Fabricante entrega seringas requisitadas pelo Governo Federal para combate à Covid-19
A fabricante de seringas Saldanha Rodrigues entrega ao Governo Federal 2,8 milhões de seringas nesta sexta (22), completando o envio das 10,5 milhões de unidades que foram demandadas dela na primeira requisição administrativa feita pelo Executivo às empresas do setor no início de janeiro.
A medida do governo foi tomada após fracasso de pregão para adquirir 331 milhões de unidades.
A companhia recebeu outras duas requisições, que somam 19,5 milhões de seringas, e enviou propostas de cronograma para adequar o rítmo de entregas a sua capacidade de produção.
O valor pelo qual a companhia será indenizada pelas seringas entregues será igual ao obtido pelo governo no próximo pregão, ainda sem data marcada.
Filipe Oliveira (interino), com Mariana Grazini e Arthur Cagliari
Com aglomeração e sem máscara, Bolsonaro inaugura trecho de rodovia no interior da Bahia
21 de janeiro de 2021 | 16h50
CORIBE – O presidente Jair Bolsonaro inaugurou na manhã desta quinta-feira, 21, um trecho de 67 km da BR-135, em Coribe, cidade do Oeste da Bahia, distante 857 km de Salvador. Sem máscara, o presidente causou aglomeração e realizou apenas um pronunciamento, sem falar com a imprensa.
Dezenas de apoiadores do mandatário aguardavam para vê-lo. Bolsonaro foi recebido também pelos convidados, ovacionado aos gritos de “mito”. Parte dos apoiadores também estava sem máscara.
LEIA TAMBÉM
'A falta de oxigênio foi a gota d'água', diz advogado que pediu denúncia da PGR contra Bolsonaro
A obra entregue nesta quinta-feira está avaliada em R$ 101.211.807,27. Iniciada em fevereiro de 2017, a obra deve beneficiar o corredor logístico para escoamento da produção de grãos da região do MATOPIBA que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
De acordo com o ministro Tarcísio de Freitas, a obra vai interligar com a rodovia Oeste /Leste e fazer a integração dos Estados que estão em amplo crescimento no setor do agronegócio. “É fundamental para o desenvolvimento do interior do Nordeste essa obra”, disse Tarcísio, ao finalizar que a licença ambiental para continuar o projeto está bem próximo de se concretizar. Ele garantiu também o asfaltamento da BR-030, que liga a cidade de Cocos à Carinhanha.
Durante o pronunciamento, Bolsonaro prometeu às 564 famílias do Assentamento São João o direito ao título de propriedade. E disse que voltaria para entregar estes títulos às famílias assentadas muito em breve. “Em dois anos do meu governo entregamos mais títulos que os 20 anos dos governos anteriores”, afirmou.
Antes de deixar o local, o presidente foi para o meio do povo. Na aglomeração, Bolsonaro abraçou, tirou selfies com os apoiadores e chegou a carregar e levantar um recém-nascido. Ele também surpreendeu os apoiadores ao aparecer em cima de um cavalo.
O dono do animal, Kellinton Barros, de 52 anos, disse que ficou tão satisfeito em ver o presidente subir em seu cavalo, que atendia tendia pelo nome de Roxão, que o rebatizou, dando ao seu animal o nome de Bolsonaro.
Major França, responsável da Polícia Militar do estado da Bahia e pela segurança do público no evento, disse que, mesmo com a quebra de protocolos, o evento seguiu dentro da normalidade esperada, apesar de ser pego de surpresa.
Após uma hora e trinta minutos de evento, o presidente e sua comitiva voltaram para o helicóptero e seguiram em direção a Barreiras-Ba onde o avião presidencial os esperavam para levá-los de volta a Brasília.
