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Transportes e serviços para famílias devem ser mais atingidos pela crise do coronavírus, diz IBGE

Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo

25 de março de 2020 | 16h44 

RIO - O setor de serviços cresceu 0,6% em janeiro sobre dezembro de 2019, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas atividades que pesam 40% na Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta quarta-feira, 25, deverão ser diretamente atingidas pela crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. O impacto negativo deverá aparecer apenas na divulgação da PMS de março, prevista para ser divulgada somente em 12 de maio, conforme o calendário do IBGE, disse o gerente da PMS, Rodrigo Lobo.

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Os efeitos negativos por causa da pandemia atingirão os serviços de transporte após a atividade ter começado o ano no azul Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

“A maior dificuldade está no setor de transportes, única atividade (da PMS) que fechou no negativo em 2019, por causa do menor dinamismo na economia, especialmente no setor industrial”, afirmou Lobo.

Segundo o pesquisador, a atividade de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio pesa em torno de 30% na PMS. Outra atividade que será diretamente atingida pelas medidas de restrição no contato social são os serviços prestados às famílias, que pesam 9,5% na PMS, afirmou Lobo.

“Hotéis e restaurantes estão com funcionamento reduzido, e isso vai impactar a receita”, afirmou Lobo.

Os efeitos negativos por causa da pandemia atingirão os serviços de transporte após a atividade ter começado o ano no azul. Em janeiro, o setor avançou 2,8% ante dezembro de 2019, puxando a alta de 0,6% no volume de serviços prestados no período.

Segundo Lobo, o comportamento do setor de transportes, ao longo de 2019 e no início deste ano, está atrelado à dinâmica da indústria. Assim, a alta de 2,8% em janeiro ante dezembro de 2019 respondeu ao avanço na produção industrial no início do ano.

Para João Fernandes, economista da Quantitas Asset, o crescimento de 0,6% do volume de serviços prestados em janeiro não mostra robustez, o que evidencia a dificuldade de recuperação da atividade brasileira mesmo antes dos impactos da pandemia.

“O coronavírus começou em um momento em que a economia já estava com dificuldade de ganhar força”, afirmou Fernandes.

Com o impacto negativo da pandemia sobre a economia, a tendência é de que o setor amargue um ano de taxa negativa e seja o mais afetado pela crise do coronavírus, disse Lucas Godoi, economista da GO Associados. Assim como Lobo, do IBGE, o economista espera o impacto para março – fevereiro ainda pode voltar a trazer um resultado positivo.

“Nesta semana, vimos os primeiros números dos efeitos na Europa e nos Estados Unidos e, ao que tudo indica, os serviços vão ser o grande fator dessa crise”, disse Godoi.

*Colaboraram Thaís Barcellos e Cícero Cotrim

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