PSB e PSD tentam cooptar prefeitos, diz dirigente petista
O presidente do diretório estadual do PT, Emidio de Souza, acusou o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), e o ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD) de tentarem se aproveitar da crise no partido para cooptar prefeitos petistas no Estado. Segundo o dirigente, pelo menos 13 dos 68 prefeitos do PT paulista deixaram a legenda neste ano, a maioria rumo ao PSB e ao PSD. "Este número pode crescer até setembro. Existe uma operação coordenada pelo vice-governador. Ele não faz outra coisa nessa vida", disse Emidio. Ele tentou poupar Kassab, mas ao ser indagado sobre os petistas que optaram pela legenda do ministro das Cidades, admitiu. "O Kassab também está pescando no aquário do PT". Segundo o dirigente petista, entre os prefeitos que já anunciaram a saída do partido estão os de Jaú, Taquaritinga, Roseira, Iracemápolis e Piquete, entre outras cidades menores.
Emídio tentou minimizar a debandada alegando que na capital e na região da Grande São Paulo, os domínios petistas continuam intactos. "Muitos dos que estão saindo vieram para o PT por facilidades eleitorais e estão indo embora pelo mesmo motivo", afirmou o dirigente.
Segundo Emidio, o motivo para a mudança de partido é o forte desgaste do PT entre o eleitorado paulista verificado desde as eleições do ano passado.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também tentou minimizar a debandada de prefeitos da legenda. Segundo ele, a tendência se concentra em São Paulo e Pernambuco e não preocupa a direção da sigla. "Prefiro ficar com gente mais coerente e consistente do que computar números maiores com gente que não é muito do PT", disse.
Dívida. Emidio voltou a se queixar das dificuldades para saldar da dívidas do diretório estadual sem contribuições de empresas privadas, vetadas pela direção nacional. Segundo ele, o montante chega hoje a R$ 55 milhões, sendo que R$ 35 milhões são dívidas da campanha de Alexandre Padilha ao governo paulista em 2014. "O que estamos fazendo é renegociar e parcelar as dívidas", disse ele.
Marta. Embora afirme que, para o PT, o imbróglio envolvendo a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy já é página virada, Emidio disse que a senadora deve explicações sobre a mudança de partido. Marta deixou o PT com pesadas críticas ao governo e à legenda e está prestes a se filiar ao PMDB para tentar disputar a Prefeitura da capital paulista. Segundo Emídio, Marta deixou o PT acusando o partido de desvios éticos, mas agora está tendo de conviver com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado na Lava Jato. "Agora, é ela (Marta) quem vai ter de explicar, desejo boa sorte a ela", disse.
Emídio, que participou de um seminário do PT para discutir propostas de reorganização partidária e ampliação da participação da base, lembrou que Marta deixou a sigla dizendo que não tinha garantia de vaga para disputar a Prefeitura nas eleições do ano que vem, e agora está sem garantia de vaga no PMDB.
Indagado se a baixa popularidade do prefeito Fernando Haddad (PT) nas pesquisas é uma preocupação em relação ao pleito, Emídio disse que haverá tempo para reverter muita coisa até o ano que vem. "A prioridade agora é defender o mandato da presidente Dilma Rousseff e rechaçar as tentativas (da oposição) de impeachment, sem motivo, essa coisa criada e inventada."