Ministério Público apura denúncias de 'fura-filas' da vacina contra covid em pelo menos 7 Estados
21 de janeiro de 2021 | 14h01
Com o início das campanhas de vacinação contra a covid-19 no Brasil, surgiram os primeiros relatos de pessoas que estão passando na frente dos grupos prioritários, os "fura-filas". Entre os registros, divulgados - e celebrados - abertamente nas redes sociais, estão prefeitos de cidades da Bahia, Sergipe e Paraíba, profissionais nomeados no dia da imunização no Amazonas, um fotógrafo no Pernambuco e um chefe de setor de informática no Rio Grande do Norte. A lista continua crescendo. Em todo o País, o Ministério Público acompanha as denúncias, que podem levar a ações penais e acusações de improbidade administrativa.
LEIA TAMBÉM
Manaus vacina até filho de deputado; MP cobra Estado sobre critérios para distribuir doses
Contando com apenas 6 milhões de doses disponíveis da vacina contra a covid-19, o Plano Nacional de Imunização, elaborado pelo Ministério da Saúde, definiu como grupos prioritários os idosos e deficientes residentes em institutos de longa permanência, profissionais de saúde e indígenas aldeados.
No plano, o ministério recomenda uma "ordem de priorização" entre os profissionais de saúde, com as equipes de vacinação, trabalhadores de asilos e funcionários de serviços de saúde público e privados que atuam na linha de frente do combate à covid-19 em primeiro lugar. Estados e municípios podem, dentro dessas categorias, "adequar a priorização conforme a realidade local".
Especialistas defendem que a vacinação contra a covid-19 deve ser uma estratégia coletiva, não individual, com o objetivo de proteger as pessoas que pertencem aos grupos de risco e as que estão mais expostas ao vírus que já matou mais de 212 mil brasileiros.
Bahia
Mesmo sem fazer parte do grupo prioritário, Reginaldo Prado (PSD), prefeito de Candiba, na Bahia, a cerca de 700km da capital, tomou a vacina contra a covid-19. O ato aconteceu nessa terça-feira, 19, mesmo dia em que o imunizante chegou na cidade, e foi compartilhado nas próprias redes sociais da prefeitura. Com apenas 15 mil habitantes, localizada no centro-sul baiano, Candiba recebeu apenas 100 doses da CoronaVac.
Segundo o plano municipal de vacinação, nesta primeira fase, somente trabalhadores da saúde e idosos com mais de 75 anos poderiam ser vacinados. O prefeito Reginaldo tem apenas 60, o que o leva a estar na segunda fase do plano, composta por idosos de até 74 anos. Isso está de acordo com o plano de imunização divulgado pelo governo do Estado da Bahia.
Em nota, a prefeitura informou que o prefeito foi imunizado em “um ato de demonstração de segurança, legitimidade e eficácia da vacina, como forma de incentivo para a população que está desacreditada”. A prefeitura ainda afirmou que o gestor se enquadra nos critérios de vacinação, pois é hipertenso e diabético. “A intenção foi apenas encorajar aqueles que ainda estão resistentes e questionam a efetividade da vacina”, disseram.
Além do gestor, a biomédica Mirele Costa Cruz, que trabalha na linha de frente do combate à covid-19 no Hospital e Maternidade de Candiba, foi outra das primeiras pessoas vacinadas na cidade. O Estadão não conseguiu contato com o prefeito, que apareceu na manhã dessa quarta em um vídeo nas redes sociais da prefeitura comentando o caso.
“As pessoas que trabalham no posto de saúde, no combate à covid-19, me convidaram para estar com eles. Ao chegar lá, até o pessoal da saúde estava preocupado em tomar a vacina. Eu respondi que não tem nada de mais, que eles podem tomar despreocupados. Com isso, no meio de tantas pessoas, perguntaram o motivo de eu não ser o primeiro a tomar. Dei de mim o melhor autorizando a me aplicarem a vacina”, afirma.
Devido a repercussão negativa, a prefeitura de Candiba bloqueou a opção de comentar nas publicações do Instagram. No vídeo, Reginaldo também pediu desculpas. “Peço perdão se errei, se fiz algo a desejar, mas a maior testemunha que eu tenho é Deus e a minha mente, que o meu objetivo foi dar de mim o melhor para o povo candibense e fiz isso ao tomar a vacina, incentivando outras pessoas a tomar”, concluiu.
