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Carta ao Leitor: O papel do jornalismo

REPORTERES DA VEJA

Nos últimos anos, por horror à verdade e com claro projeto de manipulação da opinião pública, governantes populistas e suas hostes elegeram a “grande mídia” como inimiga e passaram a classificar de fake news as notícias que lhes desagradavam. O presidente americano Donald Trump foi quem acendeu o rastilho dos ataques ao trabalho da imprensa, ao deflagrar sua campanha, em 2016.

Em seguida, foi copiado em outros países e até no Brasil. Talvez fosse desnecessário reafirmar a relevância do papel do jornalismo sério e cuidadoso, ancorado em fontes de informações confiáveis, mas a preocupante pandemia de Covid-19 abre uma nova janela de oportunidade para reconhecer a importância dos profissionais comprometidos com a verdade.

A mentira e o diversionismo político, que se espraiavam como um vírus em tuítes presidenciais, precisam sair de cena. Cidadãos de todo o mundo, muitos já recolhidos em casa, em atitude adequada e esperada, buscam agora conhecimento por meio de revistas, jornais, emissoras de televisão e rádio, sites e podcasts de credibilidade. Não por acaso, mas por dever e em nome de um serviço de utilidade pública, VEJA, em consonância com a postura de outros veículos de comunicação, abriu gratuitamente a não assinantes, em seu portal, todas as postagens de sua equipe de reportagem sobre saúde.

Vivemos tempos difíceis, que pedem calma, clareza, grandeza e transparência. Assim, VEJA seguirá perseguindo neste momento uma meta que nunca abandonou, em seus mais de cinquenta anos de existência: a missão de informar corretamente os brasileiros. Entre as reportagens sobre a Covid-19 apresentadas na edição desta semana, a revista traz uma de conteúdo excepcional.

Durante dois dias, a editora Adriana Dias Lopes e o repórter fotográfico Egberto Nogueira estiveram nas dependências do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, um dos mais respeitados do país, que recebeu o paciente número 1 (já curado) dos casos de coronavírus no Brasil e rapidamente se tornou referência no combate à doença.

Ao mostrar o cotidiano de médicos, enfermeiros e toda a equipe de um hospital, legítimos heróis de nosso tempo, a dupla transporta o leitor para o coração da História, com H maiúsculo — sem exageros, sem acobertamentos, sem fake news, em suma. Movidos pela determinação do bom jornalista, algo que toda a redação de VEJA se orgulha de ostentar, Adriana e Nogueira se cercaram de cuidados em sua empreitada — ao ingressarem no front de batalha, as instalações do Einstein, vestiram macacões especiais, luvas e máscaras para circular por lá devidamente protegidos, como mandam as normas hospitalares internacionais. Depois do notável trabalho, entraram em quarentena.

É o que chamamos, no jargão da profissão, de “esforço de reportagem”. Esforço que VEJA não freará, como nunca freou, em nome da matéria-prima que alimenta a contribuição dos órgãos de imprensa à sociedade: o zelo pela correção, pelo rigor, pelos fatos (e não suas versões), pela orientação sensata — enfim, pela notícia.

Publicado em VEJA de 25 de março de 2020, edição nº 2679

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