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A festa acabou

A crise vai balançar as árvores de Natal e empobrecer as mesas de fim de ano, segundo as pesquisas de intenção de consumo recém-divulgadas por associações patronais do varejo. Desemprego, inflação e crédito muito caro diminuem o poder de compra das famílias – efeito já indicado pelos números do comércio até setembro, com volume de vendas 3,3% inferior ao de um ano antes, sem contar veículos e material de construção. O fraco desempenho do setor de serviços também confirma o retraimento dos consumidores. Num cenário de muita insegurança, o bom senso manda controlar o orçamento, liquidar dívidas e evitar novos financiamentos. Todos os dados mostram mais uma vez a falência – ou o esgotamento, segundo os menos críticos – da política de crescimento seguida nos três primeiros mandatos petistas.

O gasto médio com presentes neste ano deve ser 22% menor que o indicado na pesquisa de intenção de compras de novembro de 2014, de acordo com a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Esse cálculo já desconta a inflação. As pessoas entrevistadas mantêm a intenção de presentear, mas o orçamento será mais apertado. Além disso, a maior parte dos consumidores deverá pagar à vista (42,3% em dinheiro e 12,1% por meio de cartão de débito). A ordem é fugir da armadilha do endividamento.

Os indicadores são diferentes, mas a mesma tendência de moderação e cautela é apontada em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). A intenção de consumo das famílias apontada na sondagem de novembro é 2,5% menor que a apurada em outubro e 36,6% inferior à registrada um ano antes. O índice caiu para 76,4, continuando, portanto, na zona negativa. Números abaixo de 100 denotam insatisfação com as condições atuais.

Todos os componentes do indicador – emprego, perspectiva profissional, renda atual, compras a prazo, nível de consumo, perspectiva de consumo e disposição de comprar bens duráveis – diminuíram no mês e em relação aos níveis de um ano antes. O indicador de intenção de consumo é a média de todos esses dados.

A pesquisa da CNC é especialmente interessante porque fornece uma descrição detalhada de como os consumidores percebem sua situação, o quadro geral e as perspectivas da economia. Os números variam entre grupos e regiões, mas continuam negativos em todas as faixas de renda e em todas as partes do País. A avaliação menos pessimista foi captada na Região Sul, mas o indicador da intenção de consumo, mantida em 84,9 pontos, permaneceu na zona negativa.

Os números do consumo até setembro já haviam sido publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em nove meses o volume vendido no chamado varejo restrito foi 3,3% inferior ao de um ano antes. No varejo ampliado (com inclusão de veículos, peças e materiais de construção) a queda chegou a 7,4%, por efeito do desemprego, da redução da renda real, do aperto do crédito e também da diminuição de incentivos ao setor automobilístico.

A retração dos consumidores foi ainda evidenciada na retração do setor de serviços. Os números de setembro apontam redução de volume de 4,8% no mês, 2,8% no ano e 1,8% em 12 meses. A ascensão de um novo grupo de consumidores havia fortalecido a demanda de vários tipos de serviço, contribuindo também para alimentar o crescimento econômico – muito limitado, de toda forma – durante alguns anos. Mas a política voltada mais para o consumo do que para a produção, um erro evidente desde os primeiros tempos, desembocou em recessão e desemprego, além de ter alimentado a inflação e, durante algum tempo, o aumento das importações.

A festa acabou, mas a inflação persiste e o governo ainda terá enorme trabalho para consertar as contas públicas. Afinal, a gastança irresponsável e os incentivos mal concebidos também foram componentes do chamado “modelo” inventado pelo governo petista, mais um previsível fracasso de uma administração inconsequente.

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