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As obras paradas de Haddad - O ESTADO DE SP

A existência de um grande número de obras paradas – 31 no total – deixadas pelo governo Haddad, em vários setores da administração e por motivos diversos, é um grave problema herdado pelo prefeito João Doria. Ele deixa a atual administração numa situação difícil: a combinação de obras importantes para a população e recursos escassos. Além de buscar dinheiro para pôr em prática seus projetos, apelando inclusive para um amplo programa de privatização, Doria terá de enfrentar mais esse desafio.

Reportagem publicada pelo Estado mostra que a longa lista dessas obras, que contemplam principalmente educação, saúde e transportes, inclui, entre outras, 17 creches, 6 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 3 obras viárias – entre elas o túnel ligando as Avenidas Sena Madureira e Ricardo Jafet –, 3 escolas, o hospital de Vila Brasilândia, a canalização do córrego Mirassol e dois corredores de ônibus (M’Boi Mirim e Radial Leste). No total, seu custo chega a R$ 1,98 bilhão, o que dá uma ideia do esforço financeiro necessário para concluí-las.

Segundo assessores do ex-prefeito Fernando Haddad, a maior parte daquelas obras não foi concluída por causa de atraso no repasse de verbas do governo federal, que não puderam ser compensadas com recursos próprios, dadas as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ressalte-se que aquele atraso ocorreu em consequência da grave crise em que os governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff mergulharam o País e que desde 2014 prejudicava as finanças públicas, como bem sabia a gestão Haddad. Deve-se acrescentar, porém, que o problema resulta também da temeridade de Haddad de fazer planos ambiciosos, com excesso de confiança na vinda de recursos federais.

É preciso considerar ainda outras causas que nada têm a ver com as alegações de Haddad. Um exemplo é o corredor de ônibus da Radial Leste, suspenso em 2016 por causa de irregularidades constatadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Assinale-se que projetos de outros corredores não saíram do papel pelo mesmo motivo, nesse caso apontado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). Tudo por falta de cuidado, para dizer o mínimo, do governo Haddad com sua única proposta realmente importante para o setor de transporte.

As dificuldades de Doria para enfrentar um problema desse tamanho, logo no início de seu governo, foram expostas pelo secretário municipal da Fazenda, Caio Megale. Falta dinheiro para concluir as obras contratadas pelo governo anterior, porque a prioridade é retomar serviços, também interrompidos, como os de zeladoria urbana, manutenção de parques e distribuição de remédios. Seu comentário a respeito é procedente: “Então, como vou construir uma UPA se falta médico nas que já existem? Tenho de ser criterioso e seletivo para saber para onde direcionar os parcos recursos”.

Mas é igualmente procedente a ponderação do gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio. A seu ver, a solução é retomar as obras paradas ainda que num ritmo mais lento, pela falta de recursos, como já vem sendo feito com o hospital de Parelheiros. Seu argumento é forte: “A pior coisa é parar, porque deprecia um ativo, esfria a economia e não atende às necessidades da cidade”. Se Haddad tivesse seguido esse conselho, a situação seria menos grave.

Apesar de fazer questão de não deixar dúvida sobre o que o atual governo considera prioritário, Megale deixa aberta a possibilidade de retomar parte das obras. “Fizemos um freio de arrumação”, diz ele, para determinar com precisão quantos recursos poderão ser utilizados para aquele fim. Sua explicação mostra a difícil ginástica que está sendo feita: “Estamos buscando fontes alternativas com bancos públicos. Primeiro, vamos reformar e concluir os hospitais (Brasilândia e Parelheiros). Isso acontecerá conforme disponibilidade de recursos e status da obra”.

A cada dia vão ficando mais claros o tamanho e a variedade dos desacertos de Haddad e o quanto vai custar colocar a cidade novamente em ordem.

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