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Conta de luz no Ceará vai subir até 13,64%; maior alta do NE

por Yohanna Pinheiro - Repórter diarionordeste

A partir do próximo dia 22, os cearenses precisarão arcar com o aumento médio de 12,97% na conta de luz, decisão que afetará mais de 3,4 milhões de unidades consumidoras em todos os 184 municípios do Estado. A elevação da tarifa será ainda maior para os clientes residenciais (convencionais e de baixa renda) da Companhia Energética do Ceará (Coelce), chegando a 13,64%, incluindo o comércio.

>Custos ocasionaram reajuste acima da inflação, diz Coelce

Para os consumidores de alta tensão (acima de 2,3 kV), onde estão incluídas as grandes indústrias, o reajuste será de 11,51%. Os índices foram aprovados ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e são os mais altos entre os de outras distribuidoras do Nordeste já aprovados. Atrás da Coelce, a Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba) apresentou o maior reajuste médio: 10,72%. Para as residências o reajuste é de 10,76% e para os industriais, de 10,64%.

A Aneel também aprovou ontem os reajustes da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) e da Energisa SE, do Sergipe. Os consumidores da Cosern sentirão uma alta média de 7,73%, sendo 7,78% para os clientes residenciais e 7,61% para os industriais. Já para a Energisa SE, a alta ficou em 5,24%, sendo que, para os consumidores residenciais, o aumento foi de 5,55%, e para os industriais foi de 4,74%.

Ranking nacional

Em todo o País, o índice da Coelce é, até agora, o quarto mais alto do País, sendo menor apenas que os da das distribuidoras paulistas CPFL Jaguari, cujo reajuste foi de 17,12% para a classe residencial; seguida pela CPFL Sul Paulista (17,03%) e pela CPFL Leste Paulista (14,53%).

No ano passado, as contas de energia no Ceará sofreram dois acréscimos. Devido ao aumento das despesas no setor elétrico com a ativação das usinas térmicas, em razão da queda do nível dos reservatórios das hidrelétricas, uma revisão extraordinária feita pela Aneel aumentou as contas em 10,3% em março. No mês seguinte, a revisão tarifária da Coelce ampliou o impacto em mais 11,69%, totalizando uma alta de 21,99%.

A Aneel explicou que, neste ano, além de levar em conta os custos associados à prestação do serviços, à aquisição e à transmissão de energia e os encargos setoriais, o reajuste considerou a aprovação definitiva da revisão tarifária da Coelce, na semana passada. O índice da revisão impactou em 3,57% o reajuste.

Acima do esperado

O presidente do Conselho de Consumidores da Coelce (Conerge), Erildo Pontes, disse que a decisão da agência é lamentável. Segundo ele, pendências deixadas pelo processo de revisão tarifária da distribuidora no ano passado prejudicaram os consumidores, que, agora, terão de arcar com 3,57% a mais do que, na visão dele, deveria ser o reajuste. "O que a gente esperava que ia favorecer o consumidor, favoreceu a empresa", lamentou.

Impacto de R$ 138 mi

Durante a reunião da Aneel, o representante da classe industrial do Conerge, Joaquim Rolim, apresentou a crítica, acrescentando que a medida teria um impacto de R$ 138 milhões sobre os consumidores cearenses. "Tivemos poucos dias para contribuir efetivamente para o processo e, agora, temos um reflexo de uma decisão que, no ano passado, homologou um resultado provisório", apontou.

A Coelce foi a primeira distribuidora no País a sofrer a revisão tarifária em 2015 e, na ocasião, a Aneel estava revendo a metodologia para realizar o processo - até a data para implementar o reajuste, foi definida uma revisão provisória. Diferentemente do reajuste, a revisão é realizada a cada quatro anos, em média, com o objetivo de preservar o equilíbrio econômico-financeiro da concessão.

Indústria

Para o consultor de energia Jurandir Picanço, presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis, o índice também foi acima do que era esperado, uma vez que não havia fatores que pudessem ampliar o reajuste. "A nossa expectativa inicial era que (o índice) ficasse em torno da inflação. A própria Aneel informou que não havia uma pressão para ampliar o reajuste. Mas a revisão (tarifária) pesou".

Ele apontou que a situação já está crítica para a classe industrial, com índices mostrando a redução do consumo por causa da crise econômica. "Há uma redução de 5,5% do consumo de energia no País, até fevereiro, e de 8,3% na indústria. Aqui no Ceará, o setor têxtil foi o mais afetado, com uma queda de 13,3%. É uma situação preocupante", alertou o consultor.

Comércio busca alternativa

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, destacou que, apesar de já ser um aumento de custo esperado, chega em um momento difícil para as empresas. Para contornar a situação, ele aponta que a entidade está difundindo um projeto que visa facilitar a construção de microusinas de energia solar em empresas de pequeno e médio portes, em parceria com o Banco do Brasil. "Em um mês do lançamento, já temos mais de 45 pedidos para a instalação desses equipamentos. Em pouco tempo, construímos uma possibilidade de fugir desse custo que, além de amedrontar pelo valor, também assusta pela possibilidade de vir a faltar", diz.

Queda da qualidade

A Coelce caiu, no ano passado, 11 posições no ranking das concessionárias de distribuição de energia elétrica do País em relação à qualidade do serviço prestado. A companhia, que em 2014 havia ficado na 2ª posição no indicador de Desempenho Global de Continuidade, passou para o 13ª lugar. Com relação à quantidade de interrupções no ano, os consumidores cearenses sofreram, em média, 6,82 interrupções no fornecimento de energia ao longo de 2015. Em 2014, o número havia sido de 4,66 por unidade consumidora.

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