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Papa se coloca como pecador e confessor em seu primeiro livro

Em sua primeira missa celebrada na Praça de São Pedro, em 17 de março de 2013, o Papa Francisco citou a passagem do Evangelho que fala sobre a mulher adúltera salva por Jesus, dando sinais de qual seria o cerne de seu pontificado. Compaixão e perdão são temas centrais no ensinamento do Pontífice e a principal mensagem de seu primeiro livro, “O nome de Deus é Misericórdia” (Editora Planeta), no qual o líder máximo da Igreja Católica se coloca, mais uma vez, na condição de um homem que também precisa de piedade. Resultado de uma série de encontros com o vaticanista Andrea Tornielli, a obra será lançada na próxima terça-feira e publicada em 84 países, em seis idiomas — italiano, português, inglês, francês, alemão e espanhol. Na capa do livro, sobre um fundo branco e com a ilustração do brasão do Vaticano, o título foi escrito em vermelho pelo próprio Papa.

PAPA

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Francisco aborda de maneira direta a mensagem do Ano Santo da Misericórdia, proclamado por ele entre 8 de dezembro de 2015 e 20 de novembro de 2016. O último Jubileu da Igreja, que consiste em conceder indulgências a fiéis que cumprem disposições eclesiais estabelecidas pelo Vaticano durante um ano, foi decretado por João Paulo II para comemorar os dois mil anos do nascimento de Cristo.

Num momento de crises, guerra e terror, Francisco quer que a Igreja mostre um rosto de misericórdia e não de julgamento, segundo a teóloga da PUC-Rio Maria Clara Bingemer.

— O livro reflete o pensamento do Papa de forma extensa e reflexiva sobre esse tema que ele acha tão importante — afirmou a especialista, em entrevista ao GLOBO.

Combate à ‘globalização da indiferença’

A conversa do Pontífice com Tornielli teve início na Casa Santa Marta — a residência de Francisco no Vaticano — em julho de 2015. O Papa aguardava o jornalista italiano com uma Bíblia em cima da mesa. No prefácio, Tornielli conta que Francisco lhe telefonou pedindo que fossem feitos adendos ao texto, com expressões que, segundo ele, revelam “o coração do pastor que tenta reproduzir o coração misericordioso de Deus”.

Em formato de perguntas e respostas, o livro surpreende pela linguagem simples. Francisco explica como surgiu o desejo de realizar um Jubileu da Misericórdia, o que ele considera a mensagem mais relevante de Jesus. E aborda a necessidade de vencer o que chama de “globalização da indiferença”, descrevendo uma Humanidade com profundas feridas que vão desde doenças e pobreza, passando por exclusão social e pelas “inúmeras escravidões do terceiro milênio”.

Ao responder às questões do jornalista, o Pontífice volta ao passado, fala sobre sua vida pessoal e suas experiências como sacerdote, além de recordar os tempos em que vivia na Argentina. Em uma das respostas, ele descreve como se sentiu abandonado, aos 17 anos, após a morte do padre que ouvira suas confissões.

Com a mesma humildade demonstrada nestes quase três anos de pontificado, Francisco admite não estar imune a pecados. Diz, inclusive, ter carinho especial e ligação com aqueles que vivem na prisão, por ter consciência de ser “pecador”. Mencionando a rejeição à pena de morte, o Papa exalta avanços para a reinserção social dos presos.

O jornalista evita temas polêmicos. Em uma das únicas perguntas espinhosas para a Igreja, Tornielli relembra a frase do Papa que ficou famosa durante sua viagem de volta do Rio, em 2013: “Se uma pessoa é gay, procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”. Tornielli indaga sobre a experiência do Pontífice como confessor de homossexuais, no que Francisco responde criticando a marginalização e defendendo “o amor de Deus a todas as criaturas”.

Outro tema abordado é a corrupção, definida pelo Pontífice como um estado pessoal e social no qual a pessoa se habitua a viver. O Papa Francisco faz ainda menção aos imigrantes e apela por acolhimento. o globo

 

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