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O PT tenta salvar a pele

Primeiro foi Delcídio Amaral. Ontem foi a vez de Cunha. Senadores e parcela dos deputados estão irados com o presidente da sigla, Rui Falcão. O comando petista está de olho na sobrevivência. O Planalto quer a governabilidade. A esquerda petista quer voltar a ter poder. Seus dirigentes estão na ofensiva, atribuem a crise interna à maioria (CNB). E sustentam que o PT e o governo Dilma precisam separar o joio do trigo.

Valter Pomar

“Não é de esquerda a tese segundo a qual, enquanto não restaurar-se a moralidade, locupletar-se é permitido”

Valter Pomar

Ex-integrante da Executiva Nacional do PT

O que é bom para os americanos...

Apesar de contar com uma certa maioria no papel, o governo Dilma enfrenta enormes resistências no Congresso. Tem aprovado a duras penas projetos relevantes. E, na reta final do ano, corre contra o tempo para garantir o funcionamento de sua gestão. Por isso, Dilma disse frase surpreendente, ontem, na reunião com líderes. “A gente está igual aos EUA, o Congresso americano parou o país”, afirmou Dilma. Ela fez referência à maioria do Partido Republicano contra o democrata Barack Obama. Os analistas dizem que o atual Congresso americano foi o que menos legislou na História. Por lá, governar com minoria não é um drama. Foi o que ocorreu nos mandatos de Ronald Reagan e Bill Clinton.

Cargas ao mar

A manifestação de Rui Falcão, presidente do PT, deixou Eduardo Cunha, presidente da Câmara, apreensivo. Ele contava com o PT para sobreviver. Aos seus aliados, comentou que não tem dúvidas que Falcão estava a serviço do Planalto.

Rui Falcão

Do outro lado

Os petistas avaliam que o presidente do PT, Rui Falcão, busca estabelecer algumas diferenças entre a sigla e o governo Dilma. Não era o partido que queria preservar Delcídio Amaral nem é quem quer salvar Eduardo Cunha. Os petistas alegam que têm pouca influência no governo e que a máquina está, na maioria dos postos-chave, com o PMDB.

O sonho e a realidade

Apesar de todas as dificuldades, a presidente Dilma contou vantagem na reunião com os líderes. Antes de ir embora e despedir-se dos presentes, ela fez a seguinte afirmação: “A oposição reclama e obstrui, o governo vota”.

A renúncia

A vontade do PT, para evitar constrangimento, que o senador Delcídio Amaral renuncie ao mandato não é novidade. No governo FH, ACM (PFL) e Jader Barbalho (PMDB) renunciaram aos seus mandatos. O atual presidente da Casa, Renan Calheiros, já abriu mão de presidir o Senado para não ter seu mandato cassado.

Na fila

Na reunião com a presidente Dilma, o relator Ricardo Barros pediu ajuda para resolver os pepinos do Orçamento. O líder do PMDB, Eunício Oliveira, interferiu: “Cada dia com sua agonia. Hoje, vamos nos concentrar na meta fiscal”.

Duas vezes líder

Na Esplanada, ministros petistas dizem que o PT no Senado não tem condições de exigir nada. Mas eles levaram. Ricardo Berzoini deixou a escolha do novo líder do governo para 2016. O líder no Congresso, o petista José Pimentel, vai acumular.

Líder de uma sigla que se diz independente, o Partido da Mulher Brasileira, Domingos Neto compareceu à reunião dos líderes governistas no Alvorada.

por Ilimar Franco / O GLOBO

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