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A saída de Benedito pode livrar Bolsonaro de goleadas no TSE

Josias de SouzaColunista do UOL

 

Nos dois julgamentos em que foi declarado inelegível pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro perdeu de lavada. Num colegiado de sete membros, apenas os ministros Raul Araújo e Nunes Marques votaram pelo arquivamento. Com a saída do algoz Benedito Gonçalves, que cumpriu nesta quinta-feira seu último expediente no TSE, Bolsonaro não perderá a condição de suspeito minoritário. Mas talvez se livre de novas goleadas —o 5 a 2 pode virar um 4 a 3…

 

Ocupará a cadeira de Benedito a ministra do Superior Tribunal de Justiça Maria Isabel Galotti. Ela já atuava no TSE como substituta. Nessa condição, julgou ações sobre a propaganda eleitoral na campanha de 2022. Concedeu algumas liminares favoráveis a Bolsonaro. Disseminou-se a percepção de que o viés bolsonarista de Isabel Galotti pode ressurgir nos votos que ela proferirá como titular. Seu mandato vai até 2025…

 

Como corregedor-geral, Benedito Gonçalves se incumbia de relatar todas as ações de investigação eleitoral. Ele passará o bastão da Corregedoria para o colega bolsonarista Raul Araújo. Os votos de Araújo serão, digamos, refrescantes. Entretanto, a maioria, embora mais apertada, tende a fazer das limonadas do neo-corregedor novos limões…

 

Para Bolsonaro, banido das urnas até 2030, o azedume do TSE já não importa tanto, pois as penas de inelegibilidade não são cumulativas. Mas a experiência pode não ser tão indolor para o bolsonarismo…

 

Uma das principais ações herdadas por Raul Araújo foi ajuizada pela coligação de Lula. Nela, Bolsonaro divide a ribalta com a fina flor do seu grupo político. Entre eles os três filhos —Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro— e estrelas da tropa legislativa do capitão. Gente como os deputados Bia Kicis, Carla Zambelli, Nikolas Ferreira e Ricardo Salles…

 

Todos são acusados de criar nas redes sociais um "ecossistema da desinformação". A acusação orna com o inquérito sobre milícias digitais, que Alexandre de Moraes conduz no Supremo Tribunal Federal. Uma eventual condenação no TSE sujeita os aliados de Bolsonaro à perda de mandato e à inelegibilidade por oito anos… 

 

Os ventos podem mudar de direção no TSE em junho de 2024, quando Alexandre de Moraes será substituído pelo colega terrivelmente evangélico André Mendonça. Nessa hora, Mendonça somaria seu bolsonarismo ao de Nunes Marques, Raul Araújo, e eventualmente, ao de Isabel Galotti, cujos pendores ainda estão pendentes de verificação. O placar continuaria sendo de 4 a 3, só que a favor de Bolsonaro…

 

Nenhuma nova ação deve ser julgada até o final do ano. Antes do Natal, o Judiciário mergulhará no recesso de final de ano. Os magistrados só retornarão ao batente em fevereiro. Resta agora saber se Araújo, na pele de corregedor, fará a Bolsonaro a gentileza de manter a gaveta fechada por cinco ou seis meses, à espera de uma virada no placar…

 


Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL… NEM A MINHA

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