Temer não era refém, mas parte da banda podre
Sejamos claros e diretos: Michel Temer tornou-se gestor de um governo terminal. Sua voz soou numa conversa vadia gravada por um delator. Aécio Neves, seu principal aliado no Congresso, foi pilhado num pedido de propina. Temer anunciou ao país que não renuncia. Mas seus ministros e apoiadores já começaram a renunciar ao presidente. Temer logo perceberá que há um déficit de apoiadores ao seu redor. Ele também notará que precisa não de aliados políticos, mas de uma boa banca de advogados. Temer migrou da condição de presidente para a posição de investigado em inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal.
Por ironia, Temer escolheu o seu próprio caminho para o inferno. Fez isso ao imaginar que poderia governar dando de ombros para a Lava Jato, a maior investigação de corrupção já realizada na história da República. Quis reformar o país abraçado ao entulho. Verificou-se que ele não era apenas refém da banda podre, mas parte da podridão.
Temer assumiu prometendo virar a página. E virou. Só que para trás. As consequências da crise serão duras. As reformas que corriam no Congresso foram ao freezer. A economia, que dava sinais de recuperação, voltará a deslizar. Enquanto Temer finge que ainda preside, o sistema político busca uma porta de incêndio, qualquer coisa que se pareça com uma saída. Seja qual for a solução, sempre parecerá um remendo. A eleição de 2018 será o melhor remédio. Que pode virar um purgante. Depende de você, caro eleitor. As ruas voltaram a ser protagonistas. JOSIAS DE SOUZA