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Quem paga a conta da carne fraca - ÉPOCA

Num início de dezembro, o Ministério da Agricultura, à época che­fiado pelo economista Roberto Rodrigues, confirmou a existência de um foco de febre aftosa em uma propriedade em São Sebastião da Moreira, no Paraná. A doença é devastadora para o rebanho, com um vírus muito resistente e contagioso, capaz de viajar facilmente na carga através das fronteiras. A suspeita pairava havia dois meses, quando vieram à tona focos da doença no vizinho Mato Grosso do Sul.

 

Por mais localizados que fossem, os dois casos tiveram um efeito em cadeia: 58 países impuseram restrições à carne do Brasil e as vendas desabaram. Isso foi em 2005. A reconquista da confiança de consumidores dentro e fora do país exigiu anos de trabalho. O anúncio da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), em 17 de março, colocou o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, diante de uma situação parecida.

 

Novamente a qualidade da carne brasileira foi colocada à prova – e o Paraná é mais uma vez o centro das investigações. Desta vez, a crise de confiança tem origem menos em causas sanitárias e mais na corrupção. De saída, a PF mostrou evidências contra 33 agentes públicos. Os policiais revelaram um esquema criminoso de fiscais do Ministério da Agricultura. Eles cobravam propina e pequenos agrados para liberar licenças para frigoríficos sem a fiscalização adequada.

 

A par da notícia, já a partir do dia 20, segunda-feira da semana passada, um grande bloco e alguns países importadores começaram a impor restrições à carne brasileira. Manifestaram-se, com diferentes graus de severidade, entre outros, União Europeia, Arábia Saudita, Chile, China, Coreia do Sul, Egito e Suíça. O prejuízo se espalhava. O governo começou o trabalho de contenção de danos: divulgou uma lista com as 21 unidades suspeitas de fraudes, incluindo um frigorífico pertencente à BRF Brasil, dona das marcas Perdigão e Sadia, e outro da JBS, dona da Friboi e Seara. Ao apresentar a lista, o Ministério da Agricultura também deixava claro que os alvos da investigação respondiam por menos de 1% da produção de carne no país.

O principal alvo é o frigorífico curitibano Peccin, cujos donos aparecem, em interceptações telefônicas, combinando fraudes para assegurar a venda de carne fora do prazo próprio para consumo. Até a sexta-feira, dia 24, três unidades haviam sido interditadas: duas da Peccin que produzem salsicha e mortadela, em Curitiba, no Paraná, e Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, e uma da BRF em Mineiros, em Goiás, que produz frango, chester e peru da marca Perdigão para exportação. Mesmo com as acusações sanitárias restritas a esse grupo, o prejuízo potencial é de valores “estratosféricos”, nas palavras do próprio Maggi. “O impacto mais preocupante é no mercado interno. No caso da carne bovina, o consumidor brasileiro responde por quatro quintos do mercado”, diz o consultor José Carlos Hausknecht, diretor da MB Agro.


 

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>> Trecho da reportagem de capa:

Num início de dezembro, o Ministério da Agricultura, à época che­fiado pelo economista Roberto Rodrigues, confirmou a existência de um foco de febre aftosa em uma propriedade em São Sebastião da Moreira, no Paraná. A doença é devastadora para o rebanho, com um vírus muito resistente e contagioso, capaz de viajar facilmente na carga através das fronteiras. A suspeita pairava havia dois meses, quando vieram à tona focos da doença no vizinho Mato Grosso do Sul. Por mais localizados que fossem, os dois casos tiveram um efeito em cadeia: 58 países impuseram restrições à carne do Brasil e as vendas desabaram. Isso foi em 2005. A reconquista da confiança de consumidores dentro e fora do país exigiu anos de trabalho. O anúncio da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), em 17 de março, colocou o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, diante de uma situação parecida.

 
 
 
 

Novamente a qualidade da carne brasileira foi colocada à prova – e o Paraná é mais uma vez o centro das investigações. Desta vez, a crise de confiança tem origem menos em causas sanitárias e mais na corrupção. De saída, a PF mostrou evidências contra 33 agentes públicos. Os policiais revelaram um esquema criminoso de fiscais do Ministério da Agricultura. Eles cobravam propina e pequenos agrados para liberar licenças para frigoríficos sem a fiscalização adequada.

Capa edição 979  (Foto: Ilustração: Otávio Silveira)

 

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