Nesta quarta-feira, 20, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado da Bahia ajuizaram uma ação de improbidade administrativa e uma ação civil pública contra o prefeito. Para a Procuradoria e a Promotoria, Reginaldo Prado "furou a fila" de grupos prioritários e, por isso, pedem a condenação do gestor por ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública e a indisponibilidade de seus bens para pagamento de multa no valor de R$ 145 mil.
Sergipe
Em Itabi, no Estado de Sergipe, o prefeito Júnior de Amintas (DEM), de 46 anos, foi o primeiro a tomar a vacina. A ação também aconteceu na terça-feira e gerou revolta da população de cerca de 5 mil habitantes. Em nota oficial, a Secretaria de Saúde do município explicou que o prefeito foi imunizado para incentivar a população a se vacinar.
“Segundo o informe técnico ‘Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19', elaborado pelo Ministério da Saúde, é ‘facultado a Estados e municípios a possibilidade de adequar a priorização conforme a realidade local’, razão pela qual o prefeito foi imunizado”, disseram.
Pernambuco
Já em Jupi, cidade do interior de Pernambuco, foi a secretária de Saúde Maria Nadir Ferro e um fotógrafo que trabalha na prefeitura, conhecido como Guilherme JG, que tomaram a vacina, mesmo sem fazer parte do grupo prioritário. Os dois servidores públicos foram afastados. O município recebeu apenas 136 doses da Coronavac.
Em nota, a prefeitura lamentou o ato: “A gestão repudia totalmente qualquer ilegalidade na não observação do plano estadual e municipal de imunização, principalmente em relação a vacinação de pessoas fora do quadro prioritário, a qual nesta fase abrange a vacinação dos profissionais de saúde que estejam no combate à covid-19".
A Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco recomendou aos promotores do Estado nesta quarta-feira, 20, que "intensifiquem o processo de fiscalização da vacinação em todas as cidades pernambucanas". Além de exigir a apresentação de planos de vacinação municipais, o MP também deve acompanhar o cumprimento da ordem de prioridade estabelecida no Plano Nacional de Imunização.
Rio Grande do Norte
Em Natal, o Ministério Público estadual apura denúncias de que funcionários da prefeitura, fora do grupo prioritário para a vacinação, foram imunizados. De acordo com os relatos, apresentados ao MP pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Natal, funcionários que detêm cargos comissionados na Secretaria Municipal de Assistência Social receberam a Coronavac em um dos locais de vacinação da cidade. Entre eles está o chefe do setor de informática da secretaria, que compartilhou nas redes sociais o registro do momento em que foi imunizado. Segundo o MP, os casos serão analisados individualmente "para se investigar se houve o cometimento de crime ou ato de improbidade".
Em nota, a prefeitura do Natal disse que os funcionários fazem parte das equipes diretamente envolvidas na vacinação contra a covid-19. Após a repercussão do caso, o município reforçou que restringirá a vacinação aos profissionais de saúde com atuação "efetiva e comprovada" na linha de frente e aos idosos residentes em instituições de longa permanência. A prefeitura também deve apurar as denúncias através da ouvidoria do município.
O prefeito da cidade, Álvaro Dias (PSD), que é médico, mas não atua na profissão, chegou a anunciar na terça-feira, 19, que seria a primeira pessoa a receber a vacina em Natal para "dar exemplo" à população. Após críticas, Dias recuou e disse estar protegido por tomar ivermectina, antiparasitário de eficácia não comprovada contra a covid-19 recomendado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro Eduardo Pazuello.
Amazonas
Em Manaus, registros compartilhados em redes sociais mostram os recém-formados em medicina David Dallas, filho do deputado estadual Wanderley Dallas (Solidariedade), e as gêmeas Gabrielle e Isabelle Kirk Lins, filhas de um empresário local, recebendo a Coronavac. Uma das gêmeas foi nomeada pela prefeitura na véspera e os outros dois foram contratados no dia da vacinação. Eles não ocupam cargos de médicos, mas de gerentes de projetos - com salários de cerca de R$ 15 mil, e não atuavam na linha de frente do combate à covid-19. O prefeito David Almeida (Avante), chegou a anunciar nas redes sociais nesta quarta-feira, 20, que baixaria uma portaria proibindo as pessoas de postarem fotos do momento da vacinação.
