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Do Círio de Nazaré a praias de rios, um relato de viagem de Zazá Piereck por Belém do Pará

RIO - Belém do Pará é uma daquelas cidades que deixam marcas em quem a conhece. Foi assim com a empresária Zazá Piereck, dos restaurantes Zazá Bistrô e Zazá Café, no Rio. Ela esteve lá em outubro, 18 anos após a primeira visita. E voltou maravilhada com as diversas sensações que esta capital na Região Norte provoca:

— Quando recebemos o convite da cantora Fafá de Belém para assistir ao Círio de Nazaré, ficamos muito animados (ela viajou com o marido, o também empresário Cello Macedo). A lembrança daquela terra mágica nos deixou com gosto de quero mais. E devo dizer que demoramos tempo demais a voltar. Esta viagem de agora teve dois momentos distintos. As festividades do Círio, a maior celebração católica do Brasil, e o reconhecer Belém explorando seus arredores, ilhas e praias de rio maravilhosas.

A seguir, confira dicas de passeios que Zazá escolheu com exclusividade para o Boa Viagem.

Círio de Nazaré

“Bom, o Círio é imenso. Poderoso até para céticos como eu. Começa de madrugada, no Rio Guamá, com uma gigantesca procissão fluvial: barcos, navios, canoas e centenas de jet skis acompanhando o translado de Nossa Senhora de Nazaré (Nazinha, como é chamada pelos paraenses) até a Estação das Docas.

Segue terrestre, acumulando uma energia crescente com o avançar das horas. Dois milhões de pessoas andando e cantando em uníssono. Chorando e segurando a corda, seguindo a berlinda. Evangélicos abrem os templos para dar descanso aos romeiros. Judeus, gente do santo e do candomblé se juntam à massa para refrescar os romeiros, aspergindo-os com água.

Na sequência, acontece a Festa da Chiquita, que se tornou patrimônio cultural imaterial brasileiro por defender a causa LGBT e leva prostitutas, gays, lésbicas, trans, travestis e agregados para uma festa pagã nessa mesma noite. Nesta festa, Belém nos dá o exemplo e se torna o local de salvação do Brasil, onde o sagrado encontra o profano, nos lembrando, sem distinção de raça, credo, cor ou qualquer que seja, que quem pensa diferente não é inimigo.”

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O que ver

Parque Mangal das Garças, em Belém do Pará Foto: Bruna Brandão / Ministério do Turismo / Divulgação
Parque Mangal das Garças, em Belém do Pará Foto: Bruna Brandão / Ministério do Turismo / Divulgação

“Após os dias de epifania do Círio de Nazaré, resolvemos ficar mais algum tempo em Belém e partimos para a segunda parte da viagem, para explorar a cidade e a natureza.

Descobrimos um amigo em nosso guia Rodrigo Quaresma, um botânico, apaixonado por história, pela cidade e pela natureza e que nos levou para descortinar seus melhores segredos. Como o Mangal das Garças, parque com um mirante para o Rio Guamá de tirar o fôlego.

No centro antigo da cidade, região de Feliz Lusitânia, conhecemos o Centro Cultural Casa das 11 Janelas e o Museu do Encontro, dentro do Forte do Presépio, com sua incrível coleção de arte marajoara.

O Museu de Arte Sacra de Belém também merece ser visitado. Entre outros motivos, está a imagem da Nossa Senhora amamentando. Raríssima, era considerada uma blasfêmia até pouco tempo atrás. Me disseram que só existem três no mundo.”

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Para comprar

Loções à base de ervas e produtos amazônicos, vendidas no mercado do Ver-o-Peso, em Belém do Pará Foto: Bruna Brandão / Ministério do Turismo / Divulgação
Loções à base de ervas e produtos amazônicos, vendidas no mercado do Ver-o-Peso, em Belém do Pará Foto: Bruna Brandão / Ministério do Turismo / Divulgação

"Ver-o-Peso, magnífico mercado. Não deixe de ir embora sem levar um saquinho com flores de jambu (é daí que vem aquela dormência típica da planta). Trouxe, inclusive, umas sequinhas para plantar no quintal de casa. Também experimente castanha-do-pará fresca (dura de três a quatro dias, desde que colocada em água na geladeira). Uma iguaria única e deliciosa, impossível de achar fora do estado.

