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Polarização foi maior derrotada nas urnas Depois de várias eleições movidas pelo ódio, o mundo da política — no bom sentido — começa a voltar ao no

O resultado do segundo turno das eleições municipais em 57 cidades, entre elas 18 capitais, reforçou o desenho político de um país situado mais ao centro, de costas para a polarização entre esquerda e direita que marcou várias eleições, em especial a de 2018. A tendência já verificada no primeiro turno foi confirmada nas duas principais cidades do país, São Paulo e Rio, onde o PSDB de Bruno Covas e o DEM de Eduardo Paes derrotaram os apadrinhados de Jair Bolsonaro e os adversários de esquerda.

 

É certo que os pleitos municipais refletem realidades políticas locais, mas é possível vislumbrar nos resultados desse segundo turno uma tendência de aglutinação de forças que podem, em 2022, estar aliadas para enfrentar o bolsonarismo. Algumas estão mais à direita, outras mais à esquerda. Na média, se desenhou um equilíbrio que deixou em segundo plano o petismo e o bolsonarismo.

A vitória do PSDB em São Paulo e do DEM no Rio faz lembrar a dobradinha que sustentou os oito anos da gestão reformista e de estabilidade democrática de Fernando Henrique no Planalto. Mas será preciso ver se a aliança que se esboça entre o o governador paulista, João Doria, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, terá musculatura para superar o bolsonarismo turbinado pela proximidade com partidos do Centrão, outro vitorioso nas eleições.

Numa visão mais ampla, Bolsonaro saiu derrotado, mas não enfraquecido a ponto de estar fora do jogo em 2022. Ao contrário. Continua com popularidade alta, e a rede de apoio no bloco que o sustenta no Legislativo saiu vitoriosa. Partidos do Centrão comandarão 45% das prefeituras, entre elas o terceiro maior PIB, Belo Horizonte, nas mãos de Alexandre Kalil, do PSD. O PP venceu no Piauí e em Alagoas, redutos importantes para o avanço de Bolsonaro no Nordeste. Mesmo no partido que acumulou mais vitórias, o MDB — que a rigor não faz parte do Centrão —, há simpatias ao bolsonarismo.

Será preciso também saber como será a reorganização de uma esquerda diminuída (teve o pior desempenho desde 1985) e fragmentada. O PT saiu menor, pela primeira vez não fez prefeito em capitais. Ciro Gomes (PDT) saiu revigorado com vitórias em Fortaleza e no Recife. O PSOL cresceu em São Paulo com Guilherme Boulos e conquistou sua primeira capital, Belém. O PCdoB foi ao segundo turno em Porto Alegre com Manuela D’Ávila. A divisão na esquerda favorece os adversários.

Em todos os lados do tabuleiro, será hora do exercício intenso da política, no bom sentido do termo. Para derrotar o bolsonarismo, as forças democráticas terão de construir alianças na defesa de uma agenda que atraia os aliados saídos das urnas congregados em torno do centro. Parece simples, mas haverá dificuldades. É reconfortante, ao menos, perceber que, depois de um período de eleições movidas pelo ódio e pela polarização, o mundo político parece estar voltando ao normal. Não é pouca coisa. O GLOBO

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