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Inatividade aumenta na pandemia

O Estado de S.Paulo

02 de junho de 2021 | 03h00

Além do óbvio aumento do desemprego, a pandemia está provocando uma mudança não tão nítida, mas igualmente expressiva, no mercado de trabalho. Por dificuldades que a pandemia criou para a procura ativa por uma ocupação ou para cumprir tarefas domésticas impostas pela crise sanitária, pessoas que perderam o emprego estão deixando a população economicamente ativa. Tornaram-se inativas, de acordo com os critérios que balizam as estatísticas do trabalho.

Só na Região Metropolitana de São Paulo, a parcela de inativos passou de 2,9 milhões para 3,8 milhões de pessoas entre o fim de 2019 e o fim de 2020, mostra um estudo inovador da Fundação Seade chamado Trajetórias Ocupacionais.

Desemprego
Homem busca emprego no Núcleo de Convivência para Adultos, conhecido como ‘Chá do Padre’, na Sé, em São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Desempregado e inativo são dois conceitos estatísticos diferentes. Considera-se desempregada a pessoa com 15 a 74 anos que não tem trabalho remunerado, mas procura uma ocupação. Inativo não tem atividade nem a procura. Tornando-se inativa, a pessoa é excluída simultaneamente do grupo de desempregados e da força de trabalho, o que afeta a taxa de desocupação.

Há forte correlação entre a pandemia e o aumento do número de inativos. No fim do ano passado, 44% dos inativos vinham de outra condição no ano anterior. A maioria tivera alguma ocupação. E um terço estava disponível para trabalhar se encontrasse ocupação.

Quanto aos motivos para não terem procurado trabalho no período da pesquisa, 22% dos inativos – ou 838 mil pessoas – disseram que a pandemia e as medidas restritivas para contê-la dificultaram a busca. A necessidade de algum membro adulto cuidar da casa ou de outros membros da família foi o motivo apontado por 33% dos inativos (45% entre as mulheres) para não procurarem trabalho.

Outra pesquisa da Fundação Seade mostra o aumento de 1,4 milhão para 1,9 milhão no contingente de desocupados na Grande São Paulo entre 2019 e 2020. Do total, 30% já estavam nessa situação em 2019, o que mostra como, para parte da força de trabalho, o desemprego é um mal duradouro. A perda de emprego afetou mais os principais responsáveis pelo domicílio.

Bicos, realizados por 26% dos desocupados, e auxílio emergencial, recebido por cerca de 50%, amenizaram os problemas. Mais pessoas recorrem às redes sociais em busca de ocupação.

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