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OMS: cobertura vacinal estagna no mundo em 2023 e não retorna a níveis pré-pandemia

Por — Rio de Janeiro

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta segunda-feira os novos números sobre a cobertura vacinal global referentes a 2023. Segundo o órgão, após o aumento observado no ano anterior, 2022, a melhora estagnou, e o planeta não conseguiu recuperar os indicadores pré-pandemia.

 

— A cobertura global de imunização ainda não se recuperou totalmente de um dos retrocessos históricos que vimos durante o curso da pandemia (...) Isso significa que as crianças e os adolescentes não estão recebendo as vacinas de que precisam — disse a diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Katherine O'Brien, em coletiva de imprensa.

 

A cobertura é medida a partir da adesão à terceira dose da vacina dtp, que previne contra difteria, tétano e coqueluche. Em 2023, o percentual de crianças protegidas no mundo foi de 84%, o mesmo de 2022. Antes da pandemia, havia chegado a 86%, em 2019, mas caiu para 81%, em 2021, pior ano da crise sanitária.

 

Além disso, quando avaliado o número total de crianças sem nenhuma dose de vacina, o cenário piorou em 2023. Foram 21 milhões sem proteção da dtp, contra 20 milhões no ano anterior.

 

— E esses dois números permanecem mais altos do que o que já foi alcançado em 2019 — afirmou a diretora da OMS. Naquele ano, eram 18,2 milhões sem nenhuma dose, ou seja, 2,7 milhões a menos que agora.

 

No entanto, Katherine destaca que existem alguns pontos promissores, como o aumento da cobertura vacinal nas regiões da África e das Américas. — Ainda é muito cedo para dizer que é uma recuperação, mas são boas notícias — disse Katherine. Nas Américas, chegou a ultrapassar em 2% a cobertura de 2019.

 

No Brasil, a cobertura com a terceira dose da dtp já havia subido para 77% em 2022, 7 pontos percentuais acima dos 70% de 2019. O número não chega aos 95% preconizados desde 2015, quando o país começou a enfrentar as sucessivas quedas na proporção de imunizados. No pior momento da pandemia, em 2021, a cobertura chegou a 68%, segundo as estimativas da OMS e da Unicef.

— O Brasil se saiu muito bem em sua recuperação. E esse é um grande motivo pelo qual os dados das Américas estão melhorando. E, é claro, o Brasil é um país tão grande e tem um programa tão forte que ver essa melhora é realmente importante — pontuou a diretora da organização durante a coletiva.

 

Além disso, enquanto o número de crianças sem nenhuma dose da dtp cresceu no mundo, no Brasil ele caiu de mais de 200 mil, em 2022, para 103 mil em 2023. Os avanços levaram o país a sair do ranking dos 20 países com mais crianças não imunizada, do qual ocupava o sétimo lugar em 2021.

 

Outro ponto positivo citado por ela foi o “aumento substancial” na adesão à dose que previne o papilomavírus humano (HPV), causador de diversos tipos de câncer, em especial o de colo de útero nas mulheres. A proporção de meninas adolescentes que receberam pelo menos uma dose da vacina aumentou de 20% em 2022 para 27% em 2023.

 

Ainda assim, a cobertura está bem abaixo da meta de 90% para eliminar o câncer do colo do útero como um problema de saúde pública, alcançando apenas 56% das meninas em países de alta renda e 23% em países de baixa e média renda.

 

 

Volta do sarampo não impulsiona vacinação

 

Ainda assim, há muito o que trabalhar para que o mundo recupere os níveis de proteção prá-pandemia e alcance os objetivos da Agenda 2030, que envolve atingir 90% de cobertura de todas as vacinas disponíveis.

 

— A imunização é uma das maiores conquistas da humanidade, tendo salvado mais de 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos, com a dose contra o sarampo sendo responsável por cerca de 60% disso. No entanto, os surtos de sarampo continuam a aumentar à medida que a cobertura de vacinação contra o sarampo estagna — alerta o diretor de Imunização do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ephrem T. Lemango.

 

Ele cita que houve mais de 300 mil casos de sarampo registrados em 2023, o que representa um aumento de quase três vezes em comparação com o ano anterior. Ainda assim, apenas 83% das crianças recebeu a primeira dose, e 74% a segunda, os mesmos números do ano anterior. Com isso, quase 35 milhões têm pouca ou nenhuma proteção.

 

— Esse é um problema solucionável. A vacina contra o sarampo é barata e pode ser administrada mesmo nos lugares mais difíceis. A OMS está empenhada em trabalhar com todos os nossos parceiros para ajudar os países a fechar essas lacunas e proteger as crianças em maior risco o mais rápido possível — disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

 

No Brasil, a proteção faz parte da tríplice viral, vacina que também evita caxumba e rubéola e está disponível nos postos de saúde. A orientação é que seja aplicada no bebê aos 12 e aos 15 meses de idade.

 

— Para alcançar a proteção total, são necessárias duas doses da vacina contra o sarampo, com uma meta de cobertura de 95%. No entanto, o nível atual de cobertura ainda é muito baixo para prevenir surtos e alcançar a eliminação. Alarmantemente, quase 3 em cada 4 bebês vivem em áreas com maior risco de surtos de sarampo — diz Lemango.

 

O diretor da Unicef destaca ainda como essa baixa adesão aos imunizantes já tem sido diretamente relacionada aos surtos: — Nos últimos cinco anos, cerca de 103 países tiveram cobertura vacinal inadequada, em contraste com os 91 países onde a cobertura supera 90% e não ocorreram surtos. Isso destaca a importância de alcançar uma cobertura mais alta com a imunização de rotina.

 

Ainda assim, há muito o que trabalhar para que o mundo recupere os níveis de proteção prá-pandemia e alcance os objetivos da Agenda 2030, que envolve atingir 90% de cobertura de todas as vacinas disponíveis.

 

— A imunização é uma das maiores conquistas da humanidade, tendo salvado mais de 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos, com a dose contra o sarampo sendo responsável por cerca de 60% disso. No entanto, os surtos de sarampo continuam a aumentar à medida que a cobertura de vacinação contra o sarampo estagna — alerta o diretor de Imunização do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ephrem T. Lemango.

 

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