Por que esses picaretas não dizem 'não vá porque fulano está com Covid?'
O astrônomo Carl Sagan (1934-1996) escreveu um livro que recomendo se você é uma daquelas pessoas que acredita que existem pessoas com o dom de prever seu futuro —“O Mundo Assombrado pelos Demônios”, editado pela Companhia das Letras. Uma pérola de ceticismo para iniciantes.
Queira dar atenção, por favor, a um detalhe em especial do ensinamento de Carl Sagan. Esse detalhe está ligado ao que ele dizia ser o método do Scooby-Doo: toda vez que você achar que tem algo de sobrenatural agindo em sua vida, no final, arranque a máscara desse agente e você verá um ser humano picareta por detrás dela.
O segredo desse povo que diz saber sobre você e seu futuro é falar coisas com grandes chances de ocorrer e que tornam impossível provar que ele errou. Queria ver um desses picaretas dizer para alguém agora, no meio da pandemia, “vai rolar uma viagem para o exterior”. Frases como “cuidado, tem alguém querendo prejudicar no trabalho” é afirmar que o círculo é redondo. Mas tem tonto que acredita.
A verdade é que esses picaretas nunca predizem o que pode ser provado como falso. Sagan dizia que nenhum dos grandes xamãs espirituais nos ensina nada que não saibamos. Em resumo: o mundo dos espíritos está contido no nosso mundo cultural. Só repete o que já sabemos.
Eles se mantêm numa esfera de afirmações vagas e possíveis, fora da aérea de falseamento, como se fala em epistemologia (teoria da ciência), segundo Karl Popper (1902–1994). Por exemplo, se eu disser daqui de onde escrevo que do seu lado tem uma pessoa que vai pedir um copo de água em dois minutos, você poderá facilmente falsear ou confirmar minha previsão “espiritual”. Meu enunciado é falseável, logo, para Popper e Sagan, tá valendo.
Se você for uma pessoa fácil de ser influenciada, acabará vasculhando sua memória a fim de encontrar algum fato que, mesmo de longe, comprove meu chute.
Uma dúvida me corrói o estômago. Qual? Por que esses picaretas não avisam a você algo assim: “Não vá àquela reuniãozinha de amigos porque fulano —ele deve dizer o nome preciso da pessoa— está positivo para Covid 19, apesar de ele não saber”?
Imagine a revolução epidemiológica que isso causaria? Você já pensou quantas vidas seriam salvas? Como alguém, em sã consciência, ainda pode crer que essas pessoas estejam sendo honestas com elas?
Ou será que alguns desses superdotados seres espirituais não poderiam ter avisado a todos: “Olhe, pessoal, vai rolar um vírus em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, em tal lugar, em tais pessoas, vão lá e impeçam a pandemia”.
Ou não poderiam ter avisado para pessoas que morreram em acidentes de avião “não deixem esse avião decolar porque vai cair!”. Ou dizer para uma menina jovem “cuidado, esse cara que você está saindo vai engravidar você e sumir do mapa”. Ou “não vá por aquela rua porque você será assaltado no farol X”.
São tantos os exemplos que me cansam. E, imagino, cansam você também. Mas não. Esses picaretas do espírito falam coisas como “melhor fazer exames”, principalmente se a pessoa tiver mais de 50 anos, não? Para uma menina de 18, ele dirá “tem um colega na sua escola interessado em você”. Bom, se não tiver pelo menos um, você está ruim mesmo.
Ou “uma oportunidade de trabalho vai aparecer”. Claro, essa adivinhação vai dos 20 aos 60 anos do cliente. Ou “alguém está com problema de saúde na sua família”. Quem não tem alguém com problema de saúde na família?
Ficamos xingando governos e a OMS, mas ninguém toma satisfação desses farsantes que tiram dinheiro das pessoas dizendo que “seu filho perdoa” ou “mamãe, estou bem” —estando já morto.
Aqui vai uma proposta: exijamos de todos esses picaretas espirituais, já que não nos salvaram da pandemia de Covid-19, que nos digam algo de útil: que dia teremos vacinado toda a população do Brasil? #EuQueroaData.
Fim do inquérito: Maia é outra vítima do modo lavajatista de arrasar o país... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/02/26/fim-do-inquerito-maia-e-outra-vitima-do-modo-lavajatista-de-arrasar-o-pais.
Pois é...
A Procuradoria Geral da República pediu ao STF para arquivar o inquérito que investigava se a Odebrecht havia feito repasses irregulares ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e a seu pai, Cesar Maia.
