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No pior surto de Covid em meses, China volta a registrar casos em Wuhan

O Globo e Bloomberg / O GLOBO

 

PEQUIM — A China está enfrentando seu maior surto de Covid-19 desde o surgimento do coronavírus no final de 2019, com a variante Delta se espalhando para lugares que estiveram livres do vírus por meses, incluindo a cidade de Wuhan, onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez.

Apesar da alta taxa de vacinação e das medidas restritivas impostas no país, mais de 350 pessoas em 18 das 22 províncias chinesas foram infectadas com a nova cepa em duas semanas, incluindo sete infecções confirmadas nesta segunda-feira em Wuhan. Em janeiro, os chineses enfrentaram um surto com 2 mil casos na província de Hebei, no Nordeste do país, mas ele ficou circunscrito à região e não se disseminou nacionalmente.

O surto da variante Delta na China surgiu em 20 de julho, quando nove funcionários da equipe de limpeza do aeroporto de Nanquim, na província de Jiangsu, no Leste do país, foram detectados com essa cepa mais contagiosa após higienizarem um avião procedente de Moscou. Em poucas semanas, os casos também surgiram em lugares tão distantes quanto a ilha de Hainan, a 1,9 mil km de Nanquim, e Zhangjiajie, local turístico na província de Hunan, na região central do país.

Embora não tenham sido registradas mortes no surto, é o maior desafio para a estratégia da China desde que o vírus foi detectado em Wuhan. As medidas restritivas do país, que incluem testes em massa assim que um caso aparece, rastreamento de contatos, uso generalizado de quarentenas e quarentenas direcionadas, esmagaram mais de 30 surtos anteriores no ano passado.

No entanto, a chegada da Delta, identificada pela primeira vez na Índia, está pondo à prova até mesmo essa abordagem. Com o uso de máscaras e o distanciamento social flexibilizados em grande parte do país — livre da Covid há meses — e o aumento das viagens para as férias de verão, a nova cepa tem sua circulação facilitada, afirmam especialistas.

Pequim, com 17,9 milhões de pessoas totalmente vacinadas, ou 82% de sua população, permanece em alerta máximo depois que mais cidades relataram casos relacionados a Nanquim. Alguns voos, trens e ônibus para a capital chinesa foram cancelados e outras medidas de controle foram intensificadas, de acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Pang Xinghuo, vice-diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças de Pequim, implorou aos visitantes da cidade que viajaram de áreas de alto risco dentro da China ou suspeitam que podem ter estado em contato próximo com alguém infectado para relatar às autoridades. As autoridades também pediram aos moradores que restringissem suas viagens e permanecessem na cidade no futuro próximo, se possível.

— Surtos ocorreram um após o outro em todo o país e vários casos foram relatados em Pequim, levando a uma fase crítica em nossa resposta à epidemia — disse Pang. — Não podemos deixar escapar nenhum caso.

Na China, mais de 1,6 bilhão de doses de vacinas contra Covid-19 foram administradas até domingo, alcançando quase 60% da população. A taxa de imunização do país é uma das mais altas do mundo, mas ainda está muito longe de atingir a barreira de imunidade para a população de 1,4 bilhão, e também não se sabe ainda se as vacinas nacionais podem retardar a propagação da Delta.

Desafio Delta

A maioria das pessoas infectadas em Nanquim havia sido imunizada, e as vacinas desenvolvidas pela China parecem estar fornecendo proteção, com apenas 4% dos infectados nesta onda atual desenvolvendo sintomas graves da doença até agora. Muitos deles têm comorbidades como asma, diabetes ou pressão alta, disse Guo Yanhong, funcionário da Comissão Nacional de Saúde, em uma entrevista coletiva em Pequim, no sábado.

Embora todas as vacinas anti-Covid estejam se mostrando menos eficazes contra a Delta, é grande a preocupação de que as vacinas que usam tecnologias mais tradicionais, como as chinesas e as da AstraZeneca, sejam menos capazes em retardar a transmissão em comparação com as vacinas da Pfizer e da Moderna, por exemplo, que usam tecnologia de RNA mensageiro.

A estatal Sinopharm disse que sua injeção contra a de Covid-19 baseada no vírus inativado e amplamente administrada na China, é 68% eficaz contra a Delta, citando um estudo no Sri Lanka. Já a Sinovac,  que produz a vacina conhecida como CoronaVac no Brasil, disse que os anticorpos induzidos por sua vacina de vírus inativado neutralizaram a cepa em estudos de laboratório, informou o jornal Global Times, sem fornecer mais detalhes.

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