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Em 1983, em plena ditadura, presidente Figueiredo foi grampeado no Planalto Leia mais: https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/em-1983-em-plena-ditadura-presidente-figueiredo-foi-grampeado-no-planalto

Por Daniel Salgado* o globo

Michel Temer não foi o primeiro presidente a ser alvo de grampos, quando Joesley Batista, um dos donos da JBS, gravou conversa comprometedora no Palácio do Jaburu, revelada em maio de 2017.

 

Em 1983, em plena ditadura, o Palácio do Planalto tornou-se o cenário de um caso que lembra os filmes de espionagem. O prédio da Presidência passava por reformas estruturais e em sua decoração quando, no dia 11 de março, o marceneiro Irineu Oliveira descobriu uma escuta instalada numa das paredes do gabinete do presidente-general João Batista Figueiredo. Ao custo de mil dólares (cerca de R$ 3,3 mil pelo câmbio atual), o equipamento então de alta tecnologia não era fabricado no Brasil e tinha alcance de transmissão de cerca de 1.500 metros. Instalado atrás de um dos lambris da sala, media 33 x 11 x 2 centímetros e precisava estar no raio de um centro de retransmissão.

 

Irineu, que pensou que o objeto era uma bomba, acionou as autoridades do Planalto, que por sua vez trouxeram o Serviço Nacional de Informações (SNI), criado em 1964 e então comandado pelo general Newton Cruz. O SNI confirmou ao GLOBO que “tudo nas reportagens era verdadeiro” e defendeu a falsa versão de que seus agentes teriam descoberto a escuta em uma de suas varreduras de rotina. Newton Cruz descartou a “participação da KGB ou da CIA” no episódio, em entrevista publicada em 14 de março. O caso provocou grande repercussão no cenário político e na imprensa.

 

Parlamentares como os deputados Ítalo Conti (PDS-PR), Humberto Lucena (PMDB-PB) e Pedro Simon (PMDB-RS), além dos ministros Gualter Godinho, o brigadeiro Deoclécio Lima, o almirante Maximiano da Fonseca e o procurador geral da Justiça Militar, Milton Menezes, se manisfestaram sobre o ocorrido. Figueiredo, porém, não quis falar sobre o caso.

No dia 15, o SNI começou uma investigação, que, inicialmente, seria divulgada. Porém, no dia 18 o processo começou a correr em sigilo de Justiça para que o resultado “fosse o melhor possível”, conforme divulgado. Paralelamente, a imprensa, sob censura na época, tentava descobrir o autor do grampo. Um dos primeiros nomes a surgir foi o de Waine do Carmo Farias, empreiteiro que conduzia a obra e amigo pessoal de Figueiredo, mas não se provou qualquer vínculo entre ele e a escuta, e o resultado da investigação nunca foi divulgado.

 

No entanto, soube-se na ocasião que um caso de grampo havia acontecido anteriormente, como afirmou o ajudante-de-ordens de Figueiredo, major Juarez Marcon: “A história se repete”. Marcon se referia a uma escuta envolvendo a sucessão presidencial do marechal Artur da Costa e Silva. Após a trombose do presidente, em agosto de 1969, seu vice, o civil Pedro Aleixo, não tomou posse. Aleixo é quem teria sido alvo de escuta, instalada em seu telefone. Em seu lugar, assumiu uma junta militar.

Nas gravações de Joesley Batista, divulgadas à Justiça em delação premiada em 2017, é possível ouvir, entre outros trechos comprometedores, o presidente Temer não se opondo quando o empresário conta acordos que teria feito com outros políticos, além de juízes e um procurador, envolvendo corrupção.

 

* estagiário sob supervisão de Matilde Silveira/ 

Publicado: 26/05/17 - 17h 15min

Atualizado: 09/03/18 - 18h 21min



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Gabinete do presidente. Porta-voz Carlos Átila e repórteres observam comandante Marcos Siqueira: SNI diz que grampo surgiu em varredura

Gabinete do presidente. Porta-voz Carlos Átila e repórteres observam comandante Marcos Siqueira: SNI diz que grampo surgiu em varredura Jamil Bittar 17/3/83 / Agência O Globo




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