Flavio Dino está exposto aos inimigos
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Merval Pereira / O GLOBO É evidente que o erro de deixar uma pessoa como a mulher de um traficante entrar no prédio de um ministério não deveria acontecer. A seleção das pessoas tem que ser feita sempre, em qualquer ministério. Depois do problema, foi criada uma norma escrita, e não entendo como não foi feita antes. Foi um erro que acarretou um problema político para o ministro Flavio Dino. Os inimigos, de fora e de dentro do governo, principalmente do PT, estão atrás dele. Há muita coisa em jogo - não querem que vá para o STF, e caso vá, há uma disputa grande para o ministério da Justiça e pela possível criação do ministério da Segurança Pública. Estão usando métodos mais baixos, não há pudor nesta disputa de poder. Dino ficou numa situação fragilizada; é um excesso de perversidade e baixaria insinuar alguma ligação dele com tráfico de drogas. Fora esse exagero, que não se justifica de maneira nenhuma, ficou exposto aos inimigos. Nas redes sociais, a história passou a ser que a pessoa teria sido recebida por ele, o que não é verdade. É uma luta sem fim entre Fake News e notícias verdadeiras e disputa de poder. Mas o presidente Lula está colaborando para isso, porque deixa vagos uma série de cargos importantes, e a briga está a céu aberto, que não existiria com tanta gravidade se ele já tivesse resolvido o caso. Ele fica querendo agradar todo mundo, querendo conversar e cada vez tem menos gente do lado dele capaz de dar opinião ou de discordar. Lula sempre teve em torno dele pessoas com coragem de discordar e opinar. Mas, no caso específico do governo Lula 3, há cada vez menos gente ao lado dele com coragem e capacidade de dar opinião ou discordar. A primeira-dama, Janja da Silva, é procurada por políticos para interferir. A ideia é que ela interfere mesmo e é a única pessoa com capacidade de influenciar Lula. Verdade ou não complica mais o caso e vira um assédio político muito forte em cima da primeira-dama. Tudo isso resulta nas crises que vêm acontecendo.