de ontem, de autoria do repórter Carlos Mazza, mostra que o crime contra o patrimônio público não conhece limites. Os desvios constatados pela Controladoria Geral da União (CGU) mostra assentamentos da reforma agrária usados para favorecer quem não deveria. As terras deveriam ir exclusivamente a gente necessitada, com renda até três salários mínimos, que precisa de um pequeno pedaço de terra, principalmente para a subsistência. Mas, acabaram sendo beneficiados mais de 700 servidores públicos, donos de hotéis, lotéricas, restaurantes, uma dona de agência de viagens e uma construtora. A lista tem ainda gente morta, um ex-vereador, a mulher de um general...

É um completo escárnio. Com isso, os reais necessitados são preteridos em nome de privilégios. As vítimas diretas são gente que precisaria realmente de uma política que rompesse a histórica concentração de terras no País. Infelizmente, não é novidade. Fraudam a distribuição de terras da reforma agrária do mesmo jeito que já desviaram dinheiro da merenda escolar e surrupiaram verbas para construir banheiros para famílias que nem tem lugar adequado para fazer as necessidades. Não há limites para os larápios.

Para ler a reportagem que foi manchete do O POVO de ontem, acesse este link: http://bit.ly/reformaagraria

ANTES DA REFORMA POLÍTICA, UMA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A cada grande escândalo, ressurge o discurso de necessidade de uma reforma política. E, sempre que tentam mexer no sistema estabelecido, surgem propostas que ameaçam piorar ao invés de melhorar a situação. Mais importante que uma reforma política, penso que seja uma reforma da administração pública. Que simplifique procedimentos e reduza prazos e a burocracia. A demora costuma ser eficaz instrumento para viabilizar a corrupção. Quando leva tempo para uma demanda do setor público ser atendida – um pagamento a prestador de serviço, por exemplo – criam-se as condições para que seja cobrado suborno em troca da viabilização do que deveria ocorrer por vias normais. A velha estratégia de criar dificuldade para vender facilidade.

Outra mudança crucial é radicalizar a transparência e criar mecanismos de controle. Com trâmites mais simples, é mais fácil acompanhar e ver se o dinheiro liberado chega a seu destino. Claro, muito da corrupção nasce da relação promíscua entre público e privado, da forma de organização dos partidos e do modo de financiamento de campanhas e de prestação de serviço aos governos. Porém, alterações da lógica gerencial da máquina estatal podem ser mais eficazes para coibir a corrupção que mudanças no sistema político sobre a qual ninguém está de acordo.

EDITAL DOS CARROS ELÉTRICOS

Deve sair na próxima semana o primeiro edital de chamada pública dos carros elétricos compartilhados de Fortaleza. Funcionará mais ou menos nos moldes do modelo de bicicletas compartilhadas. O edital estará aberto a propostas de empresas que queiram patrocinar o serviço. Serão instaladas algumas estações, como projeto piloto, para posterior ampliação.

Os carros devem ter quatro lugares. Como ocorre com as bicicletas, as peças dos carros não serão compatíveis com veículos convencionais, para desestimular depredação e furtos.

UPA COLOCADA PARA FUNCIONAR

Um ano após ficar pronta, mas não funcionar, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jericoacoara foi inaugurada na noite de terça-feira. Já não era sem tempo e é o desfecho de uma situação patética, inaceitável em momento de grave crise na saúde pública. Um dos motivos para a demora na inauguração era a falta de dinheiro para manter. Depois de a UPA estar construída, perceberam que os recursos não eram suficientes para colocá-la em funcionamento. Outro problema era no abastecimento de energia elétrica. Houve erro no projeto e a potência da rede não era suficiente para a operação dos aparelhos de raio-X.

A UPA é mais um capítulo do legado de estruturas que foram construídas na administração Cid Gomes (PDT), foram teoricamente entregues, mas estavam sem condições de operar. Outro exemplo é o Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim, “inaugurado” no apagar das luzes de 2014, mas no qual nunca foi aplicada uma injeção ou colocado um esparadrapo. Depois de acordo firmado com o Ministério da Saúde no fim de 2015, há promessa de que o hospital comece a funcionar até março.

Na situação em que se encontra a saúde pública, é um insulto que unidades de atendimento novas e concluídas fiquem fechadas. Em Jericoacoara, em abril passado, turista chegou a morrer de ataque cardíaco. Na ocasião, foi apontada falta de equipamentos básicos para o atendimento.

Camilo Santana (PT) tem de contornar problemas herdados do antecessor e aliado, Cid Gomes, que evidenciam graves erros de planejamento para tirar resultados dos caros investimentos. OPOVO

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