Na Era da Destruição da Política, que preparava o terreno para a ascensão de Bolsonaro, Maia foi um dos acusados pela baciada de delatores da empreiteira. Duvido que tenha havido algo parecido no mundo. Ou que ainda haverá. Seu nome foi parar na boca do sapo das redes sociais, mas ele sobreviveu politicamente, o que foi bom. Resistiu a dois anos de iniquidades do governo Bolsonaro, mantendo a racionalidade necessária na Câmara. No pedido que faz agora de arquivamento, afirma a PGR: "Forçoso reconhecer que a apuração não reuniu até o momento suporte probatório mínimo (justa causa em sentido estrito) que ampare o oferecimento de denúncia. Assim, não havendo lastro probatório mínimo para o oferecimento de denúncia com perspectiva de êxito, justifica-se o arquivamento deste inquérito".
Há um outro inquérito que apura supostas doações irregulares da OAS.
Talvez o país um dia ainda se livre desse flagelo. Delatores caem nas teias da investigação, fazem as acusações e, por um bom tempo, suas palavras viram lei. E os acusados que se virem.
Depois de toda a expiação pública, vem agora uma espécie de "nada consta". Vale dizer: só há a palavra dos delatores, interessados em obter vantagens com a delação. Não há uma miserável prova que evidencie o que disseram.
Tanto melhor, claro!, que seja essa a posição da PGR.
Mas sabemos qual é o custo do modo que as delações assumiram no Brasil. Foi esse método de combate à corrupção que nos empurrou para a lama em que estamos. ** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
O Supremo Tribunal Federal e a (sua) nova modalidade híbrida de prisão
É inegável que o exercício da liberdade de expressão — assim como a imunidade parlamentar — não pode servir de abrigo para a prática de crimes de qualquer natureza, pois, na condição de garantia individual, o direito à liberdade (de expressão) deve sofrer certa temperança a ponto de se acomodar a outras garantias fundamentais de idêntica importância, dispondo o próprio direito de mecanismo de otimização (ponderação).
Estabelecida tal premissa, tem-se que a prisão do deputado federal Daniel Silveira, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no bojo do inquérito (nº 4.781/DF) instaurado para apurar a propagação de notícias fraudulentas, é absolutamente ilegal. E é ilegal não pela ausência violação a direito material, já que na fala postada pelo deputado na plataforma virtual YouTube sobram ataques, ofensas e ameaças contra a honra dos ministros da Suprema Corte, contra as instituições e contra a própria ordem democrática.
Em verdade, a prisão carece de legalidade justamente na sua forma, na medida em que o ministro destaca requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, como garantia da ordem constitucional, conjugados com a ocorrência do estado de flagrância, posto que, em sua visão, "ao postar e permitir a divulgação do referido vídeo, que repiso, permanece disponível nas redes sociais, encontra-se em infração permanente e consequentemente em flagrante delito, o que permite a consumação de sua prisão em flagrante".
Ocorre que, não obstante os ataques tenham sido proferidos através de vídeo publicado na internet, permitindo, assim, que fosse visto, difundido e propagando para seguidores — e não seguidores —, o fato é que o crime se consumou no momento em que Silveira liberou o conteúdo na rede virtual, pouco importando o tempo de sua permanência online, o que a ciência penal classifica como sendo crime instantâneo de efeito permanente.
Ou seja, o crime instantâneo (ainda que com efeito permanente) não se confunde propriamente com o crime permanente, como faz crer a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Enquanto no primeiro a consumação se realiza em momento único, podendo os seus efeitos se prolongarem no tempo, no segundo é a consumação do delito em si que perdura no tempo, e enquanto houver a manutenção da conduta criminosa pode haver a prisão em flagrante do agente.
Com 26% das mortes no mundo, América Latina só aplicou 6% das vacinas contra a Covid-19
Camila Zarur = O GLOBO
RIO — A América Latina e o Caribe são uma das regiões do mundo mais afetadas pela pandemia. Apesar de representar apenas 8% da população mundial, a região registrou 26% das mortes e 18% dos casos da Covid-19. E, ainda que alguns dos países já tenham começado sua campanha de vacinação contra o vírus, a imunização segue a passos lentos e não consegue acompanhar o avanço das contaminações. Das 33 nações, 18 ainda não começaram a imunizar a população ou não têm dados públicos sobre percentual de vacinados.
