Deputada bolsonarista lança sombra que vai alcançar mais operações da PF
Um contrato suspeito entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, e a empresa que tem como sócio um operador do empresário Mário Peixoto é o principal indício de que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, estaria implicado nos desvios de verba para combate ao novo coronavírus, alvo da Operação Pandemia. Há outros, como mensagens dos investigados que falam de pagamentos a Helena.
Não faltaram motivos, portanto, para que a PF realizasse buscas no Palácio Laranjeiras e no escritório de advocacia da primeira-dama, por determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves. A operação está ligada a outra, a Favorito, em que Peixoto foi preso. Se esses elementos justificam a realização da Placebo, um fato lançou uma suspeita contra a operação: a entrevista da deputada federal Carla Zambelli à Rádio Gaúcha um dia antes da sua execução. Carla falou que governadores seriam alvo da PF por fraudes na Saúde, no que ela tentou batizar de escândalo do "Covidão".
Mulher do diretor da Força Nacional de Segurança, Aginaldo de Oliveira, Zambelli é próxima do presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar interferir na Polícia Federal pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que foi padrinho de casamento da deputada. Por isso, é natural que se desconfie de que ela tenha sido informada de ações policiais que não deveria saber, assim como o presidente.
A Placebo foi uma ação que reuniu a PF, os Ministérios Públicos federal e do estado do Rio e teve a supervisão de um ministro do STJ, mas a deputada deu a Witzel o argumento que precisava para se apresentar como uma vítima de um complô tramado por Bolsonaro, seu declarado adversário. Como a parlamentar falou em governadores e disse que haverá ações nos "próximos meses", lançou uma suspeita sobre qualquer operação que vier a ser feita em outras unidades da federação também para apurar irregularidades na Saúde. O GLOBO