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PMDB guerreia consigo mesmo em Congresso

A distância entre o discurso ameaçador do PMDB e sua prática fisiológica impõe ao Congresso que o partido realiza nesta terça-feira em Brasília uma certa ponderabilidade cômica. Um pedaço do PMDB quer declarar guerra ao governo Dilma. Outra ala deseja continuar abrigada nos ministérios. A fricção entre esses grupos faz com que o partido se comporte como o sujeito que diz que vai quebrar a cara do outro, mas leva tanto tempo para levantar da cadeira que compromete a seriedade da cena.

Claro que haverá no encontro do PMDB discursos de gente que defende o rompimento com o governo. Mas também haverá pronunciamentos para lembrar que a reunião não é deliberativa e que a maioria não admite discutir o desembarque antes da convenção partidária marcada para março de 2016. Em tempos de comunicação instantânea, a notícia de que o paquidérmico PMDB levará quatro meses para decidir se deve —talvez, quem sabe…— brigar com Dilma deixa todo mundo meio nostálgico. Ah, o tempo pré-internet, em que as coisas demoravam meses para acontecer.

Nesses quatro meses certamente Lula convencerá Dilma a dar mais dois ou três ministérios ao PMDB e o partido poderá encerrar sua convenção de março sem disparar nenhum tiro. Em quatro meses, o governo oferecerá um pacote de verbas que fará o PMDB recuperar o senso de ridículo. Se é que um dia teve. Não se pode confiar muito na firmeza de um partido que é a favor de tudo e visceralmente contra qualquer outra coisa.

A demora também compromete os planos de futuro do PMDB. Está certo que a legenda queira acomodar Temer na cadeira de Dilma o quanto antes e preparar um presidenciável para 2018. Mas o Eduardo Cunha trocou a proteção do Planalto ao seu mandato pelo engavetamento do pedido de impeachment da presidente. E o prefeito carioca Eduardo Paes, opção presidencial da legenda, está muito ocupado tentando fazer de um secretário municipal que espancou a ex-mulher seu sucessor.

Quer dizer: por ora, a única guerra que o PMDB está disposto a travar é consigo mesmo. É cômico, é muito cômico, é hilário o PMDB. JOSIAS DE SOUZA

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