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Recaídas do Congresso pedem reações à 2013...

Josias de Souza

18/09/2019 23h53

Depois do surpreendente ímpeto reformista que colocou em pé a reforma da Previdência, a ala bandalha do Congresso voltou a elaborar projetos e emendas como quem joga barro na parede. Se colar, colou. Para os adeptos da tática do barro na parede não existe a noção de certo ou errado. Há coisas que são absorvidas e outras que pegam mal.

Quando pega muito mal, como no caso do projeto que aplicou a lógica do 'liberou geral' nas regras eleitorais e partidárias, promove-se um recuo tático. Os senadores deram meia-volta. Os deputados voltaram ao barro para selecionar os pedaços de desfaçatez que achavam possível colar novamente na parede.

Essa movimentação mostra que a história que começou a ser escrita no em junho de 2013 virou um pesadelo do qual o Brasil não consegue acordar. Há seis anos, as ruas roncaram para reivindicar menos roubalheira, mais prosperidade e serviços públicos decentes. O sistema político ofereceu na época uma espécie de Bolsa Teatro. Entrou em cartaz um espetáculo de cinismo. Vieram a Lava Jato, o impeachment de Dilma, o entreato apodrecido de Temer e a eleição de Bolsonaro, um personagem antissistema cuja Presidência se ajusta gradativamente ao seu passado sistêmico.

O esforço para a restauração da imoralidade não se limita ao Legislativo. Há adeptos da volta ao passado no Executivo e no Judiciário. Se essa movimentação revela alguma coisa é que 2013 tornou-se o ano mais longo da história do Brasil. E ainda vai longe. A diferença em relação ao passado é que o cinismo agora encontra resistência. Há uma reação —externa, via entidades civis e redes sociais; e interna, exercida pelo pecaço do Legislativo que nasceu da fome de limpeza da sociedade. O brasileiro continua de saco cheio de sua própria realidade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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