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Maduro cambaleia

A duas semanas das eleições presidenciais na Venezuela, a ditadura de Nicolás Maduro se vê ameaçada. Seu arsenal antidemocrático contra candidatos competitivos da oposição esvaiu-se ao mesmo tempo em que o pleito marcado para 28 de julho converteu-se em plebiscito do governo.

Pesquisas indicam haver maioria a favor do desmantelamento do regime chavista, exaurido pela economia dilapidada e por infração sistemática aos direitos humanos, que geraram mais de 8 milhões de refugiados— cerca de um terço da população do país.

Maduro é desafiado por um diplomata aposentado e neófito em política, Edmundo González, que o trata respeitosamente como "presidente", não se enreda em discursos revanchistas e promete ressuscitar a atividade econômica para trazer os refugiados de volta.

Em pesquisa de intenção de voto de junho, Maduro obteve 35%, ante 56% de seu oponente. Neste mês, outra sondagem apontou diferença ainda maior, de 27,3% e 68,4%, respectivamente.

Na Venezuela, pesquisas não necessariamente refletem o saldo das urnas. O uso ilimitado da máquina pública e a coação exercida pelo regime em favor da reeleição de Maduro, que assegura ter enquetes sobre sua vitória indiscutível, podem vir a minar as tendências atuais.

O caudilho subestimou a capacidade da oposição de se unir em torno de um nome desconhecido, proposto pela Plataforma Democrática Unitária. E a candidata natural do antichavismo, María Corina Machado, tem sido hábil em atrair votos para González.

Maduro ignorou, principalmente, sua crescente impopularidade oriunda da exaustão de um modelo de governo autoritário, cuja violência está sob investigação pelo Tribunal Penal Internacional.

Entretanto não há dúvidas de que restam fartos instrumentos para o regime perseguir opositores e fraudar a eleição. O chavismo provou-se hábil em se valer deles, mesmo sob o peso da indignação e das sanções internacionais.

Ademais a força bruta, militar e paramilitar, sempre estará à mão de qualquer ditador para impor sua continuidade no poder.

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