Nesta quinta-feira, 21, a prefeitura de Manaus suspendeu a campanha de vacinação por um dia para "reformulação". A orientação agora é de que a prioridade na vacinação deva ser dada aos profissionais das unidades de referência, de média e alta complexidade, que tenham contato direto com pacientes com covid-19, levando em conta fatores como comorbidades e idade.
Paraíba
O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar se o prefeito de Pombal, na Paraíba, médico obstetra Abmael de Sousa Lacerda (MDB), mais conhecido como Dr. Verissinho, furou a fila da vacina da Coronavac. Ele foi a primeira pessoa a tomar a vacina na cidade, mesmo sem fazer parte dos grupos prioritários, segundo denúncia que chegou ao MPF.
Verissinho tem 66 anos e ficou conhecido por fazer atendimento médico gratuito à população, mas o MP quer saber se ele estava de fato na linha de frente da covid-19. O procurador da República Anderson Danillo Pereira Lima enviou ofício ao prefeito, na quarta-feira, 20, solicitando que comprove com documentos se pertence ao grupo prioritário. O Ministério Público da Paraíba também abriu investigação para apurar se Dr. Verissinho “furou a fila” da vacinação.
A cidade, de 32 mil habitantes, recebeu 282 doses da vacina. O prefeito disse que não furou a fila, pois entende que está no grupo prioritário. “Sou médico e atendo gratuitamente pessoas, inclusive muitas com suspeita da covid-19. Tenho 66 anos e, como prefeito e médico, quis mostrar que ninguém deve ter medo da vacina. Não acho que houve fura-fila e estou prestando as informações ao Ministério Público”, disse.
O prefeito recebeu a vacina na terça-feira, 19, quando o lote chegou à cidade. Na quarta, a Secretaria de Saúde do Estado divulgou nota técnica estabelecendo que a prioridade, no caso de profissionais de saúde, é vacinar apenas quem está trabalhando em UTI de covid-19, enfermeiras que tratam pacientes com a doença ou que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), além das equipes diretamente envolvidas na vacinação.
Ceará
Giovanni Sampaio, vice-prefeito de Juazeiro do Norte, cidade localizada a cerca de 400 km de Fortaleza, foi vacinado na terça-feira, 19. Segundo a prefeitura, ele é médico obstetra e atua como voluntário no combate à covid-19 em unidades de saúde do município. Em nota, o Ministério Público do Ceará diz que instaurou notícia de fato para apurar "suposta violação das regras de vacinação por um agente público municipal" e que decidirá, após averiguação, qual é a medida cabível no caso.
O MP apura também a vacinação de Benedita Oliveira, secretária de saúde de Quixadá, no interior do Estado. Ela foi uma das primeiras a receber a Coronavac na cidade. A Promotoria estipulou prazo de cinco dias para envio de lista "contendo a qualificação das pessoas que foram vacinadas" com relação aos critérios definidos pelo Ministério da Saúde.
Segundo o Ministério Público, podem responder por improbidade administrativa os "servidores públicos que desrespeitarem a fila de vacinação em benefício próprio ou de outras pessoas, sem que atendam aos critérios estabelecidos pela Secretaria da Saúde do Estado para a fase atual do programa".
Pará
O diretor administrativo do Hospital Municipal de Castanhal, cidade de 200 mil habitantes na região norte do Pará, foi demitido pela prefeitura após ser acusado de furar a fila da vacina Coronavac. O agente público Laureno Lemos, de 38 anos, se apresentou para a vacinação no início da noite de terça-feira, 19, logo após a primeira dose ter sido aplicada na servidora Nivalda Pestana, de 58 anos, que trabalha há quase 20 anos na lavanderia do hospital e está na linha de frente da covid-19.
