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Violência doméstica produz uma agressão física a cada 2 minutos no Brasil

Cleide Carvalho / O GLOBO

 

SÃO PAULO — A ação de criminosos preocupa, mas é a violência doméstica que impõe mais um desafio à sociedade brasileira, que já sofre com racismo estrutural, violência de gênero e diversos preconceitos territoriais e sociais. Segundo o Anuário de Segurança Pública, o país registrou 266.310 casos de lesão corporal em decorrência de violência doméstica, 5,2% a mais do que em 2018. O número assusta: representa uma agressão física a cada dois minutos.

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Ao longo do ano passado, as polícias civis de 21 estados brasileiros fizeram 349.942 pedidos de medidas protetivas de urgência.

— Foram 958 pedidos por dia. Isso dá ideia do impacto da violência doméstica na rotina policial e na Justiça — diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entidade responsável pela coleta e análise dos dados.

No primeiro semestre deste ano, o isolamento devido à pandemia reduziu a maioria dos registros relacionados à violência doméstica, principalmente contra mulheres e crianças. Apenas o número de homicídios dolosos (0,8%) e de feminicídios (1,2%) aumentou.

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As pesquisadoras Amanda Pimentel e Juliana Martins, responsáveis pelas análises do período de maior isolamento da pandemia, ressaltam que as chamadas de emergência ao telefone 190 da Polícia Militar por violência doméstica aumentaram 3,8% no primeiro semestre deste ano, em relação a 2018, alcançando 147.379 casos. Os registros em delegacias motivados por agressões classificadas como violência doméstica recuaram 9,9%, o que mostra que as vítimas tiveram menos chance de denunciar seus algozes.

Dos 1.326 casos de feminicídio ocorridos no Brasil em 2019, foram cometidos por desconhecidos ou pessoas sem qualquer vínculo com as vítimas. Ex-companheiros ou companheiros foram responsáveis por 89,9% das mortes. Parentes, por 4,4%. Conhecidos ou outros vínculos, por 3,1%.

O autor também era conhecido das vítimas em 84,1% dos casos de estupro de vulnerável ocorridos no ano passado.

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Para as especialistas, as iniciativas adotadas no Brasil para combater a violência doméstica durante o período de pandemia foram insuficientes. Apesar de terem aumentado os canais de denúncia, segundo elas faltaram medidas concretas e imediatas para resolver a situação, como a oferta de abrigos temporários que dessem condição de as mulheres cumprirem a quarentena longe de seu agressor.

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