Aperto no crédito chega ao campo
A escassez do crédito agora bate às portas do agronegócio, uma das únicas atividades da economia brasileira que continua crescendo mesmo com a crise. Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo na edição desta segunda-feira, produtores de soja estão reclamando da dificuldade em conseguir empréstimos a menos de um mês da semeadura da nova safra.
Os agricultores relatam casos de morosidade na análise dos pedidos de empréstimos, aumento das exigências por parte dos bancos e elevação dos juros. Segundo eles, o crédito mais restritivo tem atrasado a compra de insumos necessários para o início do plantio, como sementes e fertilizantes, e pode acabar com os consecutivos ganhos do setor.
A seca no crédito foi percebida logo no primeiro semestre, quando os produtores costumam recorrer às linhas de pré-custeio para comprar os insumos. Com o aumento da inadimplência e da retirada de dinheiro das contas-correntes e poupança, os bancos passaram a restringir mais a obtenção de empréstimos.
O Banco do Brasil, por exemplo, que responde por 65% do crédito rural, só emprestou 3,5 bilhões de reais para o pré-custeio com juros subsidiados de 8,75% ao ano no primeiro semestre. No mesmo período de 2014, esse valor era de 8 bilhões de reais.
O resultado foi um recuo de 14% na concessão total de crédito rural de janeiro a junho deste ano, segundo o Banco Central. "Neste ano, o pré-custeio foi nulo", afirmou Adolfo Petry, coordenador da comissão de política agrícola da Aprosoja-MT (associação dos produtores de soja do Mato Grosso).