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Com avanço da covid, hospitais privados de elite em SP registram taxa de ocupação superior a 90%

Paula Felix, O Estado de S.Paulo

25 de fevereiro de 2021 | 18h07

A escalada de casos de novo coronavírus, somada às internações de pacientes com doenças crônicas, coloca pressão em hospitais particulares de elite de São Paulo, que operam com taxas de ocupação superiores a 90% nos leitos de enfermaria e de UTI, considerando alas covid-19 e as para outras doenças. A alta tem sido associada por médicos e especialistas aos efeitos das aglomerações das festas de fim de ano e há preocupação com as consequências do carnaval. Nesta semana, o Estado registrou recorde de internações em UTIs da pandemia, considerando vagas públicas e privadas. 

No Hospital Israelita Albert Einstein, a taxa total de ocupação é de 99% nesta quinta-feira, 25 e, no Sírio-Libanês, é de 96%. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a taxa de ocupação de UTI para covid está em 91%. Na Beneficência Portuguesa, a taxa de ocupação dos leitos de internação para infectados pelo vírus estava em 94% na quarta-feira, 24, e era 95,74% nas UTIs. Na quinta, a taxa de ocupação nos leitos de UTI e enfermaria dedicados à doença no HCor é de 85% e a ocupação total, 86%

Esses índices variam diariamente, seja pelas altas, mortes de pacientes ou por adequação dos leitos, que podem ser transformados em UTI ou enfermaria, conforme a necessidade. Não significa, portanto, que os hospitais vão deixar de receber novos casos em breve. Mas as taxas têm se mantido elevadas nas últimas semanas.  No Einstein, nesta quinta, havia 123 internados com covid, dos quais 65 na UTI. Nesta quarta, 24, eram 127 internações (55 na UTI). Mas o número veio aumentando nos últimos dias. O balanço do último dia 17 apontava 120 internações, das quais 47 eram em UTI. 

"Quando enfrentamos a pandemia na primeira onda, suspendeu o atendimento das outras especialidades. As pessoas ficaram quase um ano sem se tratar, mas nosso ambulatório de consultórios voltou à atividade plena, retomou-se o agendamento de cirurgias importantes", diz Fernando Torelly, superintendente corporativo e CEO do HCor. A volta de pacientes cardíacos e oncológicos, por exemplo, aumenta a demanda nas unidades de saúde. 

A grande discussão é como vamos ter de atuar se continuar nesse padrão de ocupação do hospital. Agora, a situação é complexa e administrável, mas não sabemos o crescimento que vamos observar nas próximas semanas
Fernando Torelly

Levantamento preliminar do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo com amostra de 60 hospitais privados (16% das unidades da rede particular que atendem covid), apurou que 72% dos hospitais paulistas têm ocupação que varia de 80% a 100% dos leitos de UTI. A pesquisa completa termina no fim da semana. Por outro lado, o estudo destaca que dois terços dos hospitais declaram ter capacidade de aumentar o número de leitos disponíveis, se preciso. 

hospital
Hospital Albert Einstein criou alas e fluxo de atendimento exclusivo para pacientes com covid-19 Foto: Nilton Fukuda/ Estadão

Torelly, do HCor, diz que o hospital trabalha atento ao avanço da doença, a situação em outros Estados e os cenários previstos para os próximos dias. "O ponto de maior preocupação para todos é como será a capacidade de crescimento (dos casos). As variáveis que levamos em consideração são: vacina, as novas variantes, o comportamento da população e a capacidade de leitos. Se tiver mais casos, vamos tentar adequar. Estamos vendo o impacto de atividades sociais do Natal e ano novo, bares e festas. Estamos analisando tudo que está acontecendo no Brasil, em outros Estados, e torcendo para que não aconteça em São Paulo", afirma. 

Para Francisco Ballestrin, presidente do SindHosp, a manutenção de cirurgias e atendimentos eletivos (não urgentes) indica que, por ora, "existe a possibilidade de manter com cautela essa assistência". Ainda de acordo com ele, o adiamento desses procedimentos "traz gravíssimas consequências no agravamento de doenças, especialmente as crônicas como câncer e as cardiovasculares e pode contribuir para o aumento de mortes". 

Hospital Sírio-Libanês
Hospital Sírio-Libanês Foto: Rafael Arbex/ Estadão

Torelly diz ainda que a população precisa colaborar para evitar que a situação se agrave mais ainda. "Temos estrutura hospitalar ativa e dando conta, mas não pode acontecer de ter convívio social mais liberado. Não podemos perder o medo e o respeito pelo vírus. Tem de manter as medidas de proteção para efetivamente ganhar mais tempo com a vacinação", alerta Torelly. 

São 250 mil mortos. Não dá para aglomerar, não usar máscara. Ainda é uma realidade de enfrentamento da maior pandemia da nossa geração
Fernando Torelly

Na quarta-feira, 24, a gestão João Doria (PSDB) anunciou uma restrição de circulação em todo o Estado, das 23 horas às 5 horas, para conter o avanço do coronavírus em São Paulo. Especialistas ouvidos pelo Estadão, porém, consideraram que as medidas apresentadas pelo governo são brandas e confusas. Nesta quarta, a taxa de ocupação de leitos de UTI era de 69% no Estado, com média de 69,3% na Grande São Paulo. 

 

 

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