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Bolsonaro promove invasão das cidadelas do PT.. JOSIAS DE SOUZA

Josias de Souza
 

Colunista do UOL

14/08/2020 22h58

A subida no índice de popularidade de Jair Bolsonaro, captada pelo Datafolha, fez duas vítimas. A primeira foi a agenda liberal do ministro Paulo Guedes, que está definitivamente ameaçada pelos pendores populistas do presidente. A segunda vítima é o PT. Eleito graças ao impulso que recebeu do antipetismo, maior força eleitoral de 2018, Bolsonaro realiza uma incursão inédita pelo universo político do PT. Cavalgando o corona vírus de R$ 600, o presidente invade a última cidadela do petismo: os bolsões de pobreza situados nas regiões Norte e Nordeste e nas periferias das grandes cidades.

O índice de aprovação do presidente subiu cinco pontos em dois meses: foi de 32% para 37%. A taxa de reprovação despencou dez pontos: de 44% para 34%. Até onde a vista alcança, duas novidades tiveram influência: entre os eleitores mais abonados, a moderação de Bolsonaro, adotada a partir da prisão de Fabrício Queiroz, em 18 de junho; entre os mais pobres, que compõem a maioria, pesou o bolso, fornido com o coronavírus.

Está entendido que o governo não dispõe de caixa para manter o benefício de R$ 600. O custo é de R$ 50 bilhões mensais. Mas a criação do Renda Brasil, irmão mais gordo do Bolsa Família, tornou-se incontornável para Bolsonaro. De resto, o presidente está obcecado pela ideia de colocar em pé o programa de obras Pró-Brasil, primo pobre do petista Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Como já declarou o primogênito Flávio Bolsonaro, Guedes terá que "arrumar um dinheirinho" se quiser permanecer no governo.

A movimentação de Bolsonaro reforça a ideia de que, em política, nada se perde e nada se transforma —tudo se adapta. Em maio de 2012, Bolsonaro se referiu à clientela do Bolsa Família como "voto de cabresto do governo" petista. Em outubro de 2014, ele tachou o programa de criminoso. Declarou: "Você vê meninas no Nordeste... bate a mão na barriga, grávida, e fala o seguinte: [...] Esse aqui vai ser uma geladeira, esse aqui vai ser uma máquina de lavar." Agora, Bolsonaro saboreia a perspectiva de conduzir o "cabresto" que condenava nos adversários.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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