Dilma pede 'licença' e faz pronunciamento na TV contra o 'Aedes'
BRASÍLIA - Em uma tentativa de evitar a ira da população e panelaços que foram programados pelo País a fora, a presidente Dilma Rousseff começou seu pronunciamento de seis minutos em cadeia de rádio e TV para falar da transmissão de doenças pelo Aedes aegypti pedindo “licença” para entrar na casa de todos. A manifestação da presidente, no entanto, causou protestos em bairros de São Paulo. “Não vou falar sobre política ou sobre economia. Vou falar sobre saúde e sobre uma luta urgente que temos que travar neste momento em defesa das nossas famílias. Uma luta que deve unir todos nós”, disse a presidente. “Vamos provar, mais uma vez, que o Brasil é forte, tem um povo consciente, e não será derrotado por um mosquito e pelo vírus que ele carrega”, emendou. Dilma fez questão de mostrar um histórico da presença do mosquito em vários países e afirmou: “o vírus zika, transmitido pelo mosquito, não tem nacionalidade”. Segundo ela, a doença começou na África, se espalhou pelo Sudeste da Ásia, pela Oceania e agora está na América Latina. “E este foi um processo excepcionalmente rápido, a partir do ano passado”, comentou.
Para ela, “este vírus, de presença recente no Brasil e na América Latina, deixou de ser um pesadelo distante para se transformar em ameaça real aos lares de todos os brasileiros”. E acrescentou: “não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação em eliminar os criadouros”.
O pronunciamento da presidente foi gravado na última segunda-feira, no Palácio da Alvorada.
Guerra. Depois de o ministro da saúde, Marcelo Castro, ter falado que o Brasil estava perdendo a guerra contra o mosquito, Dilma voltou a usar o termo e disse que a “guerra contra o mosquito transmissor do zika é complexa”. “Porque deve ser travada em todos os lugares e por isso exige engajamento de todos”, observou. “Se nos unirmos, a maneira de lutar se torna simples. Não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação em eliminar os criadouros”, afirmou.
A presidente voltou a dizer que é preciso combater o mosquito antes de seu nascimento. “Basta que impeçamos o mosquito transmissor de se reproduzir em águas paradas. Se o mosquito não nascer, o vírus zika não tem como viver.”
É uma má-formação congênita em que a criança nasce com o perímetro cefálico menor do que o convencional, que é de 32 centímetros. Isso significa que o cérebro não se desenvolveu da maneira esperada.
Sem detalhar o montante investido pelo governo, a presidente afirmou que todos os recursos “financeiros, tecnológicos e humanos necessários” serão colocados “nesta luta em defesa da vida”. Ela citou novamente o contato feito com o presidente norte-americano Barack Obama para que os dois países possam desenvolver, “o mais depressa possível”, uma vacina contra o zika. “Acertamos colaborar nesse desafio.” Dilma citou a operação que será realizada no dia 13 de fevereiro envolvendo 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas. “Vamos nos espalhar por todo território nacional e, junto com os agentes de endemia e de saúde, junto com você, vamos visitar o máximo possível de casas, para destruir os criadouros do mosquito”, afirmou. "Todos nós precisamos entrar nessa verdadeira batalha. Precisamos da ajuda e da boa vontade de todos. Colabore! Mobilize sua família e sua comunidade.Vou insistir: como a ciência ainda não desenvolveu uma vacina contra o vírus zika, o único remédio realmente eficiente que temos para prevenir essa doença é o vigoroso combate ao mosquito". Criticada nesta terça em sua fala na abertura do ano legislativo pela deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) por não ter ações efetivas para cuidar das crianças com microcefalia, Dilma disse que queria transmitir “uma palavra especial de conforto às mulheres brasileiras, principalmente às mães e às futuras mamães”. “Faremos tudo, absolutamente tudo, que estiver ao nosso alcance para protegê-las. Faremos tudo, absolutamente tudo, para apoiar as crianças atingidas pela microcefalia e suas famílias”, disse.
A presidente falou em “grande exército de paz e de saúde”, com a participação dos 204 milhões de brasileiros e brasileiras e encerrou seu pronunciamento afirmando que “mais do nunca, o Brasil precisa da nossa união”. O ESTADO DE SP