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'Temos de esclarecer os mitos e lendas da reforma da Previdência'

Foto: Werther Santana/Estadãoctv-ljn-luiz-felipe-davila

O cientista político Luiz Felipe d’Avila, presidente do Centro de Liderança Pública (CLP), uma organização voltada para a formação de líderes governamentais, resolveu organizar uma “tropa de choque” digital para apoiar a reforma da Previdência. Preocupado com o barulho provocado pelos sindicatos e grupos de interesse contrários à reforma e o impacto negativo que uma eventual rejeição da proposta teria para o País, ele lançou na semana passada o movimento “Apoie a reforma”. Trata-se de um site destinado a esclarecer a população sobre a questão e a pressionar os parlamentares em Brasília a aprovar a medida.

Ele deu a seguinte entrevista ao Estado:

O sr. foi o grande articulador do movimento “Apoie a reforma”. O que o levou a tomar essa iniciativa e qual é o seu objetivo?

O movimento tem duas finalidades. A primeira é mobilizar a população e ajudá-la a entender a gravidade do problema da Previdência, as consequências dramáticas que uma eventual rejeição da reforma pelo Congresso trará para o País. A segunda é dar para a população um instrumento de pressão sobre os parlamentares, por meio de um abaixo assinado que está disponível no nosso site. Hoje, só a turma do contra passa o dia lá no Congresso, defendendo seus privilégios. Os deputados e senadores estão meio acuados. Eles dizem: “Só tem gente contra? Cadê os que são a favor?”. Então, a ideia é mostrar que existem, sim, vozes a favor da reforma e pressionar os parlamentares a votar a favor dela.

O sr. acredita ser possível aprovar os principais pontos da proposta do governo?

Temos de focar no que é inegociável e no que dá para negociar. O inegociável é a idade mínima de 65 anos e o acúmulo de aposentadorias. Precisamos ter uma regra igual para todos e uma idade mínima. Qualquer reforma que ferir os dois princípios estará comprometida. Agora, há coisas negociáveis. A regra de transição, por exemplo, dá para negociar. Em vez de fazer uma “escada”, com degraus muito acentuados para definir a transição, pode-se fazer uma “rampa”, em que a mudança aconteça de forma mais suave, como no fator previdenciário. Isso dá para acertar. Agora, essa história de que um milhão de funcionários públicos aposentados custam a mesma coisa que 33 milhões de aposentados da iniciativa privada tem de acabar.

Veja como votam os deputados sobre a Reforma da Previdência, de acordo com levantamento feito pelo Estado.

Como é possível vencer a guerra de narrativas e se contrapor ao argumento de que a reforma vai cortar direitos e levar todo mundo a trabalhar até morrer para se aposentar?

Temos de mostrar os benefícios que a reforma vai trazer para o País. A argumentação não pode se limitar ao corte de gastos. Essa é a minha conversa com os parlamentares hoje. Um dos vídeos disponíveis no nosso site mostra que, com o dinheiro gasto para cobrir o rombo da Previdência, de R$ 181 bilhões, daria para formar três milhões de jovens na universidade ou criar três milhões de casas populares. Se a gente ficar só no discurso do economista, centrado na economia que o governo fará com a reforma e no ajuste fiscal, não vamos ajudar os parlamentares a se reelegerem e a explicar o voto a favor da reforma para as suas bases.

Muitos críticos da reforma dizem que ela vai prejudicar os mais pobres e os mais jovens, que vão se aposentar daqui a 20, 30 ou 40 anos. Como responder a isso?

Essa história não faz sentido. Os pobres e os jovens serão os maiores beneficiários da reforma. Os jovens é que vão pagar essa conta lá na frente, se nada for feito agora. Hoje, há nove jovens para pagar a conta de um aposentado. Daqui a pouco, serão apenas quatro e depois, dois. Então, se não houver reforma, eles estão perdidos. Eles sofrerão um sequestro de renda real cada vez maior por meio de impostos para poder sustentar aposentadorias privilegiadas. No caso dos pobres, quando eles começarem a ser taxados um pouco, para o governo poder pagar não a sua aposentadoria, mas a dos privilegiados, que têm aposentadorias acumuladas, eles se darão conta de que a reforma era positiva. Temos que explicar para eles que todos nós do setor privado, pobres e ricos, estamos financiando a aposentadoria de um pequeno grupo de privilegiados. A média do salário do aposentado no setor privado é de R$ 3 mil e no setor público o benefício pode chegar a R$ 40 mil, R$ 50 mil ou até mais.

O problema é que os argumentos dos que são contra a reforma têm a ver com o bolso dos aposentados hoje, enquanto os dos que são a favor são mais abstratos, relacionados ao País.

De novo, não é verdade. No mundo inteiro, ninguém se aposenta com aposentadoria integral. É sempre com 70%, 80% do salário. Mesmo com a nova regra proposta pelo governo, um aposentado de 49 anos vai receber os 70%, 80%, que é média mundial, caso se aposente agora, pela regra de transição. Isso é que são as coisas que têm de ser explicadas, pegar esses mitos e lendas e ver o que eles têm de verdade ou não.  O ESTADO DE SP

 

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