Antes de jantar, Trump elogia Bolsonaro mas não se compromete sobre tarifas
PALM BEACH, Flórida — Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro e Donald Trump, se encontraram para um jantar na noite deste sábado em Mar-a-Lago, resort de propriedade do líder americano em Palm Beach, na Flórida. Em resposta a pergunta de um jornalista americano sobre a possibilidade de os Estados Unidos imporem novas tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros, Trump disse que não fará promessas a esse respeito.
— Nós temos um relacionamento muito bom. A amizade provavelmente está mais forte agora do que nunca — disse Trump, quando questionado sobre as tarifas. Após o repórter reiterar seu questionamento, o presidente respondeu: — Eu não faço promessas.
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Ainda antes do encontro, Trump disse que Bolsonaro estava fazendo um trabalho fantástico e que "o Brasil o ama, e os Estados Unidos também o amam". Bolsonaro respondeu que havia se inspirado em algumas coisas de Trump, o que levou o americano a dizer que "deu um presente para Bolsonaro".
— Um cara muito especial. Acabou se tornando um grande amigo eu. Eu dei para ele um grande presente. Eu dei para ele um bom presente. — afirmou o americano. — Nós não cobramos tarifas sobre algumas coisas dele. Nós o tornamos muito mais popular.
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Ao final da tradução sobre o presente de Trump a Bolsonaro, o presidente brasileiro riu e concordou: "Sim!". Respondendo a elogios de Trump pouco antes do início do jantar, o presidente brasileiro disse:
— Estou muito feliz de estar aqui. É uma honra para mim e para o meu país. Eu tenho certeza que num futuro próximo vai ser muito bom contar com um bom relacionamento de direita.
Em um comunicado conjunto, o Planalto e a Casa Branca disseram que os presidentes reafirmaram durante o encontro seu apoio mútuo à "democracia na região" — incluindo o endosso de ambos os países ao líder opositor venezuelano Juan Guaidó, considerado presidente da Venezuela por cerca de 50 países, incluindo EUA e Brasil, e esforços conjuntos para "restaurar a ordem constitucional" em Caracas.
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O documento também afirma que foi discutido o apoio "aos esforços do governo interino da Bolívia para conduzir eleições livres e justas". O pleito foi marcado para maio após a crise nas eleições de outubro que culminou na renúncia de Evo Morales. Segundo o comunicado, Bolsonaro também teria elogiado a visão americana para paz no Oriente Médio, cujo plano foi anunciado no final de janeiro sob críticas de ser favorável a Israel.
No plano econômico, a nota fala no aprofundamento das conversas para que Brasília e Washington fechem um acordo comercial neste ano e no apoio americano à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Durante o encontro, discutiu-se ainda a adesão do Brasil ao programa América Cresce, para viabilizar projetos de infraestrutura em países latino-americanos, além de cooperações militares e de defesa.
Mesa de jantar
Na mesa de jantar, estavam sentados ao lado dos presidentes a assessora e filha de Trump, Ivanka Trump, o genro Jared Kushner, o conselheiro de Segurança Nacional, Robert O'Brien, o presidente da Corporação Internacional para o Desenvolvimento das Finanças dos Estados Unidos, Adam Boehler e o diretor para Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mauricio Claver-Carone.
Do lado brasileiro, estavam o chanceler Ernesto Araújo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, e o encarregado de Negócios da embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster.
O advogado pessoal do presidente americano, Rudy Giuliani, que também esteve presente no encontro, postou em seu Twitter uma foto ao lado de Bolsonaro, chamando-o "de um herói que quase foi assassinado pouco antes de sua eleição, e que está trabalhando incansavelmente para reformar o Brasil e por um fim à corrupção".
"A mídia esquerdista, tal qual nos Estados Unidos, se recusa a reconhecer a corrupção no estado profundo", disse o ex-prefeito de Nova York, apontado pela investigação da Câmara, de maioria democrata, como o responsável por capitanear a campanha de pressão exercida contra a Ucrânia, parte central do processo de impeachment do qual Trump foi inocentado pelo Senado.