Moradores denunciaram o desrespeito às regras da campanha após uma foto do servidor sendo vacinado ter sido postada na rede social Facebook. Antes da chegada do imunizante, ele criticava publicamente a Coronavac e afirmava que não tomaria a vacina chinesa. Ao tomar conhecimento do fato, na manhã de quarta-feira, 20, o prefeito Paulo Titan (MDB) determinou a dispensa do agente público.
Em nota, a prefeitura informou que a atitude do servidor “foi totalmente contrária às determinações da administração municipal, já que não se enquadrava no grupo prioritário. Por esse motivo, ele não faz mais parte do quadro funcional. Em respeito à vida, a prefeitura estará vigilante para que nada semelhante se repita”.
À reportagem, Lemos disse que não pediu para ser vacinado. “Eu era contra a vacina, mas veio uma lista da diretoria geral para que todos se vacinassem. Então, depois que aplicamos a vacina na servidora escolhida para ser a primeira, os outros funcionários começaram a tomar. Eu fui ali o trigésimo. Estava na minha sala quando me chamaram.” Ele disse que não se considera fura-fila. “O hospital atende a covid-19 e tenho contato direto com os pacientes e casos suspeitos.”
Lemos disse que a lista será enviada ao Ministério Público, que já apura o caso. Afirmou também que já discute com advogados a sua demissão. “Só eu fui exonerado e ninguém me pediu uma explicação sobre o acontecido.” Lemos foi candidato a vereador pelo DEM nas últimas eleições municipais e recebeu 253 votos, não se elegendo. Castanhal recebeu 1.480 doses da vacina, suficiente para vacinar 40% dos profissionais da saúde na linha de frente contra a pandemia, além de 38 idosos em um asilo./COLABOROU CARLA MENEZES
Prefeitura de SP prevê 'revolta' de profissionais de saúde por falta de vacina contra covid
21 de janeiro de 2021 | 11h00
A Prefeitura de São Paulo espera “uma revolta” por parte de profissionais da saúde nos próximos dias diante da pouca quantidade de doses de vacina contra a covid-19 enviada ao município. O montante não é suficiente para vacinar nem metade das equipes na linha de frente contra o novo coronavírus. O secretário de Saúde, Edson Aparecido, também diz que locais como o Hospital das Clínicas, por exemplo, têm recebido um número de vacinas proporcionalmente maior do que as redes municipal e privada. O sindicato que representa os médicos critica o fato de não haver planos claros para a vacinação dos profissionais.
LEIA TAMBÉM
Capacidade de produção de vacina contra covid em SP está esgotada, diz gestão Doria
A cidade tem cerca de 500 mil funcionários do setor na linha de frente, calcula a Prefeitura. São mais de 6 mil leitos de enfermaria e em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nas redes pública e privada. Mas a cidade recebeu apenas 203 mil doses da Coronavac, distribuídas pelo Instituto Butantan. As primeiras doses estão sendo aplicadas mesmo sem a Prefeitura ter recebido os frascos da segunda dose, caso contrário o público protegido seria ainda menor.
“Todos estão revoltados, é uma coisa impressionante”, diz o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, que está encarregado de distribuir essas 203 mil doses e que tem ouvido as reclamações. “Se o critério fosse populacional, deveríamos receber dois lotes de 380 mil nesta primeira etapa”, complementa.
“Pode ter uma reação dos profissionais de saúde grande. É um fator de insegurança. Eles estão nessa frente há 12 meses” continua Aparecido. Segundo ele, parte do fator de revolta entre os profissionais de saúde se deve a essa suposta divisão dentro da cidade: no Hospital das Clínicas, onde a campanha de imunização teve início e onde a gestão é de responsabilidade direta do governo João Doria (PSDB), toda a equipe estaria vacinada. “Estudantes de quinto ano, médicos que estão em home office há oito meses”, segue Aparecido.
Diante do número baixo de vacinas, a Prefeitura decidiu adotar a estratégia de usar todo o imunizante disponível para vacinar o máximo de pessoas possível, sem guardar metade do material para a 2ª dose. “Recebemos 203 mil (doses), vamos vacinar 203 mil pessoas. Daqui a 14, 15 dias, vamos receber mais 203 mil. E aí a gente dá a 2ª dose”, complementa o secretário, que diz ter recebido a garantia do Estado sobre a chegada das futuras remessas.
O Butantan, que produz as vacinas com base em insumos vindos da China, aguarda autorização da Anvisa para distribuir mais 4,8 milhões de doses da Coronavac para a Secretaria Estadual da Saúde paulista e para o Ministério da Saúde. Esgotado esse material, porém, ainda não há certeza de quando novas doses estarão disponíveis, uma vez que há atraso no envio de matéria-prima chinesa. Doria tem pressionado o governo Jair Bolsonaro para articular uma solução diplomática para o impasse. Aparecido disse que é equivocada a ideia de que há vacina para todos. “Tem de lidar com a realidade”, afirmou.
Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Victor Dourado diz que a preocupação vai além da vacinação da própria categoria. “Há outros profissionais de saúde que também precisam de atenção”, afirmou, citando pessoal de limpeza e de atendimento aos pacientes que chegam aos centros médicos com os sintomas da covid. Destacou que, mais do que a falta de imunizantes para todos, o sindicato avalia que não há clareza sobre o plano de vacinação e os critérios usados para a escolha dos profissionais que vão receber primeiro a vacinação. “Existe uma mesa de trabalho que está acompanhando a situação”, afirma Dourado, que tem feito reuniões periódicas e inclui os demais profissionais.
Estado diz que estratégia considera limitação de imunizantes
Em nota, o governo do Estado informou que “a campanha de vacinação contra covid-19 tem como referência o número de pessoas imunizadas contra a gripe em 2020 indicado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Assim, o Ministério da Saúde utiliza este critério para envio aos Estados, e o mesmo ocorre em São Paulo para redistribuição às Prefeituras”.
Segundo o texto, o ministério da Saúde reservou ao Estado cerca de 1,3 milhão de doses da Coronavac, o suficiente para imunizar apenas 650 mil pessoas. “Consequentemente, o mesmo critério precisou ser adotado de forma equânime para todas as 645 cidades." Por isso, diz o governo, a recomendação é que apenas profissionais de saúde sejam vacinados. Novas remessas serão destinadas à Prefeitura à medida que o ministério "viabilizar mais doses, o que permitirá também a expansão de públicos-alvo e a imunização da totalidade dos profissionais de saúde.”
Sobre a suposta preferência aos profissionais do HC, a nota afirma que estão sendo vacinados os profissionais que têm contato com pacientes contaminados pelo coronavírus e que o complexo “não aderiu ao esquema de home office”.
Vizinho ao HC, Emílio Ribas vive ansiedade por entrega
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas não recebeu nessa quarta-feira, 20, doses da Coronavac para imunizar os profissionais da saúde. Embora a unidade seja estadual, a Prefeitura está responsável pela entrega, pelo fato de o hospital ser referência no tratamento da covid. A gestão municipal não justificou o problema.
Na terça-feira, 19, foram entregues as primeiras 200 doses. A expectativa dos médicos do instituto é que a nova remessa chegasse pela manhã de quarta. Mas ninguém foi informado se houve problema de logística. Residentes - são 60 na unidade, no total - vinham cobrando a coordenação sobre os prazos para imunizar a equipe. Por volta das 20h, os profissionais da saúde receberam a informação de que mais 200 doses chegaram e que a imunização continuaria nesta quinta-feira, 21, das 7h às 20h.
O Emílio Ribas é vizinho do HC, onde a enfermeira Mônica Calazans foi primeira pessoa do País a ser imunizada com a Coronavac no domingo, 17, logo após a autorização emergencial de uso do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Hospital das Clínicas já vacinou mais de 9 mil funcionários.
Índia libera exportação da vacina de Oxford para Brasil; envio começará amanhã
NOVA DÉLHI - O governo da Índia liberou a exportação comercial de vacinas contra a covid-19. As primeiras remessas de doses serão enviadas para o Brasil e Marrocos nesta sexta-feira, 22, segundo declaração do secretário de Relações Exteriores do País à agência Reuters. O governo brasileiro aguarda o recebimento de 2 milhões de doses.
LEIA TAMBÉM
Análise: Por que a Índia vai doar doses de vacinas para seus vizinhos antes de vender para o Brasil?
As doses são do imunizante contra o coronavírus desenvolvido pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca e foram fabricadas no Instituto Serum da Índia, o maior produtor de vacinas do mundo e que recebe pedidos de diversos continentes.
O governo indiano havia suspendido a exportação de doses até iniciar a campanha de imunização dentro do país, o que ocorreu no último fim de semana. Logo depois, ele enviou vacinas para países vizinhos, como Butão, Maldivas, Bangladesh, Nepal, Mianmar e o arquipélago de Seicheles.
O secretário de Relações Exteriores do País, Harsh Vardhan Shringla, afirmou que a distribuição comercial do imunizante começará a partir desta sexta-feira, de acordo com o compromisso do primeiro-ministro do País, Narendra Modi, de que a capacidade de produção indiana serviria à toda humanidade para combater a pandemia.
“Eu sigo com essa visão. Nós respondemos positivamente aos pedidos por fornecimento de vacinas feitas na Índia de países de todo o mundo, começando pelos nossos vizinhos”, disse. “O fornecimento de quantidades comercialmente contratadas começará a partir de amanhã, começando pelo Brasil e Marrocos, que serão seguidos pela África do Sul e a Arábia Saudita.”
O governo brasileiro aguarda o envio de 2 milhões de doses de vacinas adquiridas pela Fiocruz. Na semana passada, um avião chegou a ser enviado para buscar o material, mas parou em Recife antes de cruzar o Atlântico, diante da falta de confirmação por parte do governo indiano que o produto seria fornecido.
O Brasil também espera o envio de insumos da China para produzir a vacina no País, que está atrasado. Segundo a embaixa chinesa, serão feitos os"máximos esforços" para conseguir avanços no envio "sob a premissa de garantir saúde e segurança". A matéria-prima é necessária para a produção das vacinas da Fiocruz e do Instituto Butantan.
Com o atraso, a Fiocruz adiou de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca que serão produzidas no Brasil. A mudança deve dificultar ainda mais a execução do plano nacional de imunização contra a covid-19, que já sofre com incertezas quanto à importação dos insumos para a produção da Coronavac.
Na quarta-feira, o Butantan afirmou ter praticamente esgotado a quantidade de insumos para fabricar a vacina Coronavac no Brasil. O órgão ligado ao governo paulista distribuiu o 1º lote, com seis milhões de doses, para começar a imunização no País. Além disso, tem condições de entregar mais 4,8 milhões de unidades. Depois, depende da matéria-prima chinesa para garantir novas remessas. o estadão
Ceará exporta para a Europa cactos sem espinhos produzidos em Paracuru
Espécie genuinamente do Nordeste, uma variação sem espinhos do mandacaru está sendo produzida em larga escala no Estado e exportada ao exterior. Muito usada como item de decoração, a planta ornamental tem tido grande aceitação entre o público pela facilidade de manutenção em ambientes caseiros.
Na última segunda-feira, uma primeira remessa foi enviada à Europa pela NaturAYO, que já fechou acordo para a comercialização do produto nos Estados Unidos nas próximas semanas.
A planta é produzida em larga escala há três anos na fazenda mantida pela empresa, pertencente ao Grupo AYO, em Paracuru. Segundo o grupo, o município do litoral oeste tem clima e solo propícios para o cultivo.
Aceitação no mercado
“O mercado abraçou o produto para ornamentar espaços com muito fluxo ou ambientes domésticos com crianças e pets, agregando mais valor a ele", destaca Thomas Reeves, diretor da NaturAYO.
"Começamos em 2020 esse processo de expansão com o envio de amostras e testes para outros países, processo que foi comprometido pela pandemia e que retomamos agora no início deste ano com uma expectativa bem positiva de chegar a outros mercados", ressalta o diretor. DIARIONORDESTE