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Corte no orçamento do Exército em meio a tensão na fronteira com a Venezuela preocupa militares

Por Monica Gugliano / O ESTADÃO DE SP

 

Embora os cortes no Orçamento do Exército ainda estejam sendo digeridos, os oficiais já decidiram que não haverá queixas fora das paredes dos quartéis. Nesta quinta-feira, 22, as palavras do comandante, general Tomás Paiva, durante a comemoração do Dia do Soldado serão no sentido de dizer que a Força está investindo em sua modernização. E isso custa. Não só porque equipamentos obsoletos não levam a lugar algum. Mas porque o aumento da tensão na Venezuela, depois da reeleição de Nicolás Maduro, preocupa os generais. Venezuelanos continuam atravessando a fronteira com Roraima, e as manifestações contrárias à permanência do ditador no poder já chegaram a Santa Helena do Uairén, cidade praticamente colada na divisa com Pacaraima.

 

Para essa região se destinam as aquisições de material bélico que já chegaram ou estão previstas e encomendadas, algumas com contrato assinado, dentro da estratégia da capacidade de dissuasão. Nessa categoria estão mísseis anticarro, o Guaicurus (uma viatura blindada que foi enviada para o recém-criado 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Boa Vista, onde servem 600 homens) e o carro de combate Centauro, cujo contrato foi assinado em 2022; das duas primeiras unidades que serão testadas, uma acabou de chegar e a outra está prevista para os próximos dias.

 

Neste ano, os recursos da Força, de R$ 1,809 bilhão, já foram inferiores aos de 2023, que ficaram em R$ 2,714 bilhões. Com o novo bloqueio e contingenciamento, de acordo com os números do Portal da Transparência, o Exército vai perder mais R$ 369,4 milhões, somando os valores do PAC com as despesas discricionárias. Dessa forma, o recurso disponível em 2024 estará muito aquém da série histórica executada nos últimos anos — e estamos falando das despesas discricionárias, que são as do dia a dia.

 

E os cortes comprometem os três pilares considerados mais importantes para o Exército, como Infraestrutura (imóveis, material etc.), Estoques Estratégicos (munição, rações de combate, combustível etc.) e Preparo (treinamentos, cursos e preparação do pessoal). Dos três pilares, a Força busca preservar o Preparo, embora com muitas restrições. Não será possível, por exemplo, a realização de exercícios anteriormente planejados para serem executados durante este ano. E assim por diante.

 

Para muitos militares, a conta do corte significa um risco de colapso na sustentabilidade da Força Terrestre. Mas, na solenidade deste Dia do Exército antecipado (a data é 25 de agosto), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, só haverá espaço para a festa.Foto do autor

 
Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

 

 

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