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Exército retomará produção de cloroquina, e Estados Unidos doam 2 milhões de doses

Brasília — Defensor do uso de cloroquina no tratamento da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro pediu ao Ministério da Defesa uma retomada da produção do medicamento pelo Exército, que fabricará a droga em duas novas levas.

O Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFex), que produzia 250 mil comprimidos de cloroquina a cada dois anos — para uso exclusivo de seus homens, no combate à malária —, criou um estoque de 1,25 milhão em menos de um mês, entre março e abril, mas paralisou a produção por falta de insumos.

O desabastecimento, no entanto, foi resolvido, segundo fontes que atuaram nas tratativas para atender ao desejo do presidente. Os insumos, provenientes da Índia, voltarão a ser fornecidos em junho.

Pelo menos mais 500 mil comprimidos serão produzidos no laboratório do Exército, com a chegada dos insumos. Segundo o Ministério da Defesa, a droga fabricada até agora foi distribuída com base em demandas da pasta e do Ministério da Saúde. O Exército manda o material para os hospitais das Forças Armadas e para centrais de medicamentos dos estados. A coordenação da distribuição é feita via SUS, segundo a Defesa.

Bolsonaro insiste no discurso de ampliar a distribuição da cloroquina a pessoas com Covid-19, apesar da falta de evidências científicas sobre a eficácia da droga para o tratamento da doença e sobre a extensão dos efeitos colaterais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a suspender o uso de hidroxicloroquina em pesquisas que envolvem cientistas de 100 países, diante da falta de segurança sobre a aplicação da droga. A OMS levou em conta que estudos recentes mostram a ineficácia do medicamento para a Covid-19 e a possibilidade de ampliação de taxas de mortalidade.

Desde o início da pandemia, dois ministros da Saúde já deixaram o governo em razão da discordância com a linha imposta pelo presidente. Nem Luiz Henrique Mandetta nem Nelson Teich validaram o uso indiscriminado da cloroquina. O general do Exército Eduardo Pazuello foi colocado como ministro interino da Saúde. Sob sua gestão, o ministério finalmente atualizou os protocolos para uso da cloroquina, permitindo o medicamento em caso de sintomas leves da doença.

Envio dos EUA

O governo americano comunicou ontem o envio ao Brasil de 2 milhões de doses de hidroxicloroquina.

Em nota oficial, a Casa Branca informou que “a HCQ será usada como profilático para ajudar a defender enfermeiras, médicos e profissionais de saúde do Brasil contra o vírus. Também será utilizado como terapêutico no tratamento de brasileiros infectados”. No mesmo comunicado, a administração Trump anunciou a entrega ao Brasil de mil respiradores.

A parceria entre os dois países em matéria de saúde incluirá, ainda, “um esforço conjunto de pesquisa Estados Unidos-Brasil que envolverá ensaios clínicos controlados e randomizados. Esses estudos ajudarão a avaliar ainda mais a segurança e a eficácia da HCQ para a profilaxia e o tratamento precoce do coronavírus”.

A nota destacou a sintonia entre os dois chefes de Estado: “Com o presidente Donald J. Trump e o presidente Jair Bolsonaro conversando desde março, os dois países estão bem posicionados para continuar trabalhando juntos para enfrentar a pandemia de coronavírus”.

O entusiasmo do governo Trump com a hidroxicloroquina não é compartilhado por médicos e cientistas americanos. Segundo reportagem da agência Reurters da semana passada, hospitais dos EUA reduziram de maneira expressiva o uso do medicamento, um dos tratamentos mais eficientes no combate à malária. O GLOBO

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