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AMAGGI ALCANÇA SUA MAIOR PRODUTIVIDADE

MAQUINAS AGRICOLAS

Na semana passada, quando o Brasil parou para acompanhar os desdobramentos da crise política, as colheitadeiras da fazenda Itamarati Norte, em Campo Novo do Parecis (MT), trabalhavam a todo vapor. A quase 400 km de Cuiabá, a fazenda do “rei da soja” Olacyr de Moraes, falecido em meados de 2015, foi arrendada em 2002 pelo grupo Amaggi, o terceiro maior produtor de soja do País. 

Em 39 anos de operação, o grupo Amaggi vai alcançar nesta safra sua maior produtividade: 60 sacas de soja por hectare, em média. O resultado supera o obtido pelo grupo na safra passada (55 sacas) e a média do Mato Grosso neste ano, de 51,6 sacas, segundo a Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja). Até a última terça-feira, 83% da safra de soja 2015/16 da fazenda tinha sido colhida. Apesar do clima irregular, que empurrou para baixo a produtividade do Estado, devem ser colhidas 28,5 milhões toneladas – 35% da produção de soja do País.

“Esta safra está sendo rentável para os produtores que estão atingindo a média de produtividade do Mato Grosso”, afirmou Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja-MT. Ele explicou que 65% dos produtores venderam a safra quando o dólar bateu R$ 4. “Se não tivéssemos o incremento do câmbio, estaríamos complicados na rentabilidade, principalmente no nosso Estado, por causa da deficiência logística.” 

Pedro Valente, diretor da Amaggi Agro, diz que a rentabilidade desta safra não será tão boa quanto à das safras dos últimos cinco anos, em que os lucros foram altíssimos. Ainda assim, o resultado virá bom. O lucro da companhia com grãos antes de juros, impostos e depreciação (Ebitda) deve ficar em 18% nesta safra, ante 22% em 2015. A média dos últimos cinco anos foi de 27,5%. “Hoje está ruim, mas está bom, como falam os caipiras da minha cidade”, brinca Valente.  

Os resultados da produção agrícola destoam do resto da economia, que encolheu 3,8% em 2015. No ano passado, só o PIB do agronegócio, sustentado pela agricultura, avançou 1,8% sobre 2014, enquanto a indústria e o comércio deram marcha à ré. “O agronegócio está respirando um pouco melhor do que outros setores porque o dólar subiu bastante, apesar de o valor da soja em dólar ter caído”, observou Valente.

Nos últimos anos, a chave do sucesso da agricultura, capitaneada pela soja, foi o ganho de produtividade. “Introduzida em 1950 no Brasil, a soja demorou mais de 30 anos para alcançar uma produção de 15 milhões de toneladas, em 1982”, lembrou o secretário-geral da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais, Fabio Trigueirinho. De lá para cá, a produção cresceu rapidamente: deve beirar 100 milhões de toneladas este ano, impulsionada por investimentos em pesquisa e tecnologia, da semente a softwares.

Na linha de frente dessas inovações estão instituições de pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e as universidades, que fazem parcerias com empresas para tornar disponíveis essas tecnologias. “O País optou por desenvolver um modelo de agricultura baseado em ciência e adaptado à nossa realidade, ao contrário de outros setores, como a indústria”, afirmou Maurício Lopes, presidente da Embrapa. “O Brasil fez isso ao criar a Embrapa, ao fortalecer as universidades, ao mandar milhares de jovens para serem treinados fora do País.”

Tablet. Na Itamarati Norte e nas demais seis fazendas do grupo Amaggi, por exemplo, o tablet virou uma ferramenta corriqueira nos últimos anos, contou Valente. São mais de 200 equipamentos nas mãos dos supervisores de campo, que alimentam um grande banco de dados ao qual todos têm acesso. Com isso, é possível visualizar as condições da produção de soja de cada talhão que, em média, tem 200 hectares. Com isso, é possível obter um raio X da produção, com dados que vão desde quando e quanto choveu, qual funcionário operou a máquina, até uma foto da área.

Quando Valente chegou à empresa, egresso do mercado financeiro, constatou que não tinha como tomar decisões sem o conhecimento do desempenho da operação agrícola como um todo. Por isso, decidiu criar um gigantesco banco de dados para reduzir custos e aumentar a produtividade. “Como o preço da commodity é dado pelo mercado internacional – e isso eu não discuto –, o que temos de fazer é gerenciar custos”, explicou. O próximo passo será incrementar esse banco de dados, cruzando, em tempo real, informações climáticas com a operação de máquinas nas lavouras. A intenção é saber se não se está jogando dinheiro fora.

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