EUA anunciam exercícios aéreos militares na Guiana em meio à tensão com Venezuela
Por AFP — Georgetown, Guiana / O GLOBO
Os Estados Unidos farão exercícios aéreos militares na Guiana em meio às tensões entre Georgetown e Caracas pela disputa da região do Essequibo, rica em petróleo. De acordo com um comunicado divulgado nesta quinta-feira, aviões da Força Aérea dos EUA sobrevoarão a Guiana. A rota dos voos não foi divulgada, mas algumas fontes acreditam que passará sobre o Essequibo. Em resposta, Caracas classificou a ação como "provocação". Na sexta-feira, o Conselho de Segurança se reunirá a portas fechadas e a pedido da Guiana para abordar o tema.
— Hoje o secretário de Estado Antony Blinken conversou com o presidente Mohamed [Irfaan Ali] sobre o nosso apoio à soberania da Guiana e a nossa sólida cooperação econômica e de segurança. Esperamos continuar nossa forte parceria assim que a Guiana aderir ao Conselho de Segurança em 2024 — disse o porta-voz americano Matthew Miller.
Além desse exercício, os Estados Unidos afirmaram que continuarão com a colaboração com o governo da Guiana nas áreas de preparação para desastres, segurança aérea e marítima e combate às organizações criminosas transnacionais. Os dois países têm parceria militar desde 2022.
"Os EUA continuarão seu compromisso como parceiro de segurança confiável da Guiana e na promoção da cooperação regional e da interoperabilidade", afirmou a embaixada americana em nota.
Em resposta, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, classificou os exercícios militares como uma "provocação". "Esta infeliz provocação dos Estados Unidos em favor (…) da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Alertamos que não seremos desviados de nossas ações futuras para a recuperação do Essequibo. Viva a Venezuela!", publicou o chefe militar na rede social X (antigo Twitter).
Reforço brasileiro
O Exército brasileiro enviou 28 blindados para Pacaraima, em Roraima, em meio à tensão. A expectativa é de que a situação não se agrave, mas a instituição se prepara para reforçar a presença no local. De acordo com o ministro da Defesa, José Mucio, o deslocamento das unidades já "estava planejado" para dar apoio a operações de "combate ao garimpo ilegal", mas as unidades blindadas também poderão ser usadas para garantir a segurança na região.
A lista de blindados inclui 16 unidades do modelo Guaicuru (viaturas blindadas multitarefa 4x4), seis Guaranis (viatura blindada de transporte de pessoal, anfíbia e com capacidade para transportar até 11 militares), e seis Cascavel (blindado que possui como armamento principal um canhão 90 mm e como armamento secundário duas metralhadoras 7,62 mm, sendo uma antiaérea e outra coaxial ao canhão, além de seis lança-fumígenos).
Os equipamentos sairão de unidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, onde ficam armazenados, segundo o Estadão. O tempo de transporte deve ser 20 dias até Boa Vista, segundo as Forças Armadas.
Recentemente, o Exército brasileiro aumentou para 130 o efetivo para patrulhamento na fronteira com a Venezuela. O Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, em Roraima, que normalmente opera com 70 homens, ganhou o reforço de mais 60 militares na semana passada.
A ampliação do efetivo faz parte da ativação do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado (18° R C Mec) com sede em Boa Vista, Roraima, a partir da transformação do 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (12° Esqd C Mec).