O milagre da transposição
As grandes intervenções hídricas em nosso Estado sempre vieram no bojo de grandes secas. Assim foi a construção do Cedro, do Orós, que, depois de pronto, aos quatro cantos do Estado foi propagado que nunca mais faltaria água para os cearenses. O mesmo aconteceu com a construção do Banabuiú e do Castanhão e na minha terra, Quixeramobim, as construções da barragem e do fogareiro espantaria de uma vez por todas o fantasma da sede de meus conterrâneos.
Depois de cinco anos de inverno abaixo da média, quase todos estão secos e o carro-pipa é o retrato mais cruel desta realidade. A grande pergunta do momento é se a transposição vai fazer o milagre que todas estas obras construídas ao longo dos últimos 100 anos não conseguiram fazer. Na minha visão míope de ver o futuro, acredito que a transposição, no máximo, irá regularizar o abastecimento de Fortaleza e a oferta de água para os projetos de irrigação do baixo Jaguaribano.
E o resto do Estado como fica? Sem querer ser ousado, chegou a hora de cada município ter seu plano estratégico de abastecimento de água. Para tanto, é preciso conhecimento da realidade hidrográfica, da série histórica de precipitações, dos lugares estratégicos para intervenções, ou seja, construção de açudes, adutoras, transposição, cisternas, poços profundos e desassoreamento dos reservatórios já construídos.
Só de posse destes conhecimentos, será possível se evitar a construção de obras que consumiram milhões de reais – como é o caso das duas transposições feitas em Quixeramobim, mas especificamente as transposições do açude Pirabibu para o Cedro e a do rio Quixeramobim para o riacho do Quinim, que, com um gasto de mais de R$ 30 milhões, se encontram paradas há mais de dez anos sem nunca terem feito a transposição de uma gota de água.
José Maria Pimenta Lima / COM BLOG DO ELIOMAR