Por que Maia só fala agora em impeachment de Bolsonaro?
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), viu a aparente liderança que detinha em seu partido esvair-se na última semana. Chega ao dia da eleição para a presidência da Casa com o Democratas debandando em peso para o candidato governista Arthur Lira (PP-AL). Na antevéspera, Maia, que passou a gestão Bolsonaro deixando de lado pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, indicou que poderia abrir sua gaveta. Desabafo de quem se vê derrotado ou ameaça real?
Quem ouviu Maia falar do assunto não acredita que ele o fará, de fato. Embora a ação no final de sua gestão seja o que a oposição quer, quem daria seguimento a um processo se o resultado que se espera na eleição de hoje for a vitória de Lira? Na Câmara, pedidos de impeachment chegam entra governo sai governo. Mas eles só andam se fora do Congresso há clima para tanto.
Há hoje vento suficiente para soprar contra Bolsonaro? A maioria de adesões parlamentares que se formou em torno da candidatura de Lira sinaliza que os deputados não estão convencidos disso. Eis então uma parte da explicação para Maia isolar-se em seu último possível gesto. A oposição que se aliou a ele por contingência para tentar derrotar o candidato de Bolsonaro sustenta a bandeira do impeachment, mas não tem forças para levá-la adiante, se o novo presidente da Casa e os que com ele se alinharem não quiserem.
Assim, Maia vai deixando o poder com um futuro incerto na política. Perdido, pelo menos temporariamente, o apoio de sua própria legenda, o deputado terá que esperar que o vento mude de direção, já que a maioria de seus correligionários parece entender que apostar no discurso antibolsonaro ainda é cedo.