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Encrencados veem Castelo de Areia na Lava Jato

O vazamento de mensagens surrupiadas de celulares da turma da Lava Jato leva corruptos e corruptores a planejar a conversão da maior operação anticorrupção da história num grande mangue com cheiro de Castelo de Areia —nome de uma operação de 2009, que balançou os pilares da empreiteira Camargo Correa e acabou anulada no Superior Tribunal de Justiça por falha processual.

 

Sergio Moro não precisava ter enviado para Deltan Dallagnol uma mensagem sugerindo a inversão de fases da investigação. Era desnecessária uma indagação do então juiz para o coordenador da Lava Jato: "Não é muito tempo sem operação?". Eram inconvenientes as mensagens de Moro e Dallagnol sobre temas como densidade de provas, vazamento estratégico de grampos e o teor de decisões judiciais.

 

Ainda não surgiu elemento capaz de transformar condenado em inocente. Mas tudo o que veio à luz e o que ainda está para sair das sombras faz a alegria da oligarquia político-empresarial, Lula à frente. Tudo o que precisavam era de matéria-prima para questionar a validade das provas da Lava Jato, apresentando a operação como uma versão hipertrofiada de operações antigas, que foram asfixiadas nos tribunais de Brasília.

 

Na Castelo de Areia, por exemplo, reuniram-se provas de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção e caixa dois. O STJ mandou tudo para o arquivo sob a alegação de que a investigação nascera de uma denúncia anônima. Comparar esse caso à Lava Jato é um sacrilégio. O lixo que vazava pelas bordas do tapete há dez anos hoje está na vitrine. Gente poderosa tornou-se impotente. Será uma pena se o Judiciário enxergar na comunicação tóxica da Lava Jato pretextos para virar a página do combate à corrupção para trás.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL. JOSIAS DE SOUZA

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