Reeleição não é discussão prioritária
Por Merval Pereira / O GLOBO
O movimento para o fim da reeleição é, entre vários outros, para esvaziar o poder do Executivo que, sem ela, perde muita força, mesmo com um mandato estendido para cinco anos. No último ano, não podendo se recandidatar, o governante perde a força e vira um pato manco, como se diz na gíria política. Com oito anos de mandato, ele tem mais tempo para preparar a sucessão. O problema é que a reeleição no Brasil foi muito destorcida. O governante é eleito já pensando na reeleição e fica fazendo benesses para garanti-la. É um hábito cultural que não superamos. Além do mais, esta discussão não é prioritária, e só está acontecendo agora porque o Congresso está na batalha para enfraquecer o Executivo.
Não é o nosso grande problema. É um movimento político que não sei se vai adiante, uma discussão que pode ser feita a longo prazo, com vantagens e desvantagens. Mas é uma medida que só deverá valer para 2030 e não se sabe se valerá caso seja aprovada agora, porque no Brasil tudo pode acontecer.
Temos o exemplo da cláusula de barreira, aprovada 10 anos antes para ser preparada e quando chegou a hora de entrar em vigor, as regras foram mudadas e ela não entrou. Muda o Congresso, as figuras e o que é aprovado hoje pode não valer mais adiante.