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Após fiasco de 1º de Maio, CUT fará novo ato em tentativa de reverter imagem de ‘plateia vazia’

Por Zeca Ferreira / o estadão de sp

 

Após o fracasso de público no evento de 1º de Maio com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Paulo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) fará nova manifestação na próxima quarta-feira, 22, em Brasília. Embora a pauta do protesto seja a revogação das reformas trabalhista e da Previdência, dirigentes da entidade avaliam que o sucesso do ato é essencial para reverter o fiasco da mobilização do Dia do Trabalho. Uma ala da entidade, inclusive, defende uma mobilização “mais radical” de agora em diante.

 

Secretária nacional de Políticas Sociais e Direito Humanos da CUT, Jandyra Uehara conta que a central sindical espera reunir ao menos 10 mil pessoas na capital federal. Essa projeção leva em conta o desafio logístico de realizar o evento durante a semana, o que dificulta a participação dos militantes. A escolha da data, porém, privilegiou os dias com sessão no Congresso, a fim de pressionar os Três Poderes, em especial os membros do Legislativo.

Intitulado “Marcha da Classe Trabalhadora a Brasília”, o evento foi aprovada no último congresso nacional da CUT, em outubro de 2023. Na ocasião, havia a sugestão de que o protesto ocorresse em 1º de Maio, mas não houve consenso sobre isso. Após o fracasso do ato com Lula na capital paulista, a manifestação ganhou força como uma oportunidade para reverter a imagem de “plateia vazia”.

 

“Temos que colocar todos os nossos esforços nas próximas semanas para que o ato no dia 22 seja relevante do ponto de vista político”, disse Jandyra, em entrevista ao programa Manifesto Petista no último dia 9, acrescentando que a desorganização e a desarticulação observada nas mobilizações do Dia do Trabalho são sintomas de algo maior, como a ausência de uma “agenda conectada com a realidade da classe trabalhadora”.

 

A dirigente sindical aponta como exemplo de desorganização o fato de que, se apenas 15% dos 129,1 mil filiados ao PT na capital paulista tivessem comparecido ao ato de 1º de Maio no estacionamento do estádio do Corinthians, na zona leste, a magnitude do evento teria sido significativamente maior. Segundo o Monitor do Debate Político da Universidade de São Paulo (USP), o evento reuniu menos de 2 mil pessoas.

 

Durante discurso, o próprio Lula disse que o ato de 1º de Maio tinha sido “mal convocado”. No palco, o presidente afirmou que tratou do assunto com Márcio Macedo, titular da Secretaria-Geral da Presidência, mas tentou minimizar o problema de falar para menos gente do que o esperado.

Com o intuito de não repetir o cenário observado na última manifestação, uma ala da CUT propõe uma estratégia de mobilização mais radical. Sugerem, por exemplo, que a central sindical direcione seus esforços para a mobilização social em detrimento das negociações institucionais. Também defendem que a CUT avance em suas reivindicações, mesmo que isso signifique entrar em atrito com o governo Lula.

 

Esse grupo também critica a chamada frente ampla no movimento sindical, representada pelo Fórum das Centrais Sindicais, encarregado da organização do 1º de Maio desde 2019. Essa instância de deliberação reúne sete centrais diferentes, como a CUT e a Força Sindical, e é vista como um obstáculo para a mobilização social, pois inclui centrais alinhadas não apenas à esquerda, mas também ao centro.

 

Apesar das críticas, outra parte da CUT acredita que uma boa relação com o governo federal pode resultar em avanços mais significativos do que uma agenda centrada na convocação de manifestações.

 

No último dia 10, dirigentes da CUT se reuniram em São Paulo para discutir os preparativos da marcha a Brasília, incluindo a divulgação nas redes sociais e a contratação de fretados. Os manifestantes se concentrarão às 8h em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, de onde partirão às 10h em direção à Esplanada dos Ministérios.

Embora haja expectativas em relação ao sucesso do ato, deputados federais do PT contatados pela reportagem afirmaram não estar cientes da manifestação. Os parlamentares, contudo, demonstraram apoio às reivindicações da CUT.

 

O ex-deputado José Genoino avaliou no Manifesto Petista que a marcha a Brasília será uma tentativa de administrar a crise, mas expressou ceticismo quanto à magnitude do evento. “Acho que devemos fazer, mas não vai ser uma grande marcha. Agora, vai ser melhor do que o 1º de Maio”, disse.

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