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Entrada de Moro no Instagram acendeu sinal de alerta no Planalto

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro sentiu elevar a temperatura das redes sociais, ao longo desta quinta-feira, com cobranças sobre a possibilidade de esvaziamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado pelo ministro Sergio Moro. Porém, foi a decisão do subordinado de entrar no Instagram que acendeu o sinal de alerta.

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Diante dos questionamentos cada vez mais intensos de apoiadores, sobretudo os entusiastas da Lava-Jato, e dos sinais de descontentamento emitidos pelo ministro, que chegou a ameaçar deixar a pasta em conversas com assessores de confiança, Bolsonaro decidiu recuar de forma pública: declarou logo cedo nesta sexta-feira, no início de uma viagem à Índia, que não recriará “no momento” a pasta da Segurança.

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Bolsonaro já estava, desde segunda-feira, insatisfeito com a postura de Moro no programa Roda Viva, da TV Cultura, principalmente com o fato de o ministro não ter descartado de forma clara que não tem pretensões de concorrer à Presidência. Para Bolsonaro, apesar de Moro ter se saído bem de alguns questionamentos dos entrevistados, ficou a sensação de que ele deixou no ar a possibilidade de subir no palanque em 2022.

A “concorrência” com Moro, que supera o presidente em popularidade segundo as pesquisas de opinião, sempre foi uma pedra no sapato no relacionamento dos dois, que vive de altos e baixos. Agora, aliados de Bolsonaro interpretaram a entrada de Moro no Instagram como uma clara disposição de iniciar a campanha eleitoral nas redes sociais.

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Ao lançar seu perfil, Moro enfatizou que atendia a um conselho da mulher, Rosângela Moro. “A pedido da minha esposa, estou finalmente entrando no Instagram. É uma forma de prestar contas à sociedade. Isso no dia 23 de janeiro, provando que esse perfil é meu mesmo. Muito obrigado", afirmou Moro em seu primeiro vídeo publicado na rede.

Ao mesmo tempo em que o ministro estreava na rede social, Rosângela publicava uma foto no perfil dela lamentando não poder passar as férias com o marido. No comentário, ela marcou o perfil de Bolsonaro e brincou que a “conta” de não passar as férias com Moro vai ser “bem cara”. Em seguida, ela diz que Moro é feliz em integrar o governo e a equipe de "superministros”. Depois, ela elenca cinco fases na vida de Moro e diz que ele “foi ministro”.

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A pressão para Bolsonaro recriar o Ministério da Segurança Pública se arrasta desde o início do governo, se intensificou em agosto passado e voltou com tudo no fim do ano. A retomada do assunto, revelada pelo GLOBO em dezembro, incomodou o ministro. À época, aliados de Moro minimizaram e disseram se tratar de uma cobrança de líderes do Congresso, interessados em tirar a Polícia Federal do guarda-chuva da Justiça.

A disputa pelo comando da Polícia Federal começou no ano passado, com a tentativa de substituir o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. À época, surgiu como eventual opção o nome do secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Gustavo Torres. Amigo de Eduardo e Flávio Bolsonaro, Torres é também próximo ao ex-deputado federal Alberto Fraga, cotado para assumir o comando do Ministério de Segurança.

No Palácio do Planalto, a notícia de recriar a pasta da Segurança atingiu em cheio também a ala militar do governo. O secretário nacional de Segurança Pública, general Theophilo Gaspar de Oliveira, reclamou a aliados que sequer foi avisado da intenção do governo de estudar a recriação da pasta e tampouco seu nome foi ventilado para assumir um eventual ministério. Em sua defesa, o ministro Augusto Heleno (GSI) tentou pôr panos quentes  minimizando que o presidente apenas respondeu “educadamente” à sugestão que teria partido de secretários estaduais de Segurança durante uma reunião. O GLOBO

 

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