Pandemia:Casos de Covid-19 e mortes caem globalmente, mas ritmo é diferente em cada país
Ao todo, foram 21 milhões de infecções e mais de 670 mil mortes pela doença na região, sem contar a subnotificação. Junto com os Estados Unidos e o Canadá, o continente americano é o lugar onde mais pessoas se contaminaram e morreram devido à crise sanitária. No entanto, das 227 milhões de doses contra a Covid-19 aplicadas no mundo até sexta-feira, apenas 6%, ou 13,9 milhões, o foram na América Latina e no Caribe.
São poucos os exemplos de campanhas bem-sucedidas. Um deles é o Chile, onde, até o momento, cerca de 16% da população já recebeu a primeira dose da vacina. Usando os imunizantes da Pfizer, da AstraZeneca e da Sinovac, o país pretende imunizar até 75% das pessoas em seis meses — o suficiente para atingir a imunidade necessária à volta da normalidade, segundo apontam especialistas.
Em segundo lugar no ranking, com quase dois dígitos de diferença, está a ilha caribenha de Barbados, que, a cada 100 pessoas, conseguiu vacinar 7. No entanto, nenhuma recebeu a segunda dose da vacina. Em seguida aparece o Brasil, com 2,9% da população vacinada com a primeira dose e 0,7% com a segunda. A maioria dos países latino-americanos e caribenhos, porém, ainda não começou a vacinação ou imunizou um número pouco expressivo de pessoas. Um dos motivos para isso é que as nações de rendas mais baixa ficaram atrás na corrida pelo imunizante, ultrapassadas por países mais ricos que fecharam logo acordos com as farmacêuticas. No entanto, até aqueles que tomaram a dianteira enfrentam dificuldades de produção e entrega das vacinas.
— Mesmo países ricos que compraram muitas vacinas não as estão recebendo, porque alguns tiveram problemas de produção, outro aparentemente compraram mais do que [as farmacêuticas] tinham capacidade de entregar, outros enfrentam problemas com a liberação de exportação — pontuou o subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, em uma entrevista coletiva na semana passada. — Mesmo países que estabeleceram acordos bilaterais estão com dificuldades de receber suas vacinas.
Um dos problemas que adia a entrega das vacinas é a falta de insumos para sua produção. Um exemplo disso é o caso dos 200 milhões de imunizantes da AstraZeneca que serão produzidos em conjunto por Argentina e México. A vacina que já foi produzida está armazenada porque o laboratório mexicano responsável por envasá-la ainda não conseguiu receber frascos e filtros, como mostrou na semana passada o jornal El País.
Muitos países da região conseguiram começar a vacinação por causa de acordos diretos com as farmacêuticas ou devido a pequenas doações. É o caso da ilha de Dominica, que recebeu 70 mil doses da Astrazeneca doadas pelo governo indiano. Suriname começou a vacinar com mil doses que recebeu de Barbados e espera receber outras 50 mil da Índia.
Isso, porém, não é suficiente para a vacinação de 500 milhões de pessoas, ou 76% dos habitantes da região, porcentagem necessária para chegar à imunidade coletiva. Para isso, muitos dos países dependem das vacinas que serão entregues através do consórcio Covax. Iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Aliança para a Vacinação (Gavi) e da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), o Covax tem como meta fornecer imunizantes para ao menos 20% da população de cada país participante. Na região, apenas Cuba, que começou os testes da fase três de sua própria vacina, não faz parte do mecanismo.
— Para países pequenos e de baixa ou média renda, seria muito difícil sem o Covax conseguir negociar com os fabricantes, porque eles sabem que a demanda é muito maior do que a oferta que estaria disponível no curto prazo — explicou o diretor da Gavi, Santiago Cornejo, à rádio americana WLRN.
Qual é o seu lugar na fila da vacina? Veja o teste e descubra
Segundo Cornejo, fazer parte da iniciativa é um caminho para ter acesso às vacinas. Porém, o número de doses e cronograma de entregas estão sujeitos à capacidade de produção das farmacêuticas, assim como ao estabelecimento de acordos de fornecimento entre os produtores, a Opas e a Unicef.
Por causa disso, o Covax já teve que adiar a entrega dos primeiros lotes de imunizante, que estavam previstos para serem enviados entre janeiro e fevereiro. A previsão de agora é que os países latino-americanos e do Caribe recebam em março as cerca de 35 milhões de doses destinadas à região nesta primeira etapa.