Ponto das Ervas, ao lado do Ver-o-Peso. Tem erva para tudo: dor de cabeça, gastrite, insônia, para emagrecer, cicatrizar... Você escolhe. Tem até para mau-olhado...

Polo Joalheiro Casa do Artesão, um antigo presídio que foi reformado e oferece artesanato mais sofisticado. A mala, que já não cabia mais nada, teve que estufar mais um pouquinho.

Cachaça de jambú Meu Garoto: há muitas marcas de cachaça com jambu. Mas a questão é a qualidade das cachaças. A Meu Garoto é um pouco mais cara, porém, é feita com cachaça de qualidade. Gostei tanto que importei e passei a oferecer no Zazá Bistrô Tropical, em Ipanema.”

Para comer

Pratos típicos paraenses, em Belém Foto: Zazá Piereck / Acervo pessoal
Pratos típicos paraenses, em Belém Foto: Zazá Piereck / Acervo pessoal

Remanso do Bosque e Remanso do Peixe. Estes são os restaurantes mais famosos. Todo mundo que vai a Belém já leva essa dica. São bons mesmo. Mas lotados. Nem pense em aparecer sem fazer reserva.

Manjar das Garças. Fica no Parque Mangal das Garças, onde tem o mirante. Bufê farto, típico e impecável.

Tacacá do Renato. Lugar bem simples, mas é o melhor. Vá na certa. Bom pra tomar no final do dia.

Ver-O-Açaí. O melhor lugar para comer o verdadeiro açaí. É bom saber que aqui em Belém não existe isso de açaí com guaraná, banana e granola. Os paraenses quase enfartam se você pede uma coisa assim. O açaí é para se comer com peixe e farinha. E o melhor lugar para você provar esse costume é nesse restaurante. O dono é um apaixonado pelo que faz. Se a gente demonstra interesse, ele nos dá uma aula desta maravilhosa tradição culinária.

Sorvetes. Os melhores do Brasil. Cairu (tradicional, todo mundo conhece). Blaus (para mim melhor que a Cairu) e Santa Clara (mais artesanal de todas, muito boa).”

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Ilha do Mosqueiro

Zazá Piereck e Cello Monteiro na Ilha do Mosqueiro, nos arredores de Belém do Pará Foto: Zazá Piereck / Acervo pessoal
Zazá Piereck e Cello Monteiro na Ilha do Mosqueiro, nos arredores de Belém do Pará Foto: Zazá Piereck / Acervo pessoal

“Programa de dia inteiro, para pegar praia e almoçar. Recomendo o quiosque Paraíso Nika. À beira da praia de rio, peça unhas de caranguejo, seguida de moqueca de filhote (um peixe típico amazônico) e uma cerveja gelada. É uma das experiências mais deliciosas que você pode experimentar.

Não deixe de visitar a Igreja Nossa Senhora do Ó, com a Virgem grávida de Jesus, uma imagem rara.

Logo em frente tem uma pracinha fofa com várias barraquinhas onde experimentei pela primeira vez uma tapioca molhada. Vale a pena.”

BUSCA: Para encontrar outras informações sobre viagens pelo Brasil, pesquise com a ferramenta de busca do site do Boa Viagem.

Ilha do Combu

Zazá Piereck nos igarapés da Ilha do Combu, nos arredores de Belém do Pará Foto: Zazá Piereck / Acervo pessoal
Zazá Piereck nos igarapés da Ilha do Combu, nos arredores de Belém do Pará Foto: Zazá Piereck / Acervo pessoal

“Passear pelos igarapés, com suas coloridas palafitas grafitadas pelo projeto Street River, que transformou as casas dos ribeirinhos em obras de arte a céu aberto.

Mergulhar no banco de areia que se forma uma vez por dia e visitar as terras do seu Ladir. Aos 87 anos, se alimentando de açaí e castanhas-do-pará, seu Ladir é de uma vitalidade impressionante. Sobe no alto de um açaizeiro para pegar os frutinhos e dá uma aula sobre o poder das plantas. Desde como se localizar numa floresta a partir de algumas características das posições de plantas e árvores ou os poderes medicinais de ervas, seivas e folhas que ele vai demonstrando enquanto percorremos a mata em que vive.

Depois, vale almoçar na Maloca do Pedro, com vista para o rio e que oferece uma refeição simples e maravilhosa — prancha grelhada com filhote, pescada branca, dourada, vários acompanhamentos e aquela farofa dourada e crocante que só tem lá mesmo.” O GLOBO

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