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Milhares já marcham na Venezuela em jornada contra Maduro convocada por oposição

CARACAS — Milhares de venezuelanos estão nas ruas nesta quarta-feira para protestar contra o governo de Nicolás Maduro. As manifestações ocorrem em diversas cidades do país, incluindo ex-redutos chavistas na capital. Além de Caracas, Táriba, Pedraza, San Cristóbal, Carúpano, Maracaibo e Valencia registram mobilização popular. Também há protestos em Barquisimeto, Vargas, El Tigre, Mérida, Maracay, Araure e San Juan de los Morros.

 

As primeiras horas desta quarta-feira começaram tensas. Durante a madrugada, em manifestações prévias ao ato convocado pela oposição, pelo menos quatro pessoas morreram — entre elas, um jovem de 16 anos que participava de mobilização na favela de Catia, oeste de Caracas. Uma estátua do ex-presidente Hugo Chávez foi queimada em San Félix, no estado de Bolívar.

Pelo Twitter, o presidente da Assembleia Nacional (AN), Juan Guaidó, que se dispôs a encabeçar um governo de transição, publicou uma sequência de fotos da concentração popular contra Maduro em diversas cidades do país. De maioria opositora desde a eleição de 2015, o Parlamento não reconheceu o segundo mandato de Maduro, declarou-o usurpador do poder e propõe a formação de um governo de transição, que ficaria encarregado de convocar novas eleições.

Mais de 40 países consideram a AN o único poder legítimo na Venezuela e desconsideram a vitória do líder bolivariano nas eleições de maio de 2018, marcadas por boicote de opositores, alta abstenção e denúncias de fraude. "Venezuela hoje renasce nas ruas em busca de liberdade e democracia", escreveu Guaidó.

 

Nas grandes cidades, grupos estão marchando pelas ruas rumo aos pontos de concentração dos protestos. Em Caracas, o auge da manifestação ocorrerá na Praça João Paulo II, para onde seguiram milhares de venezuelanos, por exemplo, do bairro de Cotiza, palco de um motim militar contra Maduro nesta semana.

Nos protestos, a multidão segura cartazes com apelos à liberdade e à saída de Maduro do poder. Alguns cantam o hino nacional. Segundo o portal venezuelano Efecto Cocuyo, as palavras de ordem expressam apoio ao Legislativo e a Guaidó.

"Não quero bônus, não quero Claps, quero que Nicolás saia", bradam os manifestantes, em referência ao sistema paralelo de distribuição de alimentos por meio dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção, mercados mantidos pelo governo para a venda aos venezuelanos mais pobres.

Em algumas cidades, os protestos foram precedidos por cerimônias religiosas. O município de Pedraza reuniu manifestantes para uma missa na paróquia Santo Domingo de Guzmán. O mesmo ocorreu em Mérida, na igreja São Jão Batista de Milla, e em Guanare, na paróquia Espírito Santo, reporta o Efecto Cocuyo.

O deputado José Manuel Olivares denunciou pelo Twitter a repressão policial no protesto de El Paraíso. O parlamentar compartilhou um vídeo em que um agente das forças de segurança do governo lança o que seria uma bomba de gás lacrimogêneo na direção de um grupo de pessoas, que correm para longe da fumaça. Em seguida, o mesmo homem detém um manifestante que permaneceu no local e chega a arrancar sua camisa.

A onda de protestos se desencadeia depois de, na segunda-feira, um grupo de militares e oficiais da Guarda Nacional Boliviariana (GNB) se amotinar contra o governo. O grupo roubou armas e veículos militares e se entrincheirou no quartel de Cotiza, em Caracas. O governo deteve 27 militares. Em situação financeira precária e com maior contato com a população, os integrantes da GNB são  o elo mais fraco  do apoio militar ao governo Maduro.

Em vídeos divulgados pelo Facebook, Guaidó e sua mulher, Fabiana Rosales, apelaram a oficiais das Forças Armadas e a suas famílias para que se unissem à mobilização popular e não reprimissem os manifestantes nesta quarta-feira.

Manifestantes apoiam oposição e pedem saída de Maduro em ato em Caracas Foto: CARLOS GARCIA RAWLINS / REUTERS
Manifestantes apoiam oposição e pedem saída de Maduro em ato em Caracas Foto: CARLOS GARCIA RAWLINS / REUTERS

Para esta quarta-feira, é esperado um dia de alta tensão, uma vez que se celebra entre os venezuelanos o 23 de Janeiro, data que marca o golpe que, em 1958, derrubou a ditadura do general Marcos Pérez Jiménez. Depois de dez anos no poder, ele e sua família fugiram neste dia para a República Dominicana.

Por sua vez, Maduro também convocou seus apoiadores às ruas para defender o governo, que, segundo o presidente, é alvo de uma conspiração liderada pelos Estados Unidos. O GLOBO

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