Segundo Barbosa, na primeira leva de vacinas a serem entregues, os países devem receber uma quantidade de doses equivalente a 2,2% a 2,6% de sua população. As exceções serão as nações muito pequenas, que vão receber uma quantidade proporcional maior, entre 16% e 20%, já que o envio de pequenas quantidades do imunizante sairia mais caro. O subdiretor da Opas, no entanto, é direto:
— Vamos ser muito claros, há uma quantidade limitada. Quanto mais acordos bilaterais são feitos, a disponibilidade começa a diminuir. O Covax é uma vitória muito importante para o mundo e deve ser fortalecido — ressalta Barbosa, que também afirma: — O prazo de entrega não é uma decisão, é uma realidade do mercado. Depende de uma negociação muito dura com todos os produtores sobre a quantidade que está disponível e como as vacinas serão transportadas do produtor para cada país.
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Prioridade global
Enquanto os países da região não conseguem acelerar a vacinação, o coronavírus continua a avançar. Ainda que a OMS aponte uma redução considerável de casos da doença no continente americano na última semana, essa tendência é puxada pelos Estados Unidos, que agilizou sua campanha de imunização e endureceu as medidas para conter o vírus. Na América Latina e no Caribe, o cenário da pandemia é misto.
O Uruguai, que começará a vacina nesta segunda-feira, reduziu drasticamente os casos ao adotar restrições mais rígidas e fechar fronteiras. Porém, países como Peru, Barbados, Santa Lúcia e São Vicente e Granadina vem registrando um aumento crescente de novas infecções, como também é o caso do Brasil.
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A diretora da Opas, Carissa Etienne, afirmou que, devido à alta de casos, o acesso regional às vacinas deve ser uma “prioridade global”.
— O poder de salvar vidas das vacinas não deve ser um privilégio de poucos, mas um direito de todos, especialmente dos países sob maior risco como os das Américas, que continuam sendo o epicentro da pandemia. Nossa região precisa de vacinas o mais rápido possível e o máximo possível para salvar vidas — declarou Etienne. — É por isso que pedimos à comunidade global que faça da vacinação contra a Covid-19 nas Américas uma prioridade global, pois é onde a necessidade e o risco são maiores.
“Fura-filas”
Além da escassez de vacinas e dos gargalos de distribuição, a América Latina e o Caribe enfrentam outro problema para ter uma imunização eficaz: os fura-filas, pessoas que são vacinadas antes dos grupos prioritários e, às vezes, antes mesmo do início da campanha.
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Na Argentina, os “fura-filas” levaram à renúncia do ministro da Saúde, Ginés Gonzáles García, depois que foi revelado um esquema apelidado de “vacinação VIP”, onde pessoas eram imunizadas antes graças a seus bons contatos com os altos escalões do governo. No Peru, o escândalo começou ao descobrirem que o ex-presidente Martín Vizcarra e sua mulher tomaram de forma secreta a vacina da Sinopharm, enviada para a fase três de testes realizada no país, antes dele ser afastado do cargo, em setembro.
Em alguns países, o esquema é mais explícito, e autoridades puderam receber as vacinas antes dos grupos prioritários de maneira oficial. Em Dominica, o presidente, Charles Savarin, e a primeira-dama, Clara Savarin, junto com outros membros do governo, foram vacinados no dia 12 de fevereiro — 10 dias antes do início da vacinação começar.
Em Santa Lúcia, o primeiro-ministro, Allen Chastanet, e sua mulher, Raquel Du Boulay-Chastanet, tomaram suas doses da AstraZeneca logo no primeiro dia da campanha de vacinação, no dia 17 deste mês. OBS: SIBATE FICA NA COLOMBIA
Amazônia-1, primeiro satélite '100% brasileiro', é lançado ao espaço
SÃO PAULO — O Amazônia-1, primeiro satélite "100% brasileiro", foi lançado ao espaço à 1h54 deste domingo (horário de Brasília) no Satish Dhawan Space Centre, em Sriharikota, na Índia. Com investimento estimado em cerca de R$ 400 milhões, o equipamento foi o primeiro projetado, integrado, testado e operado exclusivamente pelo país, e vai se juntar à família Cbers, os satélites de sensoriamento remoto feitos em parceria com a China.
O satélite integra a Missão Amazônia, criada para fornecer dados sobre sensoriamento remoto para monitorar o desmatamento dos biomas brasileiros, sobretudo a floresta amazônica. Com 6 quilômetros de fios e 14 mil conexões elétricas, o equipamento é capaz de observar uma faixa de aproximadamente 850 km, com 64 metros de resolução.
