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O Roberto Cláudio que busca reeleição

     

       
Érico Firmo           O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.          

O ambiente pré-eleitoral de Fortaleza já oferece muitas mostras do que esperar da campanha para prefeito. Como seria previsível, Roberto Cláudio (PDT) tem a movimentação mais intensa na busca pela reeleição. Tem a base política mais consolidada e, também, discurso articulado. Aposta no perfil tocador de obras. Muitas intervenções no trânsito, ações em lugares de grande visibilidade, inaugurações em larga escala prontas a sair no ano eleitoral. Isso fala a grande e influente número de eleitores.

O prefeito terá ainda um discurso dirigido às camadas mais intelectualizadas, agressivamente militante nas redes sociais. Irá tentar se apresentar como gestor moderno e progressista, que apostou numa concepção diferente de Cidade, em ciclofaixas, bicicletas compartilhadas, faixas para ônibus, Bilhete Único, ecopontos. E que iniciou planejamento de longo prazo.

Nesses trunfos para segmentos diferentes, o prefeito será confrontado com contradições entre demandas de setores diversos da Cidade, que se encontram na ação do poder público: a gestão que aposta em concepção moderna de mobilidade, mas constrói viadutos, praticamente consenso entre especialistas como paradigma de mau urbanismo — vide o comentário reproduzido na coluna da quarta-feira passada do próprio Fausto Nilo, guru do prefeito nessa área (leia acessando este link: http://bit.ly/colunapol30). Não fosse em função de o financiamento não ser liberado, teria mandado para o espaço a Praça Portugal.

O prefeito articula discurso para se contrapor a essas críticas. Sobre as árvores cortadas, por exemplo, apresentará números do plantio. O problema é que árvores adultas e consolidadas foram ao chão. No lugar, proliferam Fortaleza afora mudas recém-plantadas, secas, com reduzidas chances de vingar diante da falta de chuvas. Para a população tem sido bem mais perceptível na cobertura vegetal que se perdeu que na que teria sido reposta.

Outro discurso que será muito usado contra Roberto Cláudio se refere à crítica de não investir na periferia. Para se contrapor, o prefeito aposta em inaugurações em massa nessas áreas. Esse tem tudo para ser um dos debates mais recorrentes da eleição.

COMO ANDAM AS PRIORIDADES

Ao se eleger, Roberto Cláudio traçou três prioridades: mobilidade, saúde e educação. A primeira é aquela na qual mais tem o que mostrar. A segunda é apontada pela população como a maior preocupação. Passados três anos, muita coisa mudou na gestão. Mas, o resultado até agora não é bom. Longe disso.

Ainda há problemas elementares, como falta de medicamentos e insumos básicos. Pacientes atendidos em corredores. O prefeito será cobrado por ter prometido em campanha soluções e, depois de três anos, a situação ser de crise. A resposta é previsível: obras, investimentos. O resultado na ponta, porém, deixa a desejar. É hoje tema mais grave do que era em 2012.

Lembra o que ocorreu com Cid Gomes na segurança. Foi o mote da campanha e terminou como fracasso da gestão. Com Roberto Cláudio, não cabe ainda juízo definitivo. Mas, precisa melhorar muito.

A MELHORA E O RITMO DA EDUCAÇÃO

Na educação, houve melhora objetiva e mensurável. Além dos investimentos em creches e escolas de tempo integral, o mais importante é o avanço na qualidade. Isso ocorreu, conforme aferiu o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece-Alfa). Mas, o ritmo é lento. Nos números relativos a 2013, primeiro ano de gestão Roberto Cláudio, Fortaleza ficou como estava: pior desempenho do Estado inteiro. Mas, nem era justo fazer a cobrança no começo de mandato. No segundo ano, a Capital deixou de ser a 184ª e subiu para 178ª. Ganhou seis posições.

Estudiosos da área de educação não gostam do modelo de ranking. Na própria Secretaria da Educação do Estado, o discurso sempre foi de que o mais importante é a comparação com a própria realidade de cada município. E essa vinha melhorando e assim prossegue. Porém, o prefeito questionou em campanha a posição de Fortaleza. Então, é justo que seja cobrado pelo mesmo critério.

Do primeiro para o segundo ano de gestão, Fortaleza melhorou seis posições. A se manter nessa toada, vai levar 14 anos para a Capital estar entre os cem municípios mais bem posicionados no Ceará. Cem municípios. Não é uma meta propriamente ambiciosa. O período abrange o mandato de quatro prefeitos. Se Roberto Cláudio for reeleito e tiver sucessor eleito e reeleito, ainda não é tempo o bastante. E há de se considerar que essa melhora inicial, em comparação com os municípios em pior situação do Ceará, é teoricamente a mais fácil.

A esse respeito, o discurso de Roberto Cláudio é o mais simples. Mostrará as melhoras e apresentará investimentos. E dirá que, no segundo mandato, virão os resultados mais consistentes. É provável que seja assim mesmo. E, com os números fechados de 2015, é possível que o desempenho se mostre mais célere. Afinal, o próprio Cid – padrinho de Roberto Cláudio e efêmero ministro da Educação – costumava apontar que o Spaece é a mostra de que nem sempre os resultados educacionais demoram a aparecer. Até aqui, o avanço nessa área prioritária para o prefeito existe. Mas, aquém da promessa e da necessidade.

 

Quanto à oposição, comento na próxima coluna. OPOVO

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