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Costureiras de Heliópolis ganham emprego temporário ao produzir máscaras de pano para os moradores

"O mais gratificante para mim é saber que além de ajudar a minha família, eu também estou ajudando outras pessoas".

É o que Maria Paulina sente, ao lado de outras 63 mulheres, ao fazer parte do projeto "Heróis Usam Máscaras" em Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo.

  • Heliópolis é uma comunidade de São Paulo criada na década de 1970;
  • O local tem hoje cerca de 200 mil habitantes

Na última quarta-feira (1º), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que máscaras simples, feitas em casa, devem ser usadas por qualquer pessoa como forma de diminuir o risco de contaminação por coronavírus. E reforçou que as cirúrgicas, já em falta, devem ser exclusivas dos hospitais.

Após o pronunciamento, a procura pelas máscaras aumentou ainda mais. Por conta disso, uma parceria entre o Instituto Bei, União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas) e o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), responsável pela administração das Etecs de São Paulo, iniciou a produção em massa de máscaras de pano para distribuir para a população de Heliópolis.

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Produção das máscaras de pano dentro da carreta — Foto: Deslange Paiva/ G1

O projeto, com apoio de instituições privadas e do governo estadual, contratou 64 costureiras que moram no bairro para trabalhar 8 horas por dia de forma remunerada, 50 delas em regime de home office. O restante, que não tem máquinas de costura para trabalhar em casa, está exercendo a função em uma carreta estacionada na Etec Heliópolis.

 

Cada costureira recebe cerca de R$ 100 por dia. Outros bairros das periferias do estado de São Paulo também estão produzindo máscaras para a distribuição. Ao todo, são 5 carretas em diferentes regiões do estado.

Para a aposentada Maria Paulina, de 66 anos, a iniciativa é uma forma de ela se sentir útil ajudando a comunidade. Assim como a maioria das mulheres que estão trabalhando na iniciativa, ela mora com os dois filhos e é a principal fonte de renda da família. Com a oportunidade, Maria afirma que irá conseguir pagar as contas e sustentar a família neste mês.


A aposentada Maria Paulina visa gerar renda familiar com a produção de máscaras — Foto: Douglas Cavalcante/ Unas Heliópolis

A aposentada Maria Paulina visa gerar renda familiar com a produção de máscaras — Foto: Douglas Cavalcante/ Unas Heliópolis

"Olha eu estou me sentindo útil e extremamente grata por ajudar uma população que precisa tanto. E isso acaba me ajudando também enquanto a crise não passa. É uma iniciativa muito importante e maravilhosa para a população de Heliópolis", afirma Maria.

A meta de cada contratada é a de produzir 48 máscaras por dia. Diariamente são produzidas 3.072 somente em Heliópolis.

Salete Barboza, de 48 anos, é autônoma e trabalha como mecânica de máquinas de costura. Com a crise do coronavírus ela conta que estava sem clientes e consequentemente sem renda para sustentar a família.

Salete mora com a esposa, que está desempregada, e a enteada de 6 anos. "Esse projeto caiu como uma mão na roda. Antes de começara costurar eu já estava em desespero sem saber como ganhar dinheiro para sustentar a casa e pagar as contas no fim do mês. Agora eu me acalmei e estou rezando para que isso passe logo e tudo possa se normalizar".

"Eu sempre frequento a Unas em busca de algum curso, alguma coisa para fazer e as meninas me contaram sobre o projeto e como eu já conheço o funcionamento da máquina resolvi me candidatar", afirma Salete.


Salete é mecânica de máquinas de costura e com a crise acabou perdendo clientes — Foto: Douglas Cavalcante/ Unas Heliópolis

Salete é mecânica de máquinas de costura e com a crise acabou perdendo clientes — Foto: Douglas Cavalcante/ Unas Heliópolis

As mulheres que entraram no projeto foram convidadas por whatsapp e a equipe já está formada. Por enquanto, não existe a possibilidade de montar novas turmas para produção.

Aquiana Mendes, de 26 anos, uma das coordenadoras da equipe que atua na carreta, afirma que no local de trabalho foram adotadas medidas rígidas de higienização para evitar o risco de contaminação. "Todas as máquinas estão dividas com plástico cirúrgico, cada costureira tem seu álcool gel e um pacote de papel para realizar a higienização individual do seu espaço".

Segundo ela, todo dia após o horário de almoço uma equipe de limpeza realiza a higienização completa na carreta. Somente após esse procedimento as costureiras voltam a produzir. Os panos utilizados para a produção das máscaras também são individualizados.

"Aqui na carreta, até o fim do mês a nossa intenção é entregar até 10 mil máscaras. Estamos produzindo mais de 600 por dia", informa Aquina.

Distribuição

A distribuição das máscaras de pano será realizada no próprio bairro. A primeira entrega será realizada na comunidade na segunda-feira (13). "Primeiramente vamos entregar para as pessoas que estão realizando trabalho voluntário, após isso iremos distribuir de casa em casa e em postos de saúde", afirma Cleide Alves, presidente da Unas.

Cada pessoa irá receber um kit com duas máscaras reutilizáveis.

"Nós estamos nessa frente para salvar vidas. Estamos nos antecipando para salvar a nossa população porque o impacto do coronavírus em um periferia é muito grande por conta da geografia do nosso espaço. Queremos fazer a prevenção para evitar a multiplicação dos casos", diz Cleide.

Para Cleide, essa é uma luz no fim do túnel para a prevenção da Covid-19 nas periferias. Segundo ela, a principal recomendação de líderes comunitários da região é que moradores lavem as mãos com água e sabão. O álcool em gel infelizmente virou artigo de luxo, já que em mercados e farmácias da região está indisponível desde o inicio do surgimento de casos em São Paulo.

"Já que as máscaras são uma forma de proteção individual, nós estamos correndo com a produção para proteger a nossa população. Nós queremos impactar cerca de 200 mil pessoas e incentivar outras a produzirem também suas próprias máscaras", afirma Cleide.

Cuidados em casa

Salete conta que toda a família adotou medidas de distanciamento social no período de quarentena, a única pessoa que está saindo de casa é ela por conta do trabalho. "Assim que chego em casa coloco a roupa para lavar, tomo um banho e somente depois disso vou conversar com a minha filha. Nosso maior cuidado é com ela. Felizmente nenhuma de nós faz parte de grupos de risco, mas todo cuidado é pouco".

Maria Paulina está redobrando os cuidados em casa. "Apesar de não parecer, eu tenho mais de 60 anos. Consegui esse trabalho e não tenho como não aceitar porque esta é a única forma de ter uma renda em casa. Uso máscara 24 horas por dia, assim que chego em casa eu tiro a roupa que estava usando na rua e coloco para lavar." PORTAL G1

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