O Amazônia-1 tem quatro anos de vida útil. A Missão Amazônia prevê o lançamento de mais dois satélites, o Amazônia-1B e o Amazônia-2. Os dados serão enviados à base espacial de Alcântara (MA), Cuiabá (MT) e Cachoeira Paulista (SP) — na última, a partir de uma coordenação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos.
O lançamento do satélite foi acompanhado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, em Sriharikota, na Índia. Pontes, que está no país asiático desde terça-feira, aproveitou a viagem para reunir-se com o Conselho Indiano de Pesquisa Médica, órgão estatal responsável pela estratégia de combate à Covid-19, e comandou negociações para compartilhamento de estratégias sobre prevenção, tratamento e vacinação contra a pandemia.
Saiba mais: Acordo sobre uso da base de Alcântara pelos EUA foi modificado para vencer resistências
Um satélite com tecnologia 100% nacional é um sonho antigo do governo federal. Começou a ser idealizado em 2009 pelo Inpe, com a esperança que o Brasil pudesse reduzir sua dependência de imagens de satélites estrangeiros já em 2011, data prevista de seu primeiro lançamento. Porém, seu desenvolvimento demorou mais do que o inicialmente previsto. O GLOBO
Em meio a ameaça de colapso, Bolsonaro minimiza falta de leitos: 'saúde sempre teve problemas'
Daniel Gullino / o globo
BRASÍLIA — No pior momento da pandemia de Covid-19 no Brasil, com recorde de mortos e a um ameaça de colapso no sistema de saúde de diversos estados, o presidente Jair Bolsonaro minimizou neste domingo a falta de leitos, dizendo que "a saúde no Brasil sempre teve seus problemas". Para Bolsonaro, a situação não é justificativa para fechar o comércio, medida que tem sido adotada por governadores para diminuir o contágio do novo coronavírus.
Ao menos treze estados brasileiros estavam com taxas de internação por Covid-19 acima de 80% nas UTIs da rede pública na sexta -feira, segundo levantamento realizado pelo GLOBO a partir de informações das secretarias estaduais de saúde.
A situação ocorre no mesmo momento em que o Brasil registra recordes de mortos: a média móvel ficou em 1.180 mortes no sábado, a maior desde o início da pandemia. Os recordes anteriores já haviam sido batidos nessa semana, na quarta e depois na quinta-feira.
"A saúde no Brasil sempre teve seus problemas. A falta de UTIs era um deles e certamente um dos piores", escreveu Bolsonaro em sua conta no Facebook na manhã deste domingo, compartilhando uma reportagem do G1 de 2015 sobre falta de leitos no Brasil e questionando o que ocorreu naquele período.
Em seguida, o presidente acrescentou que "HOJE, ao FECHAREM O COMÉRCIO e novamente te obrigar a FICAR EM CASA, vem o DESEMPREGO EM MASSA com consequências desastrosas para todo o Brasil".
Na noite de domingo, Bolsonaro já havia compartilhado um vídeo de uma empresária do Distrito Federal criticando o fechamento do comércio determinado pelo governador Ibaneis.
Saúde pediu dinheiro para leitos
Na quarta-feira, Bolsonaro editou uma medida provisória (MP) liberando R$ 2,8 bilhões para o Ministério da Saúde. Como o GLOBO revelou no início do mês, o dinheiro será usado principalmente para aumentar a quantidade de leitos de UTI contra a Covid-19 e conseguir pagar por 11 mil unidades até março, além de outros gastos para combater a pandemia.
Primeiro, a pasta solicitou R$ 5,2 bilhões para seis meses. Depois, pediu R$ 2,8 bilhões para três meses, valor que agora foi liberado.
A maior parte dos recursos — R$ 1 bilhão — será destinada para pagar leitos de UTI contra Covid-19, de acordo com documento obtido pelo GLOBO. A intenção é ter habilitados 8.545 leitos em fevereiro e subir esse número para 11 mil leitos em março. A Saúde diz que paga R$ 1,6 mil por dia por cada leito. A pasta não explica em quais estados ou cidades essas unidades serão instaladas.
Secretários de Saúde dos estados que se vêem às voltas com alta ocupação de leitos por conta da segunda onda da pandemia no país têm reclamado nas últimas semanas que o número de leitos habilitados para a doença com custeio do governo federal vem caindo desde o fim do ano passado.