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Combate a mudanças climáticas exige maior produtividade agrícola

Por Editorial/ O GLOBO

 

O aumento da produção agrícola brasileira precisará ser alavancado por ganhos de produtividade a cada dia maiores. Será necessário investir em conhecimento e avanços tecnológicos que permitam produzir mais em menos espaço, do contrário o agravamento da crise climática global tornará o próprio agronegócio inviável. Não é outra a conclusão que se depreende dos dados do projeto MapBiomas sobre a destruição da vegetação natural brasileira.

 

Desde a chegada dos portugueses, em 1500, até o ano passado, o Brasil perdeu 33% da vegetação nativa. A Amazônia perdeu 55 milhões de hectares de floresta (14%). O Cerrado, 38 milhões de hectares (27%). Até meados dos anos 1980, a queda na cobertura vegetal brasileira havia sido de 20%. Os 13% restantes ocorreram nos últimos 38 anos — período que coincide com a expansão da agricultura e da pecuária.

 

 A área de pastagens cresceu nesse período 79% e hoje ocupa 72,5 milhões de hectares. A de cultivo agrícola aumentou 228%, para 42,4 milhões de hectares. Houve redução expressiva da cobertura vegetal nos estados por onde avançou a fronteira agrícola. Em Rondônia, de 93% para 59%. No Maranhão, de 88% para 61%. Em Mato Grosso, de 87% para 60%.

 

No Tocantins, de 85% para 61%. A pecuária foi o principal vetor do desmatamento nesses estados. Entre 1985 e 2023, a destinação de terra para gado aumentou de 6% para 38% em Rondônia, de 5% para 29% no Maranhão, de 6% para 24% em Mato Grosso e de 7% para 30% no Tocantins.

Ao longo do período de 38 anos, a criação de gado, predominante em 48% dos municípios brasileiros, passou a ser o principal negócio em 60%. Foi assim que o Brasil passou a ter um dos maiores rebanhos do mundo e a ser um dos maiores exportadores de proteínas, tanto animais quanto vegetais. Mas isso não justifica descuidos com o meio ambiente. Pelo contrário. É a preservação dos biomas que garante a água necessária para as plantações e demais atividades agrícolas.

 

Daí a necessidade de conter o avanço do desmatamento e de aumentar a produtividade. Um exemplo é dado pelo rodízio de cultivos. No Paraná, a Embrapa pesquisa a possibilidade de uma terceira safra, ocupando a terra o ano inteiro com o cultivo sucessivo de soja, milho, trigo ou aveia. Particularmente na pecuária, ainda há enorme espaço para ganho de eficiência.

 

A maior temporada de queimadas na Amazônia em 17 anos e a escalada sem paralelo da temperatura do planeta nos últimos meses são sinais eloquentes da urgência da questão. Os cientistas ainda não entendem por que a temperatura global tem subido acima de todas as previsões. O maior risco está em oceanos e florestas, que sempre exerceram papel moderador do clima global, deixarem de reter carbono e passarem a emiti-lo.

 

Para evitar isso, será imperiosa a contribuição do produtor rural. A agropecuária eficiente é parte